Em entrevista recente ao podcast “Let There Be Talk”, apresentado pelo comediante Dean Delray, o baterista do Faith No More, Mike Bordin, abordou o estado atual da banda e fez uma revelação impactante sobre o vocalista Mike Patton: ele não estaria mais disposto a fazer shows com o grupo.
A banda havia programado uma série de apresentações para o outono de 2021, mas os compromissos foram cancelados devido a problemas de saúde mental enfrentados por Patton, agravados pela pandemia. Segundo Bordin, os ensaios vinham sendo intensos há seis meses, e o grupo estava em sua melhor forma.
“O baixista (Billy Gould) disse: ‘Nunca ouvi a gente soar tão bem. É assim que essas músicas soam na minha cabeça.’ A gente nunca conseguiu isso nem em disco nem ao vivo. Estávamos prontos. Mas aí, com os equipamentos já no caminhão, indo para Chicago, 36 horas antes do primeiro show, nosso cara não aparece para o único ensaio geral que teríamos”, relatou o baterista. “Ficou claro que ele não tinha condição física de fazer aquilo. Então decidimos apoiá-lo. Seria um caos cancelar 75 shows, mas ninguém queria forçá-lo. A única discussão foi como faríamos isso logisticamente, porque precisávamos.”
O tempo passou, e Mike Patton voltou aos palcos com o Mr. Bungle, sua banda paralela, enquanto o Faith No More permanece inativo. Isso levou Bordin a refletir: “Minha visão é que ele passou de não conseguir fazer os shows para, claramente, não querer fazer shows conosco. E isso é pesado. É uma grande diferença. A gente mal conversou sobre isso.”
O baterista admitiu que a situação o entristece: “Honestamente, isso me machuca um pouco, mas é algo pessoal. É negócio. Nunca forçaríamos alguém a fazer o que não pode. E agora, parece mais que ele não quer mesmo.”
Apesar da frustração, Bordin demonstrou gratidão:
“Sou grato pelo que ele nos deu. Fomos abençoados por um talento tão gigantesco. O futuro? Não sei. Se ele vai querer fazer algo ou não, não cabe a mim dizer.”
A incerteza paira sobre a banda. Em janeiro, Billy Gould disse à rádio chilena Radio Futuro: “Não sei. Honestamente, não sei. Recebo informações diferentes de várias pessoas, e estou na banda.”
Já o tecladista Roddy Bottum, em outubro passado, afirmou que o grupo estava em “hiato semi-permanente”.
A última apresentação do Faith No More foi em 2016. A banda se reuniu em 2009 e lançou o disco Sol Invictus em 2015, após o icônico Album Of The Year de 1997.
Em entrevistas de 2022, Mike Patton revelou ter desenvolvido agorafobia e depressão durante o isolamento da pandemia, além de ter recorrido ao álcool. “Fiquei completamente isolado e quase antissocial. Ficar perto de pessoas me deixava em pânico. Talvez o isolamento tenha reforçado sentimentos que eu já tinha”, disse à Rolling Stone. Ele afirmou que sua confiança estava abalada e que “alguma coisa ruim poderia ter acontecido” se insistisse em seguir com a turnê.
Sobre o futuro da banda, Patton foi enigmático: “Silêncio total. (risos) Não sei. Podemos remarcar as coisas, ou não. Se acontecer, tudo bem. Se não acontecer, tudo bem também.”
Por ora, o futuro do Faith No More segue indefinido — com o vocalista afastado por vontade própria, segundo Bordin.
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