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KOOL METAL FEST – SÃO PAULO (SP)

9 de junho de 2024 – VIP Station

Por Daniel Agapito

Fotos: André Santos

Domingo é e sempre foi um dia de descanso. Um dia para ficar sem fazer nada, espairecer e se preparar para a semana que vem por aí. Para alguns religiosos, é dia de ir para a igreja se fortalecer espiritualmente. Ontem, 9 de junho, foi mesmo dia de culto, e com certeza não dia de descanso. Apesar do calor de quase 30 graus que fazia e do show do lendário Conception que acontecia no mesmo dia no Carioca Club, já às 14h era possível encontrar uma massa de camisetas pretas enfileiradas em frente ao VIP Station (localizado na zona sul de São Paulo), para ver o “Koolto” de domingo no Kool Metal Fest, que contava com seis bandas, dentre elas os lendários Venom Inc., Possessed e o nosso Vulcano.

A primeira banda a subir no palco foi o Facada, um dos patrimônios do grindcore nacional. Vindo diretamente das profundezas do underground cearense, prometiam ser uma boa sessão de aquecimento para tudo que ainda viria. A banda subiu ao palco pouco depois das 15h, começou a tocar e não teve descanso. Mesmo interagindo pouco com o público, que crescia mais e mais à medida que o tempo passava, houve muito bate-cabeça, baterias invisíveis, rodas e todas as outras pompas e circunstâncias. A casa ainda não estava cheia, porém quem estava lá se animou bastante ao som de Tu Vai Cair, Socorro e O Joio.

Em exatamente meia hora, conseguiram apresentar estonteantes 21 músicas, passando por todo seu repertório de mais de 20 anos de carreira. Não houve um único álbum de estúdio da banda que tenha sido ignorado no setlist. De maneira tipicamente grindcore, os músicos chegaram ao palco, interagiram brevemente com o público (apenas se apresentaram no começo do set e, no final,  mencionaram o próximo show), mas tocaram com maestria. Apesar da interação mínima, impressionaram e demostraram por que são considerados um dos grandes nomes da música extrema nacional.  Entregaram um show breve e objetivo, mas ainda demasiadamente furioso e agressivo. Uma verdadeira facada.

Faltando pouco menos de 15 minutos para as quatro da tarde, outro power trio emblemático do underground nacional, o Cemitério, assumia o palco. Com letras baseadas no melhor dos filmes de terror, a banda tem impressionado fãs e críticos tanto com seus álbuns de estúdio de qualidade inenarrável quanto com seus shows elétrizantes. Começaram a todo vapor com A Volta dos Mortos-Vivos, que foi recebida com entusiasmo. O divertimento dos fãs já era óbvio desde o início. Já na segunda música, A Vingança de Cropsy, todos cantavam juntos os emblemáticos primeiros versos (“No acampamento Blackfoot que aconteceu / o jardineiro Cropsy, o inferno conheceu / Em sua rotina diária, muito whisky a beber / Pessoa doentia, que era de se temer”). O setlist incluiu diversos destaques e manteve a energia alta e o público envolvido. 

A conexão entre a banda e o público era palpável. A cada nome de música que o vocalista, Hugo Golon, gritava, o público respondia, cantando parte do refrão. A roda que havia começado tão singela no show dos cearenses, com muitos andando, agora já era um vórtice humano, com cada blast beat e cada riff pesadíssimo jogando mais lenha. Fecharam sua meia hora de show com Natal Sangrento e Morte Infernal – essa, um cover da icônica Infernal Death de outro pioneiro do metal extremo, o Death. Como já era esperado, o público devoto gritava o nome do Cemitério. Se todos já estavam tão enérgicos com apenas duas bandas, era de se imaginar o caos que dominaria o VIP Station quando o Venom Inc. e o Possessed fossem tocar.

Não havia dado nem cinco minutos da saída do Cemitério, que um coro de “Velho, Velho, Velho” já ecoava pela casa. O Velho, quarteto carioca de black metal, que os devotos do Kool tanto queriam ver, subiu ao palco dez minutos antes de seu horário previsto, surpreendendo muitos. Após uma onda de gritos dos fãs, Caronte, vocalista e guitarrista da banda, anunciou que estava honrado de estar dividindo o palco com bandas tão icônicas. A roda no meio da pista se acalmou minimamente, mas os fãs do grupo, nem tanto. O coro gritando o nome da banda persistiu durante o show inteiro; mãos de fogo e a clássico ‘devil horns’ eram levantados em massa no final de cada música. Assim como no show do Cemitério, todos cantavam todas as músicas, o que era incrível. Havia momentos em que a cantoria dos fãs se igualava, em termos de volume, com a da banda.

Esta aula de blasfêmia e heresia proferida por Caronte, Splatter, Rafael Lopes e Død destacou grande parte dos 15 anos de carreira do Velho, tocando favoritas dos fãs como Mais um Ano Esfria, Cadáveres e Arte e Perto dos Portais da Loucura. Para concluir esta performance histórica, só havia uma música que poderia fazer jus a tudo que haviam tocado: Satã, Apareça!, emendada diretamente com O Único Caminho. O poderoso grito dos fãs quando o vocalista anunciou a música foi algo absurdo, capaz de assustar qualquer tiazinha da igreja do bairro de Santo Amaro. A roda, que havia novamente se tornado singela e reduzida, voltou à ativa, com todos os fãs de black metal de qualidade correndo como se não houvesse o amanhã.

Não foi só quem estava lá assistindo que ficou impressionado. O Velho em si demonstrou em diversos momentos estar surpreso com o tanto que os espectadores estavam aproveitando o show. Eles soltavam vários gritos de “fodido”. Ao final de sua apresentação, a banda agradeceu veementemente a presença de todos. O Velho realmente mostrou por que são um dos maiores expoentes deste subgênero tão icônico do metal extremo.

Um encontro de gerações do black metal estava prestes a acontecer. O Velho havia acabado de incendiar o VIP Station, mostrando ser o presente desta vertente. Cerca de meia hora depois, subiria ao palco um dos grandes responsáveis pela disseminação do metal em terras tupiniquins e além-mar: o lendário Vulcano. À essa altura, a casa já estava lotada, empanturrada de gente, criando um cenário ideal para “total destruição”, tanto de maneira figurada quanto literal. Parecia que os fãs tinham uma energia inesgotável, pois a roda só crescia, garrafas d’água voavam, pessoas faziam crowdsurfs, moshs… Foi um verdadeiro caos.

Em relação ao setlist, a banda escolheu trazer um repertório nostálgico, focando no clássico álbum Bloody Vengance de 1985, mas incluindo também faixas como Guerreiros de Satã do Live! (1984), Total Destruição de Tales from the Black Book (2004) e Legiões Satânicas de Five Skulls and One Chalice (2009). Do Bloody Vengeance, tocaram todas as clássicas: Holocaust, Dominos of Death, Spirits of Evil, Ready to Explode. Tudo o que fez deles uma das forças do underground mundial foi mostrado no último domingo. Quem esteve no VIP Station teve o grande privilégio de experienciar uma lenda do metal em força total.

Fechando a trilogia de bandas de black metal que se apresentariam naquele dia, veio o Venom Inc., projeto composto por ex-membros do velho Venom, a banda que começou tudo para o gênero. Esta “segunda encarnação” das lendas inglesas atualmente é formada por Tony “Demolition Man” Dolan no baixo e na voz, o lendário Jeffrey “Mantas” Dunn na guitarra e Marc Jackson na bateria. Em sua primeira formação, contavam nos tambores com Antony “Abaddon” Bray, que integrou, junto a Mantas, o Venom de sua formação original de 1979 até meados dos anos 90. Por sua vez, Demolition Man foi o vocalista de Prime Evil de 1989 até 2005, ano da volta de Cronos. Assim sendo, o Venom Inc. resgata a formação desta época. No entanto, por conta de um ataque cardíaco sofrido por Mantas em abril deste ano, o também veterano Curran Murphy (Shatter Messiah, 72 Legions) foi convocado para substituí-lo na guitarra.

O trio não se segurou nem um pouco para levar os fãs ao inferno, começando com a clássica Witching Hour. Da mesma era que essa, tocaram também Bloodlust, lançada à época como single. Inserindo um pouco de seu repertório autoral, Come to Me, de There’s Only Black (2022), foi bem recebida pelos fãs, como se fosse da banda “original”. Vendo a reação dos fãs, Dolan deu boa noite a todos e perguntou se estavam bem – em português. War, outra autoral, foi recebida da mesma maneira. Enfartando todo e qualquer fã de black metal, o vocalista disse: “Vocês têm nos recebido tão calorosamente. Agora é nossa vez de recebe-los no inferno (welcome you in hell)”, desencadeando em Welcome to Hell. Não deu nem dez segundos da música e começou um crowdsurf na pista no qual ergueram uma fã que empunhava um sinalizador aceso (!?). Que a roda triplicou de tamanho e que todo mundo cantou junto neste momento, não preciso nem falar.

