Por Guilherme Góes
Fotos: André Santos e Assessoria Lollapalooza
Já é tradição. Durante um final de semana inteiro, próximo ao encerramento do primeiro trimestre do ano, o Autódromo de Interlagos se transforma no cenário do Festival Lollapalooza, atraindo centenas de milhares de pessoas em busca de entretenimento, tecnologia e, é claro, shows de alguns dos maiores nomes da música mundial.
Nos dias 22, 23 e 24, a 10ª edição do espetáculo na maior metrópole da América do Sul presenteou o público com um lineup memorável. O destaque foi a tão esperada apresentação da banda norte-americana Blink-182, que fez sua estreia no Brasil após 30 anos de carreira. Além disso, o evento contou com shows de outros grupos e artistas expressivos, como SZA, Sam Smith, The Offspring, Xamã, Luísa Sonza, Titãs, Limp Bizkit, 30 Seconds To Mars e muito mais.
Histórico
O Lollapalooza teve seu início em 1991, nos Estados Unidos, criado pelo vocalista da banda Jane’s Addiction, Perry Farrell. Inicialmente, o festival foi concebido como uma turnê de despedida para a banda, mas acabou se transformando em um dos eventos mais importantes da cena musical alternativa da época. O termo “Lollapalooza” originalmente se refere a algo extraordinário ou impressionante, e isso certamente se reflete em sua natureza diversificada e inclusiva.
Atualmente, o evento é realizado em diversos países ao redor do mundo, incluindo Brasil, Estados Unidos, Argentina, Chile, França e Suécia. O espetáculo é conhecido por reunir diversos estilos musicais, que vão desde o rock e pop até o hip-hop, eletrônica e indie. Além das apresentações musicais, o Lollapalooza oferece uma ampla gama de experiências, que vão desde exposições de arte até opções gastronômicas variadas, passando por tecnologia de ponta e entretenimento interativo.
No Brasil, a estreia da marca ocorreu em 2012, na Chácara do Jockey, um marco que coincidiu com o crescimento econômico do país e maior distribuição de renda, o que ampliou o acesso ao entretenimento para a população. A popularização da internet também desempenhou um papel fundamental, facilitando a divulgação de artistas independentes e impulsionando o interesse do público por grandes espetáculos. Em 2014, o evento mudou-se para o Autódromo de Interlagos, onde permanece como local da festa desde então. Durante seus 12 anos de presença no Brasil, o festival sediou sets de mais de 500 grupos e artistas, atraindo mais de 2 milhões de pessoas.
Lollapalooza além dos shows
Assim como tem sido observado em diversos festivais sediados em São Paulo nos últimos tempos, a influência do Lollapalooza não se restringiu apenas ao local do evento, estendendo-se aos bairros próximos e até mesmo ao sistema de transporte da cidade. Durante os três dias do espetáculo, foram disponibilizados trens expressos exclusivos na “Linha 9-Esmeralda”, proporcionando transporte direto até a estação “Autódromo”. Além disso, os vagões foram decorados com artes exclusivas dos patrocinadores Samsung e Bradesco, em adesivos que adicionaram uma atmosfera psicodélica, complementando a vibe do evento.
Dentro do Autódromo, os fãs foram recebidos com uma ampla gama de atividades interativas nos estandes dos diversos patrocinadores. O Espaço Budweiser animava a galera com um set de DJ exclusivo, proporcionando uma pausa para uma cerveja gelada, além de oferecer uma vista privilegiada do palco principal. Seguindo a mesma linha, o Coke Studio apresentou uma infraestrutura de alta qualidade, digna de fazer inveja a alguns dos principais clubes de São Paulo, tornando-se uma atração por si só, com DJs que tocavam playlists focadas em funk, pop contemporâneo nacional e grandes sucessos das décadas de 2000-2010. A Vivo celebrou a cultura negra com um espaço equipado com máquinas do game “Dance Dance Revolution”, convidando o público a dançar ao som de rap e hip hop.
O estande da Bold oferecia uma ampla variedade de produtos da marca, incluindo barras energéticas, e realizava sorteios de brindes. O Bradesco montou diversos pontos de distribuição de água, garantindo a hidratação e segurança de todos os presentes. Enquanto isso, o McDonald ‘s providenciava alimentação para os participantes com versões reduzidas de seus itens de menu, além de estandes com pacotes de batata frita, oferecendo um cardápio simplificado.
