BEAT – SÃO PAULO (SP)

9 de maio de 2025 – Espaço Unimed

Por Marcelo Gomes

Fotos: Roberto Sant’Anna

Em uma memorável noite de sexta-feira, 9 de maio, o Espaço Unimed, em São Paulo, tornou-se o palco de uma celebração do rock progressivo com a aguardada estreia brasileira da banda Beat. Este projeto reúne talentos extraordinários: Adrian Belew, com sua guitarra inventiva e vocais característicos; Tony Levin, mestre do baixo e do Chapman Stick; Steve Vai, renomado guitarrista conhecido por sua técnica e expressividade singulares; e Danny Carey, baterista da banda Tool, cuja força e precisão são amplamente reconhecidas. Juntos, propuseram-se a revisitar e dar nova vida ao repertório seminal do King Crimson produzido durante a década de 1980, um período marcante tanto para a banda quanto para seus admiradores. A atmosfera era de grande expectativa, com uma audiência diversificada, unida pela promessa de uma experiência musical única.

A banda Beat transcendeu a ideia de um simples tributo, apresentando-se como um grupo coeso e dedicado a entregar interpretações autênticas e criativas. Cada integrante trouxe sua bagagem e perspectiva individuais, resultando em releituras que respeitaram a essência das composições originais ao mesmo tempo em que as expandiram com novas abordagens. O espetáculo foi uma ode à criatividade audaciosa, à coragem de reinterpretar um legado e à vitalidade contínua da música do King Crimson. Importante destacar que o projeto recebeu o endosso explícito de Robert Fripp, fundador do King Crimson, que manifestou seu apoio à iniciativa, conferindo ao Beat uma legitimidade singular como continuação da exploração sonora desenvolvida pela banda nos anos 1980. Adrian Belew expressou seu entusiasmo, destacando o desejo de reviver músicas que ele descreveu como atemporais, belas, intrincadas e viscerais, criadas entre 1981 e 1984, tanto para os fãs antigos quanto para uma nova geração que nunca teve a chance de assistir à formação original ao vivo.

A estrutura do espetáculo foi pensada para promover uma imersão musical completa, dividida em dois blocos principais, separados por um intervalo de aproximadamente 25 minutos, culminando em um encore vibrante. O primeiro set do Beat teve início com a intensidade pulsante de Neurotica, estabelecendo o alto nível técnico e emocional da apresentação. A guitarra de Belew criava paisagens sonoras surreais, enquanto Steve Vai tecia solos e bases com melodia e complexidade técnica impressionantes. Tony Levin, alternando entre baixo e stick, fornecia a espinha dorsal rítmica e harmônica, conferindo profundidade a canções como Neal and Jack and Me e Heartbeat. A sequência prosseguiu com Sartori in Tangier, marcada por timbres exóticos, e com interpretações inspiradas de Model Man, Dig Me e Man With an Open Heart. O ápice do primeiro bloco se deu com Larks’ Tongues in Aspic (Part III), em que o virtuosismo de cada músico ficou evidente diante da complexidade da composição.

Após o intervalo, o segundo set teve início com Danny Carey à frente do palco para conduzir Waiting Man. Sua execução precisa e expressiva impressionou o público, que acompanhava em silêncio reverente. The Sheltering Sky trouxe à tona o lado mais experimental do King Crimson, enquanto Sleepless e Frame by Frame apresentaram estruturas rítmicas mais fluidas, dentro dos padrões da banda, permitindo certo alívio à tensão acumulada. Matte Kudasai, com sua atmosfera melancólica, estabeleceu uma conexão emocional definitiva entre banda e plateia. A sequência incluiu uma performance coesa de Elephant Talk, na qual Carey incorporou sua personalidade ao groove da faixa, e culminou com interpretações intensas de Three of a Perfect Pair e Indiscipline, encerrando o set principal sob fortes aplausos.

Antes do bis, Adrian Belew retornou ao palco para anunciar que aquela era uma data especial: o aniversário de Danny Carey. O músico foi homenageado com um bolo e um coro emocionado de Parabéns a Você cantado pelo público. Em seguida, a banda apresentou uma versão arrebatadora de Red, música emblemática que sintetiza a sofisticação harmônica do King Crimