THE CULT – SÃO PAULO (SP)

23 de fevereiro de 2025 – Vibra São Paulo

Por Rogério SM

Fotos: Belmilson dos Santos

Poucas bandas conseguem atravessar décadas sem parecer ultrapassadas. The Cult, com sua mistura inconfundível de hard rock, rock gótico e psicodelia, provou de novo no dia 23 de fevereiro de 2025, em São Paulo, que sua durabilidade é baseada em autenticidade e som. Com o carismático Ian Astbury e os riffs incendiários de Billy Duffy, a banda ainda consegue carregar multidões para conferir seus clássicos, mas sem deixar de apresentar músicas novas que soam tão bem quanto as que foram gravadas nos anos 80. E tudo isso em um domingo de muito calor na capital paulista.

Antes das 20h, a casa já estava lotada para conferir a banda de abertura, os americanos do Baroness. Mesmo com um público mais velho, o quarteto de Savannah, Georgia, cativou os presentes com um show cheio de energia, riffs intrincados e refrãos melodiosos. Sua mistura de metal com rock progressivo e até pop rock foi uma surpresa para os presentes que queriam apenas curtir os antigos sucessos da atração principal. Isso porque músicas como Under the Wheel, A Horse Called Golgotha e especialmente Take My Bones Away, que encerrou a apresentação, mostraram a qualidade do som único e original do grupo formado por John Baizley (vocal e guitarra), Nick Jost (baixo), Sebastian Thomson (bateria) e uma animada Gina Gleason (guitarra), que agitou bastante e deixou a energia do show lá em cima. Em quase uma hora, o grupo mais do que mostrou suas credenciais: conquistou novos fãs, que aplaudiam cada vez mais forte ao fim de cada música do set.

Público devidamente aquecido, agora a ansiedade era para a entrada da lenda do rock inglês. Fãs que iam do gótico ao hard rock já se espremiam em um Vibra São Paulo que parecia não parar mais de encher. Um pequeno atraso de 15 minutos só elevou a expectativa dos presentes, que gritavam a plenos pulmões assim que a intro de A Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner, soou nos PAs da casa. Sem alardes, o The Cult, que atualmente conta com o seguro Charlie Jones no baixo e o espetacular John Tempesta (ex-Testament e outros) na bateria, subiu ao palco. Desde as primeiras notas de In the Clouds, ficou claro que eles não estavam ali apenas revisitando seu legado, mas reafirmando sua relevância. Astbury, com sua voz poderosa e cheia de nuances, hipnotizou a multidão, enquanto Duffy empunhava sua guitarra no melhor estilo guitar hero, arrancando gritos e aplausos dos fãs.

O setlist foi equilibrado com maestria, misturando clássicos e músicas de diferentes eras da banda. Rise, do pesado e subestimado Beyond Good and Evil manteve a energia lá em cima, enquanto o clássico Wild Flower foi um dos momentos mais explosivos da noite e deixou a galera em êxtase com seu groove contagiante. Astbury, mesmo com seu tradicional jeito ao vivo de cantar as linhas das músicas de forma ligeiramente mais corrida e contida, sabia a hora certa de mostrar o poder de sua voz, que continua impecável. Quem conhece o grupo inglês sabe que eles não gostam muito de conversinha e, assim, apenas um tímido “obrigado” de Astbury deu sequência para Star e The Witch, músicas de uma fase não tão festejada pelos fãs mais puristas, mas que se provaram longevas e excitantes, especialmente ao vivo. Billy Duffy, dessa vez, estava mais contido, se limitando a ocupar um pequeno pedaço  do canto esquerdo do palco, mas o som de sua guitarra continua inconfundível. Sua pegada, timbres e bom gosto são sem precedentes, e mesmo se movimentando menos do que costuma, hipnotizou a todos enquanto Astbury pedia para os presentes agitarem mais.

Em dado momento, o vocalista perguntou: “Aqui é Kansas ou São Paulo?” Uma cobrança “de leve”, que parte dos presentes retribuía em forma de gritos, aplausos e assobios. A maioria, porém, queria apenas dançar e relembrar momentos da juventude. Antes, puderam conferir uma versão linda de Mirror, uma das melhores do mais recente álbum da banda, Under the Midnight Sun, com suas belas e melancólicas melodias de guitarra e linha de voz. A seguir, o peso voltou com tudo em War (The Process), mais uma de Beyond Good and Evil. Astbury se dividia entre pandeiro e maracas, marcas registradas de suas performances ao vivo, e continuava insistindo para que o público agitasse. O pedido foi retribuído por quase todos os presentes em Edie (Ciao Baby), balada clássica dos ingleses que começou apenas com o vocalista e Duffy para a entrada triunfal do restante da banda na hora do solo. Muitos cantavam o refrão de olhos fechados enquanto um exército de aparelhos celulares registrava o momento.

A seguir, um dos momentos mais fortes da noite com Revolution, que teve seu refrão cantado em uníssono, e a mais que clássica Sweet Soul Sister, com Astbury mandando apenas algumas palavras do refrão, algo já costumeiro em apresentações da banda. E, se alguém tinha dúvidas que Duffy é um dos mestres eternos das seis cordas, sua performance impecável e pegada sem igual fizeram todos lembrarem que ali estava um dos ícones do instrumento. Lucifer constava no setlist, mas infelizmente não foi executada. Para alegria de todos, entretanto, Resurrection Joe veio na sequência com seu groove de baixo e bateria característicos, além dos licks de outro mundo de Duffy. Um clássico atemporal que abrilhantou uma noite recheada de acertos.

Astbury continuava querendo mais festa dos presentes e ela veio com Rain, um dos pontos altos do show e que arrancou lágrimas de muitos fãs mais antigos. Logo depois, Spiritwalker fez a festa dos fãs góticos antes de a galera do hard rock pular de emoção com a incendiária Fire Woman, com mais um show à parte de Billy Duffy. Mesmo cansado, o público queria mais. Após um breve intervalo, o bis veio com a linda e introspectiva Brother Wolf, Sister Moon, mais uma do aclamado Love, um dos álbuns que definiram os anos 80. Dele também veio um dos pontos mais emotivos do show, com She Sells Sanctuary e seu riff de guitarra inconfundível que fez a plateia gritar antes mesmo de a primeira palavra ser cantada.

Para unir os fãs de todas as fases da banda e fechar com maestria mais uma apresentação sem falhas do grupo, Love Removal Machine garantiu que todo mundo saísse de coração acelerado e ouvidos zumbindo de satisfação. No fim, uma coisa estava clara: o The Cult ainda é uma força imparável do rock. Astbury e Duffy continuam mestres em seus ofícios, entregando shows que não são apenas nostálgicos, mas verdadeiras celebrações do poder e da atemporalidade do rock. São Paulo, mais uma vez, foi palco desse verdadeiro “culto” à boa música.

Baroness setlist

Last Word

Under the Wheel

A Horse Called Golgotha

March to the Sea

Shock Me

Chlorine & Wine

Swollen and Halo

Tourniquet

Isak

Take My Bones Away

The Cult setlist

In the Clouds

Rise

Wild Flower

Star

The Witch

Mirror

War (The Process)

Edie (Ciao Baby)

Revolution

Sweet Soul Sister

Resurrection Joe

Rain

Spiritwalker

Fire Woman

 

Bis:

Brother Wolf, Sister Moon

She Sells Sanctuary

Love Removal Machine

 

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