Além disso, houve espaço para campanhas de cunho social em parceria com ONGs como Greenpeace, TETO e Ampara, proporcionando uma oportunidade para os participantes se envolverem em causas importantes durante o festival.
Rock, punk e hardcore no Autódromo de Interlagos
O pontapé inicial do Lollapalooza Brasil 2024 ficou a cargo da banda paulistana Rancore. Mesmo com a tentativa de São Pedro de frustrar as expectativas dos fãs ansiosos com uma garoa intensa, após uma semana marcada por calor intenso, o público não se deixou abalar, ocupando a pista do Palco Budweiser às 12h45 em um número relativamente expressivo. Após um hiato de seis longos anos, o Rancore fez um retorno triunfante aos palcos no Oxigênio Festival 2023 e agora embarca em uma extensa turnê pelo país. Durante o set, o vocalista Teco Martins incentivou o público a se entregar ao mosh, dançar e soltar gritos apaixonados. Com sucessos como “Mãe” e “Jeito Livre”, além de faixas mais hardcore como “Quarto Escuro”, a forte presença do grupo justificou plenamente o enorme hype em torno da hashtag #VoltarRancore, que mobilizou as redes sociais por mais de meia década.
Marcelo D2, também conhecido por seu trabalho como vocalista do grupo Planet Hemp, trouxe toda sua vasta bagagem cultural, marcada pela influência de diversos estilos, para o Palco Alternativo. Com seus músicos dispostos em uma dinâmica de roda de samba tradicional e o cenário adornado com elementos das religiões de matriz africana, como o Candomblé, o músico apresentou um repertório centrado em seu recente disco “Iboru” (2023), destacando faixas como “Até Clarear”, “Tambor de Aço” e “Povo de Fé”. Durante “Saravá”, houve uma singela homenagem ao punk rock, com a animação de um moshpit em um show de hardcore. Igualmente, a cultura do skateboarding também foi reverenciada com imagens projetadas no telão durante “1967”. Marcelo também prestou homenagem a alguns de seus ídolos do samba e pagode com covers de “Maneiras” (Zeca Pagodinho), “Água de chuva no mar” (Beth Carvalho), “Castelo de 1 Quarto Só” (Renato da Rocinha) e “Zé do Caroço” (Leci Brandão). Sem dúvida, essa mistura de punk, samba, skateboarding, pagode e hip hop em um mesmo set apenas reforçou D2 como uma das figuras mais talentosas da música brasileira.
De volta ao Palco Budweiser, coube ao The Offspring, um dos nomes mais expressivos da primeira onda do punk melódico, animar a plateia ansiosa pelo Blink-182. Sem espaço para b-sides, o grupo entregou um repertório composto apenas por seus principais hits dos álbuns “Smash” (1994) e “Americana” (2000), sem passar por nenhuma faixa do recente “Let the Bad Times Roll” (2021). O show começou de forma explosiva com “Come Out And Play”, seguida pelo vocalista Dexter Holland dominando a cena em “All I Want”.
Em seguida, uma seleção sólida de faixas com riffs rápidos e batidas animadas como “Want You Bad”, “Staring At The Sun”, “Original Prankster”, “Bad Habits” e até um cover de “Blitzkrieg Bop” (Ramones) proporcionaram a trilha sonora para os fãs que se entregavam às rodas punks sob uma chuva intensa. Ao observar a dedicação de seus seguidores, o guitarrista Noodles comentou que aquele estava sendo o “melhor show que já havia feito” e que estava testemunhando o “momento mais importante para a história da música”.
Na sequência, os rapazes saíram do punk total e decidiram focar em faixas pop punk que os colocaram no topo das paradas musicais, como “Why Don’t You Get a Job?”, “Pretty Fly (for a White Guy)”, “The Kids Aren’t Alright” e um bis com “You’re Gonna Go Far, Kid” e “Self Esteem”. Neste bloco, vale destacar a maior presença de artes visuais decorando a apresentação. A escolha da organização do Lollapalooza foi certeira, já que, assim como o Blink-182, The Offspring dominou a grande mídia durante o auge do movimento punk rock no final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Pontualmente às 21h30, as luzes do Palco Budweiser se apagaram e o logo do Blink-182 começou a se formar no telão de LED ao som de “Also sprach Zarathustra, op. 30”, anunciando que a espera de mais de 30 anos finalmente havia chegado ao fim. Após o término da introdução, Tom DeLonge, Mark Hoppus e Travis Barker surgiram no cenário e deram início ao set com “Anthem Part 2”, seguida por “The Rock Show”, enfeitada pelas cores verde, amarelo e vermelho que marcam a arte do álbum “Take Off Your Pants and Jacket” (2003), concretizando o que muitos consideravam impossível – uma apresentação dos três punk rockers de San Diego em terras tupiniquins.