Murphy, o guitarrista, sabia interagir com os espectadores, inclusive deu sua guitarra nas mãos do público depois da música Inferno. Vale constatar que mesmo não sendo Mantas, ele segurou muito bem a barra. Só em Love Like an Angel subiram cinco fãs no palco, ocasionando empurrões dos responsáveis pelo evento. O caos já havia se instaurado por completo, era “olê, olê, olê, Venom, Venom” para cá, os famigerados balões de camisinha para lá, gente pulando do palco… A roda até se dividira em duas, uma mais perto do palco, outra para o fundo. Tinha tanta gente “mosheando” que os produtores do evento tiveram que criar uma barreira humana na frente do palco, para que essas não atrapalhassem a banda. Depois da trinca formada por Blackened Are the Priests, Carnivorous e In Nomine Satanas, Demolition Man fez questão de parar o show para agradecer os “crazy motherfuckers” da pista.

O show foi encerrado com uma sequência formada por Black Metal, In League With Satan, Countess Bathory e Sons of Satan. E eu poderia acabar o texto por aqui! O grito do público com a introdução de Black Metal foi ensurdecedor, de tremer o bairro mesmo. A roda, que até então permanecia dividida, se juntou, levando gente do fundo da casa ao palco – tudo isso antes da banda começar a tocar. Dolan nem teve que ter o esforço de cantar os refrões, pois os fãs cantavam mais alto do que a própria banda. Se colocasse alguém que não soubesse do contexto naquele momento, desmaiaria, com certeza. Em In League, dava para ver que todos queriam continuar a roda, mas já estavam esgotados na última música. Cantaram o refrão (“Evil, in league with satan”) tão alto que reza a lenda que todas as testemunhas de Jeová num raio de 10km simplesmente evaporaram. Countess Bathory e Sons of Satan (que nem no setlist impresso estava) dispensam comentários. Demolition Man agradeceu diversas vezes a presença de todos e saiu do palco com um sorriso de orelha a orelha estampado no rosto.

À medida que o tempo passava e o relógio se aproximava das 20h, a antecipação para ver o Possessed só crescia. Enquanto isso, o lendário Jeff Becerra, vocalista da banda, estava ao vivo no Instagram, documentando sua jornada do hotel ao VIP Station, conversando com os fãs. Perto das 20h10, alguns membros do icônico grupo de death metal já se dirigiam ao palco, ocasionando gritos entusiasmados. Enquanto isso, ainda em live Becerra aparecia interagindo com os fãs, autografando discos e tirando fotos na entrada da casa. Vale salientar que Jeff é um verdadeiro guerreiro, e o simples fato de ele ainda estar vivo, especialmente em condições de fazer shows é um milagre. Em 1989, enquanto trabalha em uma obra, reagiu a uma tentativa de assalto e foi atingido por diversas balas de nove milímetros, uma das quais perfurou suas costelas, esmagou seu pulmão e se alojou em sua espinha. Desde então, ele perdeu o movimento de suas pernas, e só voltou a andar com a ajuda de aparatos mecânicos em setembro de 2021.

Exatamente às 20h13, dois membros da equipe do festival apareceram na ponta direita do palco carregando ninguém menos do que Jeff Becerra, o homem que inventou o death metal. Dois minutos depois, todos os integrantes já se encontravam no palco. Antes de começar a aula de metal que seguiria, Becerra, lisonjeado, se deslocava à frente do palco e interagia brevemente com os fãs, enlouquecidos, gritando o nome dele. Por grande parte de No More Room in Hell, primeira música, seu microfone estava quase inaudível, mas mal deu para percebermos isso, pois o público gritava a plenas pulmões.

Com o som já ajustado, seguiram para Damned, mais um dos destaques de Revelations of Oblivion, álbum de 2019 que encerrou um dos maiores hiatos da história da indústria fonográfica. Para a segurança não só do vocalista como de todos, diversos membros da equipe estavam postados nos cantos do palco, impedindo que subissem nele. Em um momento de esquentar o coração, um fã deu a Jeff um desenho que havia feito dele. Orgulhoso, Becerra pegou a folha, abraçou-a e mostrou-a ao público. Ao longo do show, ele expressou estar imensamente contente, não conseguindo conter sorrisos e elogios aos que estavam lá.

Pentagram e Seance, de Seven Churches (1985) e The Eyes of Horror (1987) respectivamente, foram as próximas a dominar o sistema de PA, trazendo o melhor da época áurea do Possessed. Antes de Storm in My Mind, Jeff comunicou sua surpresa ao dizer: “Puta merda, vamos um pouco mais devagar”, entre risos. Concluindo Storm…, ele novamente mostrou como se sentia em relação ao público, dizendo: “Vocês me espantam”. Parando para pensar um pouco, para um vocalista que tocou com os maiores nomes do death metal dizer que um público o espanta é um baita de um elogio para nós brasileiros.

