NDP FEST – SÃO PAULO (SP)

9 de março de 2025 – Espaço Usine

Por Daniel Agapito

Fotos: Gabriel Eustáquio

O punk foi bem representado na semana pós-carnaval: Amyl and the Sniffers, Offspring, The Damned e mais outros nomes adjacentes ao estilo fizeram shows pelo Brasil, mas há um bom argumento de que todas estas bandas deixaram de lado o verdadeiro espírito da cena há tempos. Com isso em mente, dentro do hardcore há um grupo seleto de bandas que, mesmo após anos e mais anos, não relegou seus princípios por nada, e o Earth Crisis, pioneiros do hardcore metalizado – que viria a se tornar o metalcore que todos conhecemos – e pilares da cena straight edge é um ótimo exemplo disso. Trazidos pela New Direction Productions, que em pouco mais de um ano de atividade trouxe grandes nomes de várias vertentes (Angel Dust, Suicidal Tendencies, Gorilla Biscuits, H2O, Joyce Manor, Shelter, Lionheart, Glitterer etc.) e prometem tocar o terror ainda mais este ano, os nova-iorquinos seriam os grandes headliners do primeiro NDP Fest.

Praticamente cultuados em terras sul-americanas, não seria a primeira vez do Earth Crisis na nação verde-amarela, pois carimbaram o passaporte por aqui pela primeira vez em 2009, com um show histórico no Hangar 110. Falando em história, foram acompanhados em terras latinas por um dos maiores nomes não só da cena vegana e straight-edge nacional, mas também do hardcore como um todo, o lendário Point of No Return, que após anos de hiato fez a felicidade de todos os frequentadores da icônica Verdurada quando anunciaram seu retorno no ano passado. Além deles, viria também o Zulu, grupo californiano de powerviolence que anda fazendo um estrago pelos EUA e pelo Velho Mundo com seus shows elétricos. A noite seria especial, pois como disse o vocalista Anaiah Muhammad em entrevista: “Fica realmente difícil mensurar o impacto deles (Earth Crisis) em alguém como eu. Parte da razão de eu ser vegano e straight-edge vem deles! Obviamente, não é só por isso, mas eles pavimentaram o caminho do veganismo para muitas pessoas.”

As atividades começaram bem cedo naquele domingo de calor, com o horário de abertura das portas do Espaço Usine, antiga Clash Club, previsto para às 14h. Apesar do calor de 30 graus, havia boa quantidade de fãs aguardando na parte de fora da casa. Dentro do recinto, havia várias mesas dispostas pela entrada com merchandise de boa parte das bandas, inclusive uma estampa própria da produtora. Pensaram até nas opções de comida, visto que era para ser um festival de 8 horas de duração, com lanches veganos que estavam fazendo sucesso.

Começando os serviços do festival, o grupo carioca de garage rock Klitoria assumiu o palco por volta das 15h25, 25 minutos depois do horário marcado. Pelo horário oficial, era para terem terminado às 15h30. Complicado… Aquela semana já havia sido histórica para o grupo, já que lançaram seu EP Entre o Chão e o Assoalho na quarta-feira (5/3), abriram o show do Amyl and the Sniffers, sua maior inspiração, na quinta-feira (6/3, leia a cobertura desse show aqui) e acompanharam o Earth Crisis e Point of No Return no sábado (8/3). Acabou o carnaval e acabou o descanso, não? Seu repertório foi mais curto do que a supracitada apresentação, mas a energia foi a mesma, deram tudo de si no palco. Fizeram um show rápido, de 25 minutos, saindo do palco às 15h50.

Além do hardcore, também houve representação do metal extremo com os paulistanos da Hardgainer, misturando técnica e agressividade na medida certa. Na estrada há mais de 15 anos, a banda se tornou nome conhecido do circuito underground da cidade, tendo lançado seu primeiro álbum, Invisible Walls, em 2019. Subiram também atrasados, às 16h, mas compensaram esse tempo com uma performance que começou com os pés na porta e foi uma paulada atrás da outra. Com um humilde pedido de “abre a roda, porra”, tivemos o primeiro moshpit do dia ao som de Queda. Assim como a banda que veio antes, fizeram mais ou menos meia hora de performance e fecharam com alguns destaques de seu EP autointitulado e de Invisible Walls (2019): Close Your Eyes, From Strength to Weakness, This Grace e Excluded.

“Meia horinha sem perder a amizade, já é?” Diretamente das profundezas do underground carioca, veio a Clava, banda de metalcore com um som visceral. Eles realmente resgatam aquela magia dos tempos áureos do metalcore, lá no comecinho, misturando a emoção crua do hardcore com a força do metal. Com uma troca de palco impressionantemente rápida, coisa de 5 minutos, o quinteto fluminense subiu ao palco ao som do tema de God of War e com uma gameplay do jogo de PlayStation 2 das tartarugas ninja, Alexander Cassemiro, vocalista, já estabeleceu o tom do show: “Não me responsabilizo por nada que vocês façam pelos próximos 30 minutos.”

Não tenho nem como explicar o caos que foram os 30 minutos seguintes; a única maneira de descrever seria uma catarse constante. O moshpit estava aberto desde o primeiro segundo e os stagedives aconteciam de forma constante. Alexandre também esbanjava com presença de palco cativante, sempre estando em cima dos PAs na frente do palco, estendendo seus braços e dando o microfone aos fãs, criando uma imagem que parecia “A Criação de Adão”, de Michelangelo, em versão hardcore. Em termos de repertório, contemplaram o material Correr Pelo Céu na íntegra, além de parte do brilhante Sudaméfrica e Declaração de Guerra dos Condenados da Terra. Uma coisa ficou óbvia: a banda já tinha uma legião de fase saiu de lá com muitos mais. Durante a execução de Correr pelo Céu, o vocalista acabou no meio da galera, recebido nos braços do público.

Uma das grandes revelações do cenário nacional nos últimos 10 anos, é praticamente impossível alguém que frequenta shows e acompanha o metal em geral não ter sequer ouvido falar do Black Pantera. Já foram duas vezes atração do Knotfest, tocaram no Rock in Rio ao lado do Devotos, fizeram parte do carnaval de Salvador na semana do NDP, abriram shows de nomes como Sepultura e Living Colour e serão a primeira banda do Sun Stage no domingo (esgotado) do Bangers Open Air. Currículo eles têm para dar e vender. Fora isso, estão na linha de frente da luta pela representação da cultura negra na música e, como disse Anaiah Muhammad, “estou muito animado para vê-los, é vital que eles espalhem as mensagens que estão disseminando.” Mantiveram os 15 minutos de atraso e começaram com Cola às 17h30, mas por conta de problemas com o som pararam antes mesmo de Charles Gama (vocal e guitarra) conseguir cantar. 5 minutos depois, conseguiram arrumar tudo e seguiram normalmente com o show.

O catálogo do trio é bastante variado, tendo desde faixas crossover estilo anos 90 no primeiro álbum a] baladas mais comerciais no trabalho mais recente e, como era de se esperar, aquele domingo contou com um setlist mais ancorado na pauleira. Padrão É o Caralho e Mosha deram sequência, antes de Fogo nos Racistas, ponto alto de qualquer apresentação deles. Quem já foi a qualquer show da banda sabe o que vem com Fogo nos Racistas: é aquele momento em que todos abaixam e pulam logo antes do ‘drop’. No festival, alguns até chegaram a abaixar, mas foi uma minoria do público – era claro que estavam “jogando fora de casa”: apesar de parte da plateia estar engajada, não eram todos. Tradução, por exemplo, balada mais emocionante e dedicada à mãe de Charles e Chaene da Gama (vocal e baixo), foi recebida de forma bem morna. Mesmo assim, os fãs foram esquentando e Revolução É o Caos viu alguns crowdsurfs e até uma wall of death. Deram sequência ainda com Sem Anistia, alterada para Só As Mina com direito a roda feminina, Ratatatá e Boto pra Fuder.

Dado o tempo das revelações, estava na hora de as lendas fazerem jus ao seu status. O Point of No Return prometia trazer um show nostálgico para aqueles que tiveram a chance de vê-los antes de pararem em 2006, além de poder apresentar seu som ao vivo para uma outra geração. Sabe aquele amigo que você pode ficar meses sem ver, mas a amizade segue forte? Essa foi a relação dos fãs com o Point. Após um breve discurso de um dos vocalistas, apontando como toda luta é válida, vieram com a avassaladora Sparks. Logo de cara, era possível enxergar o brilho nos olhos tanto dos artistas quanto dos fãs; era um momento de reencontro, algo muito especial. Os moshpits se tornaram algo incontrolável, uma massa de vórtices humanos, um caos generalizado, do melhor jeito possível.

Destacando o icônico Liberdade Imposta Liberdade Conquistada (2002), seguiram com Cerca, jogando mais lenha na fogueira. Era gente pulando do palco, cantando junto, aquela energia inigualável do HC. Foi com a sequência de A Fronteira e Resposta a Sangue e Fogo que aquele sexteto sinistro straight-edge mostrou porque realmente é – e sempre foi – uma das maiores forças da música nacional. Havia momentos em que parecia que tinha mais gente pulando do palco do que realmente na área da pista, enquanto a roda, aos poucos, dominava mais e mais o espaço. Voltaram para Centelha (2000) para executar a faixa que introduziu muitos ao Point, e com um grito triunfal de “endless nights of persecution”, soavam os já famigerados acordes de Casa de Caboclo.

Passeando pelo catálogo, veio Guile, uma verdadeira explosão sônica, que foi lançada oficialmente em The Language of Refusal, álbum de 2024, contando com músicas compostas nos anos 2000. Enfileirando um clássico atrás do outro, Again and Again teve sua letra ecoada a plenos pulmões, com o público absolutamente enlouquecido em sua parte final. Não eram apenas aqueles que estavam assistindo que estavam se divertindo, pois a banda também deixava clara sua animação: os vocalistas constantemente se jogavam no meio do público, Juninho (sim, o mesmo do RDP) não parava de pular, Lobinho, baterista, batia no instrumento como se ele lhe devesse dinheiro. Fecharam com chave de ouro, destacando Pedra e Unbroken Feelings (cover do Self Conviction), dos dois últimos trabalhos, respectivamente.

Até o dia anterior ao show, estava tudo tranquilo em relação ao Zulu. Com expectativas altas para o show, o próprio vocalista disse que queriam fazer uma apresentação mais especial que o normal, enquanto Braxton Marcellus, guitarrista, disse que seriam as “olimpíadas do mosh”. Está calmaria durou até a tarde do dia 8, pouco antes de a banda subir no palco no Chile, quando uma ex-parceira de Anaiah Muhammad fez uma postagem em seu perfil do Instagram alegando que ela – e diversas outras mulheres – haviam sido abusadas pelo músico, que havia criado um “padrão extensivo e horripilante de abuso”. Até o momento do show, não houve pronunciamento oficial nem da banda nem do próprio músico, e o show estava marcado para seguir. Durante a madrugada, Muhammad soltou um comunicado em seu perfil do Instagram rebatendo as acusações. Na tarde de segunda-feira (dia 10), a produtora soltou uma nota condenando as ações da banda e anunciando o cancelamento das subsequentes datas da turnê.

O relógio se aproximava das 19h30, 20 minutos depois do horário marcado para o início do show, e o clima ficava tenso. A banda já estava no palco, fazendo os últimos ajustes no som, com Braxton Marcellus na guitarra, Satchel Brown no baixo e Dez Yusuf, que geralmente também cuida das 6 cordas, só com um microfone na mão. Sob gritos de “cadê aquele vocalista abusador de mulher?”, um dos produtores do evento subiu no palco para esclarecer a situação: apresentou a banda e disse que Muhammad sequer havia comparecido ao evento, mas que o show iria acontecer como previsto, com Dez assumindo os vocais. Com um grande ar de incerteza, iniciaram com For Sista Humphrey, emendado logo Now They Are Through With Me, que, dada a situação, foi um tanto irônica: “Não aguento mais / Me pegaram por todos os ângulos / Pegou um povo e virou do avesso / Contra eles mesmos / Agora acabaram / Acabaram comigo”.

Yusuf conseguiu segurar bem na voz, passando perfeitamente pelas músicas e não deixando nada a dever para Muhammad, mas seu nervosismo era óbvio – ele mesmo disse “obrigado, gente! Estou muito nervoso, é minha primeira vez fazendo isso.” A interação direta com os fãs foi mínima, mas a energia não. Passadas algumas músicas, os moshpits estavam de volta com a mesma energia, os fãs novamente se jogavam um por cima dos outros para chegar perto do microfone e cantar junto com a banda. No geral, foi uma performance bastante objetiva, com uma música atrás da outra: Our Day Is Now, Music to Driveby, Fakin’ tha Funk (You Get Did) e Watching From the Sidelines.

Nem tudo foram flores, já que algumas brigas acabaram acontecendo. Antes de começar Straight From da Tribe of tha Moon, a banda teve que momentaneamente parar a apresentação por conta de um desentendimento na parte da frente do palco. Ao longo do show, mais destes ocorridos se repetiram, com boa parte da equipe de produção ficando a postos nas pontas do palco, caso algo saísse do controle. Ao todo, fizeram um show com apenas 13 músicas, totalizando pouco mais de 20 minutos, porém, não reduziram o set na hora, visto que todas as músicas do setlist que estava colado no palco foram tocadas – então, se algo foi retirado, já vieram com isso definido. Durante sua turnê europeia, em que tocaram em diversos festivais, fizeram o mesmo repertório, porém em meia hora. Por conta da formação reformulada, não há nem o que cobrar a mais em relação à duração da apresentação. A banda fez o que deu.

O plano original era que o Zulu fizesse uma hora de show, das 19h10 às 20h10, e que o Earth Crisis subisse ao palco meia hora depois. Muito provavelmente por conta dos acontecimentos com a última banda, os nativos de Syracuse anteciparam seu show, que começou às 20h15. Sem muito auê, o último show da noite começou com um grande hino, Forced March. Karl Buechner, vocalista da banda e uma das figuras mais emblemáticas do straight-edge, é indubitavelmente uma força da natureza, mas sua voz ficou pequena perante o coro absurdo de fãs. Com a energia lá no alto desde o primeiro momento, mantiveram o ânimo no teto com Forged in Flames, segunda parte de Firestorm.

“I am forever true, I am straight-edge”. Mesmo tendo começado sua jornada há mais de 35 anos, ser straight-edge foi um fator constante no quinteto, que sempre se orgulhou em praticar exatamente o que pregam, e deu para ver este mesmo sentimento respingar no público, que gritou o icônico final de Gomorrah’s Season Ends com toda sua força. Nessa hora, o palco parecia plataforma de mergulho olímpico: quase formavam fila para pular. Inclusive, quem aproveitou muito o show dos headliners foi o próprio Braxton, que havia acabado de descer do palco com o Zulu, e vestindo sua camiseta do Sarcófago, estava sempre voando por aí. Against the Current, faixa de To the Death, álbum lançado após seu retorno à atividade, aborda esta mesma temática: permanecer no caminho certo apesar de todos os pesares. Podia ser música nova, música antiga, o público cantava junto, sem exceções.

Até as faixas do primeiro material foram repetidas palavra por palavra, provado em All out War, que dá nome ao EP de 1992. Diferente do som mais pesado dos trabalhos mais recentes, All out War mostra toda a energia crua e verdadeiramente visceral do hardcore, apesar de sua introdução limpa e tranquila. Haviam tocado apenas 20 minutos, mas já estavam na metade do show. Presentearam os fãs com um combo de Destroy the Machines, álbum importantíssimo que abriu diversas portas para o mundo do hardcore metalizado e do metalcore no geral. Não foram quaisquer duas músicas, foram simplesmente Born from Pain e The Wrath of Sanity, que mais uma vez foram ecoadas a plenos pulmões. Em relação aos stagedives, não estava aquela loucura do show anterior, mas os fãs não estavam mostrando sinais de cansaço e se mantinham completamente ativos.

Mesclando épocas, veio End Begins, de Breed the Killers (1998), e Vegan for the Animals, último lançamento do grupo, de 2022. Ambas contam com letras bastante chicletes, sendo o final de End Begins, apropriadamente, “control, control to dominate” e Vegan… em seu refrão, que foi um dos momentos com menos cantoria. De todo modo, a banda continuou agitando como se não houvesse amanhã. Rapidamente passaram também pela introdução de The Discipline, colocando um pouco mais lenha na fogueira antes de tudo pegar fogo mesmo.

Poucos riffs conseguem trazer tanto peso com tanta simplicidade como o de Firestorm. Logo no primeiro acorde, o Usine entrou em erupção. O caos já comia solto, mas naquele momento, virou algo indescritível, com meio mundo subindo no palco para cantar junto de Buechner, criando mais uma cena que poderia ser pintura uma renascentista. Depois que terminaram, Karl fez uma daquelas perguntas que todos já sabiam a resposta: “Querem ouvir mais uma?” Fecharam a noite com Counter, destaque da discografia do The Path of Resistance, outro projeto do vocalista, também muito bem recebido.

Assim que desceram do palco, tivemos um encerramento com a MC Taya, que agradeceu a presença de todos, e rapidamente colocou uma de suas músicas no PA.

No geral, o NDP Fest mostrou toda a força da New Direction Productions, não só no quesito de conseguir trazer bandas de peso para o Brasil, mas também todo o profissionalismo em lidar com o rolo do Zulu. Conseguiram compensar todos os atrasos, não houve problemas com o som e a seleção das bandas foi espetacular, mostrando toda a força e diversidade da cena nacional. Não tem do que reclamar. Que venham mais edições!

 

Setlist Klitoria

Flores Podres

Não Memória

Xapisco

Laboratório

Skate Karate

Inferno Espera

Cromática

Bolso Oco

Seus Laços

Não Me Siga

Armadilha/Sinal

Todo Homem Foi Feito pra Dar

Eu Não Vou Te Ouvir

Setlist Hardgainer

Invisible Walls

Idols Fall

Queda

Close Your Eyes

From Strength to Weakness

This Grace

Excluded

Setlist Clava

Amaterasu

Primavera das Rosas Negras

Sudaméfrica

O Devir-Negro do Mundo

Santuário

Oeste

Olhos Oblíquos

Quando a Vontade de Romper é Mais Forte

Correr Pelo Céu

 

Setlist Black Pantera

Cola

Padrão É o Caralho

Mosha

Fogo nos Racistas

Tradução

Revolução É o Caos

Sem Anistia

Ratatatá

Boto pra Fuder

Setlist Point of No Return

Sparks

Cerca

A Fronteira

Resposta a Sangue e Fogo

Casa de Caboclo

Guile

Again and Again

Perda

Unbroken Feelings (cover Self Conviction)

Setlist Zulu

For Sista Humphrey

Now They Are Through With Me

Our Day Is Now

Music to Drive By

Fakin’ the Funk (You Get Did)

Watching from the Sidelines

Straight From da Tribe of tha Moon

On the Corner of Cimarron & 24th

Lyfe Az a Shorty Shun B So Ruff

Shine Eternally

52 Fatal Strikes

Do tha Right Thing (And Stop Frontin’)

Where I’m From

 

Setlist Earth Crisis

Forced March

Forged in the Flames

Gomorrah’s Season Ends

Against the Current

All Out War

Born From Pain

The Wrath of Sanity

End Begins

Vegan for the Animals

The Discipline

Firestorm

Counter (cover The Path of Resistance)

 

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