Uma animação no formato de karaokê em “Family Reunion” marcou o início das piadas obscenas presentes nos shows da banda desde o início da carreira. Ainda no clima de zoeira, Tom anunciou o hit “Feeling This”, comentando algo como “essa música é sobre, vocês sabem, fuder, sexo e afins”. Aqui, uma animação alucinante com o cenário do videoclipe do single complementou a experiência.
Travis, menos envolvido nas brincadeiras, preferiu se expressar por meio de sua proficiência. O baterista, reconhecido como um dos melhores do mundo, entregou um solo visceral, que se desdobrou nas batidas iniciais de “Violence”. Mark Hoppus e Tom Delonge logo voltaram aos holofotes, trocando insultos de brincadeira sobre suas mães em “Up All Night” e “Reckless Abandon”. No entanto, o talento excepcional de Travis foi novamente o destaque em “Dumpweed”, mostrando que ele ainda é capaz de executar músicas rápidas e comandar viradas complexas, tendo “envelhecido como um bom vinho” ao aprimorar suas habilidades técnicas.
Depois do término do lado B de “Enema of the State” (1999), o trio decidiu passar por sua fase mais recente com três músicas de “One More Time…” (2023). “More Than You Know” foi acompanhada por uma animação curiosa de um médico aplicando um tratamento intitulado “cura punk” em um paciente, tratando o envolvimento com a tribo urbana como um transtorno psiquiátrico. Já “Dance With Me” levou o público a cantar o refrão “Olé, Olé, Olé” a plenos pulmões, gerando um dos maiores momentos de interação da noite. Voltando aos clássicos, “Alien Exists” contou com uma das decorações mais impressionantes de todo o set, com lasers de última geração e projeções de UFOs no telão de LED do palco.
Em um momento de descontração, Travis liderou a curta e acelerada “Fuck Face”. Já “Happy Holidays, You Bastard” deu espaço para que Tom e Mark voltassem a trocar insultos. “Essa é uma música emo. Agora é hora de mostrar para suas mães que não foi só uma fase. Essa é uma música para mostrar que vocês ainda amam My Chemical Romance e Gerard Way”, brincou Mark antes de dedilhar a introdução de “Stay Together For The Kids”. Assim, o grupo iniciou a reta final do set, que contou apenas com hits como “Down”, “What’s My Age Again?”, “First Date”, “I Miss You” (com o público cantando mais alto do que os próprios integrantes) e “Dammit”, onde foi possível visualizar o público acendendo sinalizadores dentro do moshpit. Até mesmo o single “Bored To Death”, do álbum controverso “California” (2015), onde Matt Skiba assume os vocais enquanto Tom se envolve em outros projetos fora da música, teve destaque.
Após um breve bis, os rapazes retornaram ao cenário para encerrar a noite com “One More Time”, presenteando os fãs com uma belíssima animação que relembrou os principais videoclipes do grupo e apresentações marcantes, como o lendário show em Daytona Beach, em 2000, e uma participação no programa “MTV TRL”. Antes de sair do palco, Tom se despediu dos fãs no Lollapalooza em lágrimas, resultando em uma cena que viralizou nas redes sociais.
Apesar das críticas às piadas realizadas por Mark e Tom, consideradas machistas por alguns, a performance foi impecável. O trio destacou um setlist preciso, repleto de seus maiores sucessos, demonstrando profissionalismo técnico e apresentando efeitos visuais impressionantes. Certamente, a espera de mais de três décadas valeu a pena.
Sábado (2º dia)
No sábado (23), o segundo dia do Lollapalooza Brasil 2024, o público se deparou com um desafio que se tornou marca registrada desta edição do evento: o lamaçal que tomou conta do Autódromo de Interlagos. Devido à chuva intensa na madrugada de sexta-feira, o local se transformou em um verdadeiro barreiro, dificultando a locomoção dos fãs entre os palcos. Além disso, diversos acidentes foram registrados, e vídeos de pessoas escorregando tomaram conta das redes sociais. Felizmente, não houve relatos de incidentes graves.
