Por Vinícius Araújo
Fotos: Betho Satierf
Domingo, 4 de fevereiro, véspera de carnaval no bairro da Lapa, centro do Rio de Janeiro. Enquanto centenas de foliões comemoram o pré-carnaval em blocos, algumas centenas de malucos se dirigiram para o tradicional Circo Voador, onde aconteceria o festival “Punk in Rio”, uma realização da produtora Sensacional.
Os portões foram abertos às 17h, conforme anunciado, porém após a abertura dos portões uma chuva torrencial desabou sobre a cidade do Rio de Janeiro. Com isso, diversos espectadores procuraram abrigo nos Arcos da Lapa, ou, no caso dos que já estavam dentro do Circo, abrigo na área destinada ao merch das bandas ou na lona do local.
Às 18h15 a banda carioca Korja subiu ao palco com um Circo Voador relativamente vazio, não só pelo fato de ser uma banda de abertura, mas por ter o agravante da chuva, que tinha diminuído no entorno do bairro da Lapa mas que em outras partes da cidade ainda castigava o carioca. A Korja toca o que eles mesmos chamam de “punk rock canábico”, ou seja, punk rock com letras que giram ao redor da erva. Bem, ter o baterista Bacalhau (ex-Planet Hemp) em sua formação não é um mero acaso.
Instrumentalmente falando, o som lembra muito o punk raiz de bandas como Ramones e The Misfits, porém em alguns momentos me lembrou o hardcore que o Planet Hemp fazia nos momentos mais intensos. Faixas como “Gogo Colorado”, “Taca Fogo na Bomba” e o cover do Bezerra da Silva, “Semente”, agitaram o público presente e certamente a banda angariou novos fãs.
Próximo das 18h50, a banda Asfixia Social (SP) entrou em cena e confesso que não conhecia o som. Devido ao nome, achei que se tratava de uma banda de hardcore de protesto, mas ao ver dois membros com um naipe de metais, sendo que um deles com um boné do Brujeria, eu já imaginei que algo diferente estava por vir. O que pude conferir foi um som que é uma mistura de hardcore/ska/reggae/punk rock e hip-hop; o tipo de mistura que se ouvia bastante na primeira metade dos anos 90 em bandas como o já citado Planet Hemp, Anjo dos Becos, O Rappa, Acabou La Tequila, Skamoondongos e nos momentos mais pesados peguei umas pitadas de Pavilhão 9 e Dead Kennedys.
Realmente é uma mistureba, mas todos os membros são ótimos instrumentistas e o show cativou o público, que neste momento já era um pouco maior e em diversos momentos era possível ver Les Doherty do The Varukers na lateral do palco, curtindo o show, batendo a cabeça e o pé.
E por falar em The Varukers, às 19h51 as lendas do hardcore britânico sobem ao palco e mandam logo de cara às clássicas “Led To The Slaughter” e “Die For Your Government”, o que foi o bastante para que as pessoas que estivessem do lado de fora da lona do Circo Voador retornassem. O local, a esta altura, estava um verdadeiro pandemônio tamanha a quantidade de rodas e stage divings. Impossível não assistir a um show do The Varukers e não perceber algumas semelhanças na postura de palco do vocalista Rat e do folclórico João Gordo, do Ratos de Porão. Por sinal, nas faixas “Deadly Games” e “I Don’t Wanna Be a Victim”, era possível ver JG na lateral do palco, cantando a plenos pulmões!
O setlist foi repleto de clássicos como “March of the S.A.S.” e “Soldier Boy”. Já próximo do fim do show, Jão e João Gordo, do R.D.P., subiram ao palco para uma participação no hino “Protest to Survive”, sendo que, Gordo dividiu os vocais com Rat e Jão pegou o baixo de Les Doherty. Um momento único… O encerramento veio com “Endless Destruction Line” e “Genocide”, ambas do álbum “Murder”, de 1998.
Mal houve tempo para se recuperar do show do The Varukers e às 21h04 o Ratos de Porão, que está comemorando 30 anos do injustiçado álbum “Just Another Crime… in Massacreland”, sobe ao palco e manda logo de cara “Satanic Bullshit” e, na sequência, “Bad Trip”, duas faixas do citado álbum. Pausa de uns segundos para a banda e público pegarem um pouco de fôlego e então mais duas pauladas com “Amazônia Nunca Mais” e “Farsa Nacionalista”. O Circo Voador já é praticamente a casa do R.D.P. no Rio, pois todos os shows são lotados, caóticos, brutais e a simbiose de banda e público chega a ser algo lindo de se presenciar.
O restante do setlist foi um mix de faixas de toda a carreira da banda e não faltaram clássicos como “Morte ao Rei”, “Crianças sem Futuro”, “Crucificados pelo Sistema”, “Aids, Pop, Repressão” e mais algumas de “Just Another Crime…”, como “Video Macumba”, que não estava no set original e rolou a pedidos da galera… E foi um verdadeiro pandemônio! A banda encerra com a clássica “Crise Geral” e, mais uma vez, prova que o R.D.P. é uma das melhores bandas ao vivo e que o Circo Voador é sempre uma ótima opção para shows de som porrada.
Korja – Setlist:
Rei da Bomgada
Rambrands Glory
Dá Tempo de Fumar Um
Brahma
Teto Preto
Go Go Colorado
THC
Taca Fogo na Bomba
Semente (Cover Bezerra da Silva)
Tá na Mente
Semente Saquarema
Aperta um pra Mim
Punk Rock Maconheiro
Asfixia Social – Setlist:
Intro – Da Rua pra Rua
Consumismo Cerebral
Medley (Opressor / A Banca / À Prova de Bala)
Traffic Lights
Do Começo ao Fim
Sistema de Soma
Revelação
Raízes Fortes
Electromagnetic
911
The Varukers – Setlist:
Led to the Slaughter
Die For Your Government
Murder
Fucked It Up Again
Tortured By Their Lies
Nothings Changed / Massacred Millions
Nowhere To Go
Deadly Games
I Don’t Wanna Be a Victim
Damned and Defiant
No Masters No Slaves
Thanks for Nothing
The Last War
Another Religion Another War
March of the S.A.S.
All Systems Fail
Soldier Boy
Protest to Survive
Endless Destruction Line
Genocide
Ratos de Porão – Setlist:
Satanic Bullshit
Bad Trip
Amazônia Nunca Mais
Farsa Nacionalista
Morte ao Rei
Ignorância
Lei do Silêncio
Alerta Antifacista
Aglomeração
Morrer
Mad Society
Crianças sem Futuro
Crucificados pelo Sistema
VCDMSA
Descanse em Paz
Caos
Suposicollor
Quando Ci Vuole Ci Vuole
Breaking All the Rules (Peter Frampton Cover)
Video Macumba
Aids, Pop, Repressão
Beber até Morrer
Crocodila
Sofrer
Crise Geral
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