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THE OBSESSED – SÃO PAULO (SP)

22 de junho de 2024 - City Lights

Por Daniel Agapito

Fotos: Mazzei

Desde que a pandemia acabou – de maneira muito mais perceptível este ano -, tem se tornado comum dias com diversos shows de bandas nacionais ou gringas acontecendo ao mesmo tempo. Com o último dia 22 de junho, sábado, não foi diferente em São Paulo. “Best of Blues and Rock” rolando no Ibirapuera; Evergrey no Carioca Club; Matanza Ritual e Massacration na Audio; Dead Fish no Cine Joia; e diversos outros. Não obstante, uma parcela do público headbanger decidiu aproveitar seu “sabadoom” prestigiando um pouco do bom e do melhor dos primórdios do doom metal; a icônica banda de Maryland (EUA), The Obsessed, encerraria sua primeira turnê latino-americana com um show no singelo City Lights. Acompanhados dos paulistanos da Espectro e dos mineiros da Pesta, Scott “Wino” Weinrich (ex-Saint Vitus) e companhia prometiam entregar uma noite histórica, passando por todas as fases da carreira do grupo, incluindo o mais novo álbum, Gilded Sorrow, lançado no mês de fevereiro.

A noite começou com muita emoção, com um dos amplificadores do guitarrista da banda headliner, Jason Taylor, pegando fogo durante a passagem de som, causando certo atraso na abertura da casa. Faltando por volta de 15 minutos para as 19h e com muitos ainda entrando na casa, a Espectro subiu ao palco. Começou sua apresentação abruptamente com a animada Twist the Knife, que, de acordo com a própria banda, será lançada em um novo material ainda este ano. A banda seguiu forte com Death Dealing e Mind Lord, ambas de seu álbum autointitulado, lançado em 2022. Por causa de uma pneumonia, Luan Bremer não conseguiu comparecer ao show, então o outro guitarrista, João Wegher, assumiu sozinho a tarefa. Wicked Life, também do novo material, foi a antepenúltima, seguida de 1000 Nights e Crimson Star, que fecharam o show. A animação da banda no palco era palpável, com todos os integrantes com sorrisos estampidos no rosto, agradecendo constantemente a presença de todos e a oportunidade de tocar com o The Obsessed.

O relógio já passava das 19h30, quando os mineiros da Pesta assumiram o palco, sob o som dos fãs gritando o nome da banda. À essa altura, o City Lights já estava bem mais cheio, porém ainda longe de sua capacidade máxima. Os músicos não se seguraram nenhum pouco: começaram logo com Anthropophagic, destaque de seu segundo álbum, Faith Bathed in Blood (2019). Ao final dessa, Thiago Cruz, vocalista, disse que adorava tocar na capital paulistana e que estava com muita saudade – sua última vez na cidade foi em novembro do ano passado. O público não apenas crescia, também ia ficando mais animado. Todos batiam cabeça, palmas e faziam as famigeradas “mãos de fogo”. O quarteto também estava bem empolgado, se movimentando bastante – apesar do tamanho do palco -, pulando e bangeando junto aos fãs.

Após a sequência com Moloch’s Children e Words of a Madman, o vocalista, entre risos e piadas com a banda, anunciou que tocariam uma versão de Anthem, do Rush, que seria lançada futuramente em um compilado de versões da lendária banda canadense gravado apenas por bandas de stoner e de doom. Logo antes do solo, a guitarra simplesmente sumiu. Por conta de alguma falha com seu amplificador, justamente o momento que destacaria as habilidades do guitarrista foi temporariamente prejudicado. Por conta dos problemas que haviam acontecido antes do show e o subsequente atraso causado pelos mesmos, só tiveram tempo de tocar mais uma música, mesmo com mais duas estando programadas no setlist (Hand of God e Black Death). Para fechar a noite, escolheram uma das favoritas dos fãs: Witches’ Sabbath.

Dez minutos antes do horário do show do The Obsessed, marcado para 20h30, a banda passava pela pista com seu equipamento, levando-o ao palco, comprovando com todas as letras a fala exposta por Wino em sua recente entrevista para a ROADIE CREW: “Hoje em dia, dá para ser tudo D.I.Y. – faça-você-mesmo.” Mais ou menos as 20h30, já estavam com todo equipamento no palco e com cervejas na mão. Os músicos fizeram os ajustes finais e poucos minutos depois deram início ao show. O carisma de Wino esteve evidente logo quando iniciou o show agradecendo quem estava lá – mandou um “obrigado” e chamou o Brasil de “lindo”. Para incendiar o bairro de Pinheiros, abriram os serviços com Brother Blue Steel, inegavelmente a faixa de maior sucesso da banda. O ânimo do vocalista era tanto que ele acabou desconectando sua pedaleira da tomada. Com guitarra ou sem, porém, os ‘obcecados’ pela banda demonstravam ser incansáveis, cantando mais do que nunca.

O repertório da banda passou por todas as fases de sua carreira, com todos os álbuns sendo representados ao menos duas vezes cada. Dos cinco LPs, The Church Within, lançando pela Columbia Records em 1994, foi o que mais teve destaque, com seis de suas treze músicas sendo tocadas na noite. A primeira delas foi a surpreendentemente enérgica Streamlined, que foi seguida de Daughter of na Echo, da mais nova empreitada, Gilded Sorrow. Ouvindo ao vivo as faixas desse álbum, fica evidente o impacto que a adição de um segundo guitarrista, Jason Taylor, teve nas composições da banda. Com mais alguém assumindo as cordas, os riffs conseguem manter o “groove” e o peso que a banda é conhecida por trazer, e podem ser mais bem pensados, mais complexos. Sacred, de 2017, fez sua primeira aparição logo depois, através da faixa que leva o mesmo nome. Os fãs mal tiveram tempo de respirar, pois Sacred foi emendada direto com uma sequência de The Church…, Streetside e Blind Lightning. Ia sendo uma música atrás da outra, com apenas algumas breves pausas para o vocalista dar um gole nas latas de cerveja que estavam à sua frente.

Nos raros momentos em que pausava, Weinrich também aproveitava para agradecer a presença dos fãs, ocasionalmente até se aventurando no português com alguns “obrigado Brasil”. Uma das vantagens não só do City Lights, mas também de todas as outras casas de shows menores, certamente é o clima intimista com a proximidade entre público e banda. Pelas reações dos fãs, ficava claro que o The Obsessed não era só mais uma banda antiga que vinha ao Brasil, mas sim um ícone do heavy metal, um pilar da música pesada que muitos esperaram décadas para poder assistir. Quando músicas mais conhecidas eram tocadas, como a trinca To Protect and Serve, Tombstone Highway e Endless Circles sendo um ótimo exemplo, um ar de felicidade genuína pairava no ar. Gritos como “Meu Deus do céu” não escondiam a mais pura nostalgia que quem estava lá sentia. Voltando rapidamente para antes do show, antes mesmo do local abrir, já havia uma grande fila, com muitos dizendo que esperaram desde os anos 1980/1990 para finalmente ver Wino e Cia. Claramente, não foi somente mais um show.

Levando os ‘obcecados’ à loucura, logo após o último acorde de Freedom ecoar, um riff simples, porém icônico ocasionou uma avalanche de headbangings e diversos gritos de surpresa: era The Way She Fly. Mesmo não tendo moshs, rodas e afins, era inegável que quem estava lá e presenciou o momento, estava se divertindo muito e não esquecerá deste show por um bom tempo. Naquela hora, não haviam problemas externos, não haviam diferenças, o público era uma coisa só, uma massa de gente devota ao metal, ao The Obsessed. E eles mantiveram a energia lá em cima para Skybone, detentora de mais um riff conhecido, e para It’s Not OK, faixa de Gilded Sorrow dedicada por Wino àqueles que falam muito na Internet, mas que não conseguem manter a mesma atitude pessoalmente.

Mesclando um pouco do melhor do início, do auge e da era atual da banda, finalizaram a noite tocando Hiding Mask, do excelente Lunar Womb (1991), Mourning, do The Church Within (1994), e Sodden Jackal, um dos destaques de Sacred (2017), que foi o primeiro álbum após a volta da banda. Quem leu a entrevista que a banda nos concedeu ou acompanhou os setlists pela Internet, sabia bem que este não era realmente o final do show. Então gritaram “Spirit Caravan”, nome projeto de doom/stoner do vocalista com o baterista atual do Obsessed, Brian Costantino. Para fechar a noite de uma vez por todas, a banda escolheu Lost Sun Dance, que de acordo com o próprio vocalista, era para ser lançada no segundo álbum do The Obsessed com a Columbia, o que acabou nunca acontecendo.

Voltando mais uma vez para a entrevista que fizemos, nela Wino disse: “Viemos para quebrar tudo! É isso. Não estamos aqui para brincar… Sempre ouvi dizer que o público do Brasil é incrível, que vocês sempre enlouquecem nos shows. Por meio desta turnê, ficou óbvio para nós que o público latino-americano tem uma paixão inenarrável.” Diria até que depois deste show, essa frase foi comprovada completamente; todas as bandas envolvidas entregaram shows de muita qualidade, os fãs mostraram não só estarem maravilhados com os headliners, mas também deram uma chance tanto à Pesta – nome já estabelecido no cenário nacional -, quanto à Espectro, que não tem tanto tempo assim de estrada.

Num todo foi uma noite lendária. Como fã, fico na espera de outra turnê do The Obsessed, talvez agora tocando a música River of Soul, do debut The Obsessed, de 1990. Se o grupo demorou quase 50 anos para vir à América Latina pela primeira vez, é realmente difícil garantir quando voltarão. Mesmo com os fãs e a banda aparentemente adorando o resultado da turnê, não sabemos ao certo se acontecerá outra dessa. Quem não foi, perdeu uma verdadeira aula de doom metal.

Setlist Espectro

Twist the Knife

Death Dealing

Mind Lord

Wicked Life

1000 Nights

Crimson Star

Setlist Pesta

Antropophagic

Moloch’s Children

Words of a Madman

Anthem (originalmente do Rush)

Witches’ Sabbath

Setlist The Obsessed

Brother Blue Steel

Streamlined

Daughter of an Echo

Sacred

Streetside

Blind Lightning

Punk Crusher

To Protect and to Serve

Tombstone Highway

Endless Circles

Freedom

The Way She Fly

Skybone

It’s Not OK

Hiding Mask

Mourning

Sodden Jackal

Bis

Lost Sun Dance (originalmente do Spirit Caravan)

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