Dito isso, seria completamente redundante afirmar que o Possessed estava com o público na mão, que exercia um “Dominion” (captou a referência?) sobre-humano sobre as mais de mil pessoas que estavam ali. A roda não parava, a ponto de fazer vários membros da banda soltarem, esporadicamente, um “holy shit”. The Eyes of Horror e Tribulation mantiveram o clima lá no alto, com todos cantando, batendo cabeça, palmas, enfim, aproveitando demais.

A pedido do vocalista, gritos de “six, six, six” anteciparam Graven, a penúltima do mais novo álbum a ser tocada. Foi só a sinistra introdução de The Exorcist passar pelos alto-falantes do VIP Station que a cidade de São Paulo sentiu o tremor causado pelo puro suco do “metal da morte”. Assim como em Welcome to Hell do Venom, não durou nem dez segundos para que a fatídica roda, que não havia cessado por nem um segundo desde o começo do show do Facada, novamente cresceu de maneira absurda. Outros dois sinalizadores apareceram no meio, fazendo a casa brilhar e desesperando os bombeiros.

Perpetuando a sequência de “pedradas”, Demon e Fallen Angel mostraram a força tanto da era clássica quanto da era moderna da banda. Tanto quem viu o show até então, quanto quem leu até aqui, muito provavelmente percebeu a ausência de um clássico absoluto, da música que começou tudo, que causou uma revolução no mundo da música. Em um momento lindo, que merecia ser retratado em pintura renascentista, a vertiginosa virada de bateria – sim, aquela – ecoou pelo bairro de Santo Amaro rapidamente seguida por gritos enlouquecidos da massa de headbangers que estavam lá. Era a música Death Metal. Simplesmente. Já é de se imaginar o alvoroço que seguiu.

Não deixando os fãs nem respirarem, Becerra e companhia emendaram logo Burning in Hell, faixa clássica que definiu bem o que poderia acontecer com todos que estavam presentes nessa noite de muito metal e blasfêmia. Mostrando mais uma vez ser um tesouro em pessoa, Jeff antes de sair do palco para interagir com os fãs disse palavras que certamente também dizem muito sobre sua relação com o público: “I fucking love you”.

Em suma, o lineup desta tão esperada edição do Kool Metal fest foi perfeito. Conseguiram a proeza de reunir alguns dos nomes mais importantes não só da cena nacional da música extrema, como também os dois nomes que começaram tudo. Sem Venom e Possessed não haveria Vulcano; sem os três, muito provavelmente não haveria Velho, Cemitério e Facada. Mesmo sem a performance dos anteriormente anunciados chilenos do Necrodemon, as oito horas de duração – das 14h às 22h – naquele domingo sedearam shows incríveis, que entrarão para a história do metal brasileiro. Com certeza, foi uma noite histórica, daquelas que merecem ser contadas para os filhos, netos e bisnetos. Quem não foi, perdeu uma aula de música extrema.

Setlist Facada

Tu Vai Cair

Socorro

O Joio

Playing With Souls

Descendo Sangue

9mm de Redenção

Tudo me Faltará

Feliz Ano Novo

Nadir

Emptier

Apocalipse Agora

Cidade Morta

Falta Excesso

Podem Vir

Truculence

Instagrinder

Sarcófago

O Cobrador

Amanhã Vai Ser Pior

Chovendo Baratas

Guarda Esse Mantra Pra Ti

 

Setlist Cemitério

A Volta dos Mortos-Vivos

A Vingança de Cropsy

Quadrilha de Sádicos

Massacre no Texas

Tara Diabólica

Oaxiac Odez

Dia de satã

A Sentinela Dos Malditos

Sexta Feira 13

Holocausto Canibal

Natal Sangrento

Morte Infernal

 

Setlist Velho

Mais um Ano Esfria

Senhor de Tudo 

Cadáveres e Arte

Coma Induzido

A Mesma Velha História

Perto dos Portais da Loucura

Satã, Apareça!

O Único Caminho

 

Setlist Vulcano

Holocaust

Dominos of Death

Spirits of Evil

Witches’ Sabbath

Ready to Explode

Death Metal

Incubus

Total Destruição

Guerreiros de Satã

Legiões Satânicas

 

Setlist Venom Inc.

Witching Hour

Bloodlust

Come to Me

War

Welcome to Hell

Inferno

Live Like an Angel (Die Like a Devil)

Blackened are the Priests

Carnivorous

In Nomine Satanas

There’s Only Black

Black Metal

In League With Satan

Countless Bathory

 

Setlist Possessed

No More Room in Hell

Damned

Pentagram

Seance

The Word

Storm in my Mind

Dominion

The Eyes of Horror

Tribulation

Graven

The Exorcist

Demon

Fallen Angel

Death Metal

Burning in Hell

 

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