Menos de um ano após uma apresentação sold out na casa de espetáculos Audio, o grupo americano Pierce The Veil retornou à capital paulista, levando seu post-hardcore ao Palco Alternativo. Infelizmente, a experiência geral foi prejudicada por falhas no som, tornando o set praticamente inaudível em alguns momentos para quem estava posicionado no lado esquerdo da pista, especialmente mais ao fundo. Assim como no passado, o conjunto liderado pelo carismático vocalista Vic Fuentes concentrou-se em um setlist com músicas do elogiado álbum “The Jaws of Life” (2023), como “Death of an Executioner”, “Emergency Contact” e o single “Pass The Nirvana”, mas o repertório também contou com alguns dos hits que conquistaram a tribo urbana From UK, uma versão brasileira do estilo europeu/norte-americano conhecido como Scene Kids, incluindo “Caraphernelia” e “King for a Day”.
O show seguiu a mesma dinâmica do evento do ano anterior, com o uso excessivo de máquinas de fumaça, explosões de papel picado e a participação de uma fã durante “Hold On Till May”. Apesar da frustração causada pelos problemas de som, foi interessante ver uma das bandas que realizaram um dos melhores shows do ano passado se apresentar para um público muito maior.
Em meados dos anos 2000, o 30 Seconds To Mars conquistou popularidade graças aos seus videoclipes bem produzidos, que se assemelham a produções hollywoodianas. Até hoje, cada lançamento do grupo é aguardado com grande ansiedade, pois é quase garantido que um trabalho de alta qualidade está a caminho. Felizmente, essa competência também se estende às suas apresentações ao vivo. No Palco Budweiser, o show começou com uma contagem regressiva de um minuto, que travou ao alcançar 30 segundos. Logo em seguida, Jared Leto e sua banda deram início ao espetáculo com “Up in the Air”, destacando a sonoridade pop e extremamente competente com elementos eletrônicos presentes no álbum “Love Lust Faith + Dreams” (2013). Embora estivessem no início, próximo ao final da música, Jared pediu ao público para abaixar e se levantar apenas sob seu comando, gerando uma onda de corpos em movimento (em 2022, durante o Knotfest, essa interação foi amplamente explorada por bandas como Trivium, Bring Me The Horizon e Slipknot).
“Kings and Queens” e “This Is War” contaram com uma excelente participação da plateia, entoando coros “ôôô” de forma ensurdecedora, além de explosões de fogos de artifício. Impressionado com a reação da multidão, Jared convidou alguns fãs para subirem ao palco durante “Rescue Me”. Com o público hipnotizado pelo excesso de cores, flashes e explosões no cenário, além do carisma incomparável do vocalista, o ápice do show chegou com “Walk on Water”, quando o jogador Marcelo (ex-seleção brasileira e atualmente no Fluminense) foi convidado para participar. A cena do atleta não se limitou apenas à sua presença, já que ele também tocou o bumbo junto com o restante da banda.
Após declarar que o Brasil possui “a melhor audiência do mundo” (um gesto cortês comum em todos os países onde toca, embora possa ser verdade, considerando que essa foi a sexta apresentação do 30 Seconds To Mars por aqui), Jared continuou o show com “Attack” e “The Kill (Bury Me)”, dois verdadeiros hinos que marcaram a cena emo dos anos 2000. Como de costume, o vocalista convidou dezenas de fãs para participarem de “Closer to the Edge” (geralmente, os músicos permitem acesso total ao palco durante esta música, mas, devido a questões de segurança e à altura e distância do palco, o número de participantes foi reduzido), encerrando a apresentação de forma brilhante.
30 Seconds To Mars entregou um espetáculo repleto de elementos que, embora possam parecer clichês em alguns aspectos, foram elevados a um novo nível graças ao carisma de Jared Leto e ao uso impressionante de tecnologia e efeitos especiais.
