O KISS concluiu suas atividades com 20 álbuns de estúdio lançados. Todos eles contam com GENE SIMMONS, que, ao lado de PAUL STANLEY, participou da banda desde sua fundação até o encerramento, em dezembro de 2023. Um catálogo extenso e repleto de nuances, visto que facetas diversas foram exploradas em tais obras.
Sendo assim, caso SIMMONS precisasse mostrar a um jovem fã cinco de suas músicas para explicar quem é THE DEMON — seu alter ego no grupo —, quais ele escolheria e por quê? Esta pergunta foi feita durante entrevista a Daniel Dutra para a edição 279 da ROADIE CREW (clique aqui para adquirir) e o vocalista e baixista não titubeou ao apresentar suas escolhas.
De bate-pronto, quatro canções foram mencionadas na primeira parte da resposta. São elas:
“Interessante. Creio que ‘Unholy’ é uma boa escolha, assim como ‘Hate’, porque ‘hate is what I am, ‘cause underneath this heart there beats the heart of man’ (N.R.: Simmons canta o primeiro verso da música que abre o álbum Carnival of Souls). ‘Deuce’ precisa estar na lista, porque a compus em meia hora no baixo. Eu tinha o riff, e a música se desenvolveu muito rápido… E tem ‘Nothin’ to Lose’, que foi nosso primeiro single, e eu a compus muito rápido. É uma filosofia sobre a vida, eu acho… (gargalhadas). Você sempre receberá ‘nãos’ na vida, inclusive de garotas que dizem ‘não quero fazer isso’, mas que acabam fazendo (N.R.: resumindo, a letra de ‘Nothin’ to Lose’ é sobre sexo anal). A palavra ‘não’, e agora eu não serei específico, não precisa ser um problema, porque o ‘não’ às vezes significa ‘sim’.”
Para fechar, GENE optou por “God of Thunder”, uma composição de PAUL STANLEY que acabou gravada em sua voz — e, de fato, se tornaria bem representativa de THE DEMON. Ele disse:
“A última música pode ser ‘God of Thunder’, mesmo que eu não a tenha escrito, e tenho certeza de que você sabe disso. PAUL a compôs, e o que aconteceu foi que nós estávamos sacaneando a música um do outro, e PAUL disse: ‘GENE, tudo o que você faz é escrever músicas sobre monstros! Tipo ‘eu sou assim, eu faço aquilo, eu sou o Deus do Trovão e blá-blá-blá’’, e eu respondi ‘O que você disse?’, porque achei uma ótima ideia. PAUL foi para casa e compôs ‘God of Thunder’ porque achou que eu iria compor primeiro (risos), já que havia falado ‘você só escreve músicas bobas sobre amor e garotinhas, tipo ‘I’m Christine sixteen, and you know what I mean’’, e aí foi ele quem respondeu: ‘O que você disse? Isso é legal!’. Então eu fui para casa e compus ‘Christine Sixteen’ porque o PAUL achou que era legal (risos).”
GENE SIMMONS e a dinâmica de uma banda
Por fim, o vocalista e baixista fez uma reflexão sobre como a dinâmica de uma banda interfere positivamente nesse sentido. Ele arremata:
“Isso é que é o legal numa banda, e acontecia a mesma coisa com JOHN LENNON e PAUL MCCARTNEY, com MICK JAGGER e KEITH RICHARDS, acontece com quaisquer pessoas que tenham gostos diferentes. Dá para perceber as diferenças entre LENNON e MCCARTNEY, mas juntos os dois faziam uma banda. Eles se ouviam, e em algum momento alguém dizia ‘eu não gosto disso, prefiro aquilo’, o que construía uma música melhor. Ninguém acredita que ‘Yesterday’ era originalmente chamada de ‘Scrambled Eggs’, e que foi LENNON quem disse a MCCARTNEY: ‘Essa é uma grande música, mas esse nome é ridículo. Você devia chamá-la de ‘Yesterday’’. Isso é o que acontece quando se tem uma banda e cada integrante contribui com alguma coisa na composição de uma música, ainda que não seja o autor dela.”
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