BANGERS OPEN AIR 2025: DIA #1

02 de maio de 2025 - Memorial da América Latina (SP)

Foto: Belmilson Santos

Acompanhe agora a cobertura do primeiro dia do Bangers Open Air 2025, com os textos das apresentações em ordem cronológica em que os shows aconteceram ao longo da sexta-feira, 02 de maio, nos palcos Hot Ice. A cobertura completa dos outros dois dias de festival, realizados no sábado (03) e domingo (04), você confere em breve nos links abaixo:

 

Sábado (03 – em breve) | Domingo (04 – em breve)

 

KISSIN’ DYNAMITE (Ice Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Andre Santos

Sob um sol de já relativamente forte, o Bangers Open Air estava literalmente Back With a Bang! Mantendo a linha do ano passado, que trouxe o Nestor de primeira, a banda responsável por dar a largada no festival foi a Kissin’ Dynamite, grupo alemão cujo som lembra os melhores dos anos 80. Logo de cara, o alto astral era perceptível: Hannes Braun, o vocalista, que parecia ter feito o cabelo no mesmo lugar que a Ana Maria Braga, já subiu no palco com um sorriso estampado no rosto, claramente impressionado pela quantidade de fãs que haviam chegado cedo para vê-los. Hannes fez uma pergunta simples, mas que ditaria a energia do resto do show: “São Paulo, estão prontos para uma festa rock and roll? Então pulem!” No setlist não faltaram músicas do disco novo, Back With a Bang!, lançado no ano passado, como as animadas My Monster e The Devil is a Woman que se tornou queridinha dos espectadores, que rapidamente sacaram o refrão, e na segunda repetição, já cantavam com a banda.

Ficou óbvio que mesmo não sendo uma das bandas mais conhecidas do festival, conseguiram conquistar o coração dos fãs rapidamente, sentimento ecoado por Hannes: “Este é provavelmente o público mais quente que já tivemos em algum show nosso, vocês estão gritando muito alto!” Vale destacar que não só em termos de escolha de repertório, bastante variado, mas também no que se refere ao som, o show foi impecável – conseguiram apresentar exatamente o que é mostrado nas gravações, sem nenhuma falha de mixagem. Fizeram uma mistura de faixas enérgicas, aquela coisa típica de filme de ação oitentista, como No One Dies a Virgin, baladas motivadoras como Not the End of the Road e You’re Not Alone, fechando este primeiro show do festival com chave de ouro com Raise Your Glass. Energia, carisma e uma conexão forte com os fãs deixaram altas as expectativas para o resto do festival!

DOGMA (Hot Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Andre Santos

“Ah, o funk é cheio de baixaria e letra esdrúxula, o rock não tem isso não!” Ah é? Quem fala isso claramente não conhece o Dogma. Bastante puxado por sua aparência, freiras de corpse paint, as comparações com os também polêmicos suecos do Ghost se tornaram inevitáveis; para alguns fãs, não passam do “Ghost de mulher”, ou como um internauta comentou em nossa postagem, “Ghost-osas”, mas com sua apresentação provaram ser bem mais que isso. Com seu palco adornado com artes controversas e a performance em si recheada de momentos que dão taquicardia na sua tia crente, era claro que a intenção do grupo era provocar, e julgando pela reação das pessoas nas mídias sociais, conseguiram. Não é pela polêmica que elas vêm ficando conhecidas, pois seu som também é de qualidade, com Forbidden Zone, por exemplo, destacando bem a voz de Lilith, que transita entre um vocal limpo espetacular e gritos do fundo da alma.

Made Her Mine mostra bem o lado mais metalcore delas com um riff inicial que até lembra um pouco Unholy Confessions, do Avenged Sevenfold, mas também incorpora elementos sinfônicos grandiosos antes de um refrão com bumbos duplos vertiginosos. Não tem como falar deste show e ignorar a mixagem do som, que realmente dificultava a experiência, com os próprios bumbos muito mais altos que o resto dos instrumentos, a ponto de estourar, mas, querendo ou não, eram poucos os fãs que estavam colocando o som do Dogma em primeiro lugar, com a performance em si tomando muito mais importância. Desde que vieram ao Brasil pela primeira vez, lançaram mais duas faixas, Banned e um cover de Like a Prayer, da Madonna, em versão hard rock, ambas tocadas no show, com esta última trazendo uma dose de familiaridade. Realmente brilharam na segunda parte do show, executando o lado B de seu álbum autointitulado, com músicas mais animadas e com mais peso, valendo destacar a sinistra Make Us Proud, a chiclete Father I Have Sinned, que contou com o público cantando seu refrão, e a grandiosa The Dark Messiah, que concluiu um show que chamou bastante a atenção do público. Foi uma bela performance, e não só porque eram freiras com a rabeta de fora. Além disso, algumas integrantes foram vistas a caráter curtindo os últimos shows da noite, novamente ocasionando comoção.