De volta ao Palco Samsung Galaxy, foi a vez da atração mais pesada de todo o lineup do festival: a banda de Nu-metal Limp Bizkit, comandada pelo polêmico e controverso Fred Durst. Assim como o The Offspring no dia anterior, o grupo não brincou em serviço e focou em um repertório composto apenas por seus principais hits. Ao iniciar com o estrondoso “Break Stuff”, o guitarrista Wes Borland conseguiu mudar a atmosfera do local, com centenas de pessoas abrindo moshpits no terreno enlameado sem nenhum receio, criando uma cena sem igual. “Hot Dog”, “Take A Look Around” e “Rollin’ (Air Raid Vehicle)” seguiram, com destaque para a performance e presença de Fred, que, apesar da idade, ainda é capaz de alternar com perfeição entre rimas do hip hop e tons mais extremos. Notavelmente, o vocalista agora adota uma postura mais acessível no palco, interagindo constantemente com a plateia e dançando ao som de faixas que preenchem o espaço entre as canções, como “Proud Mary” (Creedence Clearwater Revival), “Purple Rain” (Prince), “Walk” (Pantera) e outras.
Infelizmente, a partir de “My Generation”, o microfone do vocalista começou a apresentar falhas, cortando sua voz em certos momentos e exigindo trocas de equipamentos repetidas vezes. Em um momento frustrante, Durst arremessou um microfone danificado na plateia, que foi disputado quase a tapas pelos fãs.
O cover de “Behind Blue Eyes” (The Who) foi praticamente entregue para a plateia cantar a plenos pulmões, contando até com uma breve participação de Wes nos vocais. Após o hit emotivo (que foi até trilha sonora de novela teen da emissora Rede Globo), a agressividade voltou com “Nookie”, “Boiler” e “Break Stuff” mais uma vez.
Em uma era onde a música muitas vezes é relegada a segundo plano em shows, sendo “coadjuvante” dos efeitos especiais, Limp Bizkit entregou exatamente o que os verdadeiros fãs de música pesada desejam em uma apresentação ao vivo – composições agressivas executadas com profissionalismo.
Domingo (3º dia)
A terceira data do Lollapalooza Brasil 2024 (24) apresentou um lineup mais pop em comparação com os dias anteriores, destacando como atrações principais o britânico Sam Smith, a cantora SZA, além de outras figuras populares da música nacional, como Rael, Gilberto Gil, Hungria e Céu.
Na tentativa de lidar com a questão da lama, os staffs instalaram pisos de borracha em diversos pontos do autódromo. No entanto, essa medida não foi muito eficaz, e o público continuou enfrentando problemas para circular entre as atrações.
Entre os destaques de grupos de rock, vale mencionar o set do Dayglow, projeto indie liderado por Sloan Struble, um jovem de apenas 24 anos. O rapaz e seus músicos de apoio apresentaram músicas dos discos “Fuzzybrain” (2018), “Harmony House” (2021) e “People In Motion” (2022), conquistando a atenção do público no Palco Samsung Galaxy. Extremamente simpático, Sloan expressou gratidão várias vezes pelo respeito dos fãs e comentou que tocar no Brasil era a realização de um sonho. Ele é indiscutivelmente um nome muito talentoso e cativante da música atual, que certamente agitará a cena com seus próximos lançamentos.
No Palco Budweiser, o Nothing But Thieves realizou sua segunda apresentação em solo brasileiro. Contando com uma decoração psicodélica retratando a Catedral de Brasília e exibindo um som eletrônico que inclui pequenas passagens de Metalcore atual, o grupo britânico atraiu um público majoritariamente adolescente, resultando em momentos quase de Beatlemania. Alcançando notas extremamente altas nas faixas “Is Everybody Going Crazy?”, “Oh No :: He Said What?”, “Amsterdam” e muitas outras, Conor Mason mostrou por que é considerado um dos melhores vocalistas da atualidade.
O encerramento do Lollapalooza Brasil 2024 ficou nas mãos do Greta Van Fleet, banda que já havia se apresentado no Brasil em 2022 como o ato de abertura para o Metallica. Com uma sonoridade fortemente influenciada pelo hard rock dos anos 70 (sim, Led Zeppelin), os membros do grupo se esforçaram para manter o público engajado. No entanto, era evidente o cansaço físico da plateia, que reagiu de forma morna ao set. Talvez os talentosos jovens de Detroit encontrem uma recepção mais calorosa em uma próxima edição do evento.
Em sua 10ª edição realizada em São Paulo, o Lollapalooza enfrentou diversas falhas, especialmente relacionadas às condições do terreno e problemas no som que marcaram algumas apresentações. No entanto, o evento ainda foi capaz de proporcionar uma experiência memorável, destacando-se pela presença de artistas renomados e pela variedade de atividades oferecidas. Sem dúvida, a festa idealizada por Perry Farrell continua sendo um dos maiores espetáculos do mundo.