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VAN CANTO: REENCONTRANDO A FONTE DO SEU PODER

Por Valtemir Amler

Para aqueles que se aventuram no mundo do heavy metal, às vezes é muito difícil encontrar uma maneira de agradar: se você se mantém muito fiel às raízes, pode ser tomado como um mero imitador sem identidade própria; se decide caminhar por trilhas nunca antes explorada, pode ser considerado um alienígena entre os fãs que procura angariar. Os desafios são muitos e as glórias não são tantas assim, mas os alemães do Van Canto decidiram arriscar alto e sem cessar desde os seus primeiros dias. Nascido em 2006, esse grupo resolveu simplesmente abalar alguns dos alicerces mais bem estabelecidos do metal, algo que poderíamos resumir simplesmente dizendo que decidiram substituir os tradicionalíssimos (e fundamentais) riffs de guitarra por uma abordagem vocal substituta, que imitava os sons distorcidos das seis cordas, o ‘rakkatakka’. Qualquer fã das antigas que ouvisse falar dessa proposta pensaria imediatamente ‘isso jamais vai dar certo’, mas a verdade é que já em seu álbum de estreia, A Storm To Come (2006) eles cativaram uma grande atenção, ganhando primeiro a atenção dos organizadores de shows, e depois dos grandes selos, como a Napalm, com quem trabalham desde 2010. Com o passar dos anos a fórmula não mostrou sinais de esmorecimento, mas a banda naturalmente passou por transformações. O vocalista Philip Dennis Schunke deixou a banda, e o antigo sexteto resolveu adicionar mais um integrante, passando a atuar como sexteto. Foi com essa fórmula que lançaram Trust In Rust. Porém, para a felicidade dos fãs, Schunke está de volta em The Power Of Eight, e Stefan Schmidt nos conta os detalhes.

O Van Canto nasceu como uma banda que desafiava o próprio conceito que temos de heavy metal, e neste sentido foi desafiadora e provocadora como poucas ou nenhuma outra antes. Ainda assim, são quinze anos de atividade e The Power Of Eight já é seu oitavo álbum completo, o que é uma grande conquista. Por que decidiram lançar o novo álbum sem uma comemoração do aniversário da banda?

Stefan Schmidt: Olá Valtemir, olá Brasil, é bom falar com vocês! Sim, são quinze anos com essa banda, e ainda me sinto como se estivéssemos começando com algo novo, acho que é assim que funciona no underground. Somos hoje uma banda conhecida, muitas pessoas ao redor do mundo já ouviram falar dessa banda, temos um contrato com um bom selo e ofertas de shows, mas não é como se tivéssemos uma posição segura, não sinto isso. A verdade é que o underground é uma luta diária, você precisa lutar e se expor todos os dias, senão todo o trabalho que fez anteriormente é derrubado em questão de semanas, pois existem muitas coisas diferentes e novas acontecendo, você tem que correr pelo seu espaço. Então, sim, são quinze anos de muito trabalho e de muita alegria ao lado do Van Canto, como você disse, são oito álbuns, e certamente isso é digno de uma comemoração, apenas sentimos que talvez esse não seja o melhor momento para isso. É algo grande e importante para nós e nossos fãs, mas ainda estamos vivendo um momento com muitas notícias ruins em todo o planeta, muitas famílias foram desfeitas e existe muita tristeza para muitas pessoas. Lançamos o álbum até como uma maneira de tentar mostrar que não esquecemos a data e que estamos obviamente felizes com isso, e esperamos que The Power Of Eight possa ajudar as pessoas a, de alguma maneira, superar o momento difícil que vivem, isso nos daria muita felicidade. Mas não sentimos que é o momento de sair por aí embalando uma festa, não enquanto ainda existem tantas pessoas infelizes. Mas, vai chegar o momento, e vamos celebrar sim, pois é algo realmente grande para nós.

Faz sentido. Bem, não foram poucos os desafios que enfrentaram, então, também não seria justo simplesmente deixar o momento passar.

Stefan: Sim, é verdade. É como você disse, essa banda nasceu desafiando as pessoas. Mas veja, não é como se estivéssemos provocando os fãs, do tipo ‘olha só, vejam o que estamos fazendo com a música que amam’, não era, nunca foi e nem nunca será uma atitude confrontadora, pois antes de qualquer coisa, todos nessa banda são fãs de heavy metal. Queríamos desafiar os limites, tentar algo novo e diferente, e tínhamos o sentimento que, se trabalhado da maneira correta e por pessoas que realmente amam esse tipo de música, poderíamos conseguir um resultado muito bom, e foi isso que tentamos. Todos nós temos uma história anterior no metal com outras bandas, e aqui viemos tentando algo novo, que passou a ser chamado de acapella metal, um nome tão bom quanto qualquer outro (risos), mas que dá realmente uma boa impressão daquilo que fazemos. Tivemos muita sorte, pois as pessoas entenderam o que estávamos fazendo, que não era uma brincadeira ou uma piada, e sim uma proposta séria. Então, haverá uma comemoração, mas ela vai acontecer quando as pessoas realmente puderem se juntar a nós nela. Não queremos comemorar sozinhos, pois não fizemos isso sozinhos.

É verdade. Mas vocês esperavam que as pessoas entendessem a sua proposta, e que hoje estariam lançando seu oitavo álbum completo?

Stefan: Tínhamos certeza de que algumas pessoas entenderiam o que estávamos fazendo, mas não tínhamos noção de como seria no quadro maior. O fã de metal é incrível e muito dedicado, e isso faz dele um pouco conservador também, então ele pode ser meio ‘ríspido’ quando acha que você está ‘mexendo nas coisas dele’, se você me entende. Então, a verdade é que não tínhamos expectativa nenhuma quanto ao futuro do Van Canto. Oito álbuns, nem passava pela nossa cabeça, quer dizer, não sabíamos nem se conseguiríamos o primeiro (risos). Simplesmente nos jogamos de alma e coração nesse projeto sem esperar nada, e isso é uma coisa boa sobre essa banda, pois somos constantemente surpreendidos quando as coisas boas acontecem, não esperávamos nada disso (risos).

Você mencionou antes que todos vocês têm experiências anteriores no metal, mas acredito que o Van Canto seja justamente a primeira banda que realmente deu frutos, certo?

Stefan: Sim, isso é verdade. E isso também é algo que me deixa muito feliz e que me impulsiona muito, pois foi justamente na mais desafiadora das bandas que sucedemos, nunca naquelas que tentamos um caminho mais seguro, ou ao menos, mais comum ou habitual. Isso me faz pensar que as pessoas estão sim dispostas a algo diferente e único, desde que sintam que existe verdade e paixão naquilo, e é ótimo para um artista ter essa sensação de que ele pode ir além.

Mas, ainda é fácil ‘ir além’ depois de quinze anos e oito álbuns lançados?

Stefan: Essa é uma pergunta bem complicada, pois é verdade que vai ficando cada vez mais difícil ser criativo e surpreender conforme o tempo passa. Realmente, chega um momento em que a gente pensa ‘certo, acho que já explorei tudo o que podia, não sei para onde seguir a partir de agora’, mas a verdade é que você precisa se acalmar, relaxar e deixar fluir. Se você é criativo, não deixará de ser criativo de um momento para o outro. Às vezes tudo o que precisa é de um descanso, ou de uma inspiração, algo que te recoloque nos trilhos, no clima para começar a ter ideias. De várias formas, a própria vida que levamos nos ajuda a continuar criando com inspiração, pois estamos o tempo todo viajando, vendo coisas novas, conhecendo e conversando com pessoas diferentes, aprendendo coisas diferentes, lidando com culturas diferentes, então tudo o que você precisa é se manter atendo e aproveitar esses momentos. É um desafio sim, mas o desafio também é parte do que amamos nessa vida. É como eu disse antes, viemos de experiências anteriores, de bandas que não chegaram em lugar nenhum realmente, então aprendemos a valorizar cada show, cada fã, cada situação que vivemos, e tudo isso serve como uma fonte inesgotável de inspiração.

Bem, vocês têm de fato mantido a inspiração em alta, e nesse oitavo ainda trazem uma ótima notícia para os fãs, já que é o primeiro disco da banda como um octeto, com o retorno de Philip Dennis “Sly” Schunke. Como isso aconteceu?

Stefan: Primeiro, vamos recordar o ponto em que começamos essa entrevista. Alcançamos uma marca impressionante, de quinze anos como banda. E o que quero dizer com isso não é que chamamos Sly porque seria um disco comemorativo ou algo do tipo, o que quero dizer é que todos somos amigos há muitos anos, mesmo antes do Van Canto. Sly é um amigo, e precisávamos dele. Sim, ele deixou a banda há alguns anos, já lançamos um álbum sem a presença dele, mas a nossa relação não foi afetada, continuamos bons amigos, ainda nos interessamos pelo que o outro faz, conversamos, dividimos experiências, e ajudamos uns aos outros. Quando começamos a trabalhar nessas músicas, estava na cara que precisávamos de mais um vocalista. Quem mais poderíamos chamar? Um convidado especial, um desconhecido completo, ou um amigo, que nos ajudou a construir a história dessa banda? Sou completamente sincero com você quando digo que nem por uma única vez, nem por um segundo pensamos em outra pessoa, ele foi o primeiro e o único que convidamos, e ele topou na hora, sem pensar! Foi incrível ter a oportunidade de escrever um disco para três vocalistas, pois foi a chance perfeita de ter ele ao nosso lado novamente, e claro, os fãs adoraram a notícia assim que comunicamos! Recebemos mensagens do mundo inteiro, e só isso já bastou para colocar um sorriso no meu rosto!

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