ARMORED SAINT (Ice Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos: Belmilson dos Santos

Em 2018, quando da estreia do Armored Saint no Brasil, o grupo não apenas fez um dos melhores shows daquele ano – assistido, inclusive, pelo saudoso Steve Grimmett (Grim Reaper, Onslaught, Lionheart e Steve Grimmett’s Grim Reaper) -, como também fez o palco do Fabrique Club (SP) parecer ainda menor do que já era. A energia da banda era tamanha que, após a apresentação, muita gente comentou que o Armored Saint merecia retornar ao país para tocar em um local de maiores dimensões. E, como dizem: “a voz do povo é a voz de Deus”. Sete anos depois, John Bush (vocal), Phil Sandoval (guitarra), Jeff Duncan (guitarra), Joey Vera (baixo) e Gonzo Sandoval (bateria) mantiveram a mesma energia e detonaram no Ice Stage do Bangers Open Air. Em novembro de 2024, Vera declarou em entrevista que, em 2025, o Armored Saint faria apenas dois shows, sendo o primeiro justamente no Bangers, já que a banda se concentrará na gravação do sucessor de Punching the Sky, lançado há cinco anos. Mesmo estando cinco meses longe dos palcos, o grupo norte-americano demonstrou entrosamento e fez mais uma apresentação memorável em solo brasileiro – apesar de a qualidade do som nas primeiras músicas, especialmente no vocal de John Bush, ter estado irritantemente aquém do que a banda merece.

E por falar em John Bush, o ex-Anthrax – e quase vocalista do Metallica (sim, antes de James Hetfield se sentir confiante para cantar, Bush foi convidado pela banda, mas optou por continuar ao lado dos amigos de juventude no Armored Saint) – roubou a cena. Logo na abertura, com a faixa-título do primeiro álbum da banda, March of the Saint, Bush soltou o vozeirão. Já em outra música clássica do mesmo álbum, Can You Deliver, o frontman – que, em 2018 chegou a cantar em cima do balcão do bar do Fabrique Club – saltou do palco, saiu cantando da Pista Lounge até o corredor que a separa da pista comum, próximo das pessoas que assistiam ao show naquele setor. Foi um momento impagável, mas que quase deu errado: ao pular do palco, Bush caiu de mau jeito e se estatelou no chão, quase batendo a cabeça na quina do praticável (faltaram centímetros!) onde estava posicionada uma das cameras responsáveis pelas imagens do telão. Imediatamente, recebeu a ajuda de um dos seguranças para se levantar e correu para os braços do público, antes de voltar ao palco. Outro que, como de costume, teve uma performance frenética foi Joey Vera, que não parava de agitar, gesticular e fazer caras e bocas nem por um segundo. No repertório, o ponto alto foi Last Train Home, música do aclamado álbum Symbol of Salvation (1991), que também foi representado por Reign of Fire, a última de um dos melhores shows entre todos os que rolaram nos três dias de Bangers Open Air.

PRETTY MAIDS (Hot Stage)

Por Luiz Tosi

Fotos: Belmilson dos Santos

Velho sonho de consumo dos fãs brasileiros, finalmente o Pretty Maids veio ao Brasil! Com mais de 40 anos de estrada, os dinamarqueses sempre estiveram no radar dos mais apaixonados – é daqueles nomes que a gente sempre se perguntava se um dia viriam –, fazendo deste um dos shows mais aguardados do Bangers Open Air 2025. A espera valeu – e muito.

A apresentação foi comovente do começo ao fim. Ronnie Atkins, depois de tudo que passou nos últimos anos tratando um câncer de pulmão, segurou a bronca com dignidade, carisma e entrega. Era impossível não se arrepiar ouvindo Back to Back, Red, Hot and Heavy, I.N.V.U., Future World e a sempre linda Little Drops of Heaven. E quando veio Please Don’t Leave Me – cover de John Sykes e que é tecnicamente uma música do Thin Lizzy gravada pelo Pretty Maids em 1992 – foi difícil segurar a emoção. O público lavou a alma, cantando tudo. O show deixou claro: não era apenas uma estreia, mas uma reparação. Um acerto de contas com o tempo. Um encontro esperado por décadas e, agora, eternizado. Fica a torcida por uma volta em breve – com um set mais longo.

DORO (Ice Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos: Andre Santos

Embora a rainha alemã do heavy metal tenha se apresentado no Brasil há apenas dois anos, na penúltima edição do Monsters of Rock, é sempre um prazer quando a senhorita Doro Pesch – ou, simplesmente, Doro -, retorna ao país. No Bangers Open Air, quando essa eterna menina surgiu no palco cantando e encantando com I Rule the Ruins e desfilando jovialidade, ela revitalizou as energias de quem já demonstrava algum sinal de cansaço. É contagiante ver Doro, aos 60 anos, vibrando como sempre por estar no palco e demonstrando, com seu sorriso inesgotável, o amor que tem pelo heavy metal e por seus fãs. Os fãs do Warlock não tiveram do que reclamar do repertório da cantora. Logo no início, além de I Rule the Ruins, Doro despejou uma rajada de músicas inesquecíveis de sua ex-banda: as viciantes Earthshaker Rock, Burning the Witches – essa com o público participando a plenos pulmões -, Hellbound e Fight For Rock. Neste início, Doro deu um banho de anos 80 de arrepiar, acompanhada por sua banda formada pelo brasileiro Bill Hudson (guitarra), Bas Maas (guitarra), Nick Mitchell (baixo) e Danny Piselli – baterista que substituía Johnny Dee, atualmente envolvido nas gravações do novo álbum do Tyketto.

Prosseguindo, Doro mandou duas de sua carreira solo: Time For Justice, de seu mais recente álbum de estúdio, Conqueress – Forever Strong and Proud, de 2023, e Raise Your First in the Air, de Raise Your Fist (2012). Porém, um dos momentos mais emocionantes veio com a belíssima Für Immer, com Doro cantando lindamente, acompanhada de uma bateria com efeitos, e Bill Hudson assumindo os teclados. Nessa, após o solo de gelar a espinha executado por Maas, Doro se enrolou em uma bandeira do Brasil e foi ovacionada. Em seguida, ainda empunhando a bandeira nacional, a cantora comandou o coro da plateia, que estava encantada com a apresentação dessa que é uma das personalidades mais queridas do heavy metal. Depois de outra de seu último álbum, a música Fire in the Sky, Doro mandou o clássico Breaking the Law, do Judas Priest. Na pista, os fãs corresponderam com um circle pit. Após sua banda ameaçar For Whom the Bell Tolls, do Metallica, Doro puxou o refrão mais famoso de sua carreira: “All We Are / All We Are / We Are / We Are All / All We Need”. E foi assim, com All We Are – música que abre o quarto e último disco do Warlock, Triumph and Agony (1987) -, que a Metal Queen encerrou aquele que, na minha opinião, foi o melhor show que já fez em solo brasileiro.  

GLENN HUGHES (Hot Stage)

Por Luiz Tosi

Fotos: Belmilson dos Santos

Glenn Hughes foi a escolha certeira para encerrar a noite de warm-up do Bangers Open Air. Afinal, estamos falando de uma lenda viva. Desde 2018, Hughes vem rodando o mundo com a turnê “Glenn Hughes Performs Classic Deep Purple Live”, dedicada exclusivamente ao período em que integrou o Deep Purple, entre 1973 e 1976. Essa mesma apresentação passou pelo Brasil em novembro de 2023, numa série de oito shows pelo país. No Bangers, o setlist manteve-se fiel àquela ocasião, trazendo clássicos como Stormbringer”, Might Just Take Your Life, Sail Away e Burn. Apesar de uma performance ainda impressionante, notou-se uma energia mais contida por parte do cantor, que se movimentava e se comunicava de forma menos efusiva que aquela pela qual é conhecido. Ele mesmo mencionou que havia chegado a São Paulo naquela manhã e que retornaria para Los Angeles no dia seguinte – um cansaço compreensível. Ainda assim, sua entrega foi mais que suficiente para conquistar o público.

Acompanhado por uma banda afiada – Søren Andersen na guitarra, Bob Fridzema nos teclados e Ash Sheehan na bateria –, Hughes conduziu o show com maestria. O destaque da noite foi justamente Sheehan, cuja performance durante o medley iniciado por You Fool No One foi simplesmente hipnotizante. Confesso que tenho certa resistência a solos de bateria, mas o que ele apresentou foi muito além disso: foi um espetáculo à parte. Pegando alguns de surpresa, Glenn anunciou que este seria o último show da turnê dedicada exclusivamente ao Deep Purple. Uma despedida simbólica de uma fase importante de sua carreira.

Mas o cantor não pretende desacelerar. Recentemente, anunciou a turnê “The Chosen Years”, que abrangerá toda a sua prolífica trajetória, incluindo clássicos do Trapeze, Hughes/Thrall, Iommi/Hughes, Black Country Communion e, claro, Deep Purple. Além disso, um novo álbum solo está previsto para agosto. E, para alegria dos fãs brasileiros, a nova turnê já tem cinco datas confirmadas no país em novembro. Glenn Hughes continua desafiando o tempo e mostrando por que é conhecido como “The Voice of Rock”. Que venha a próxima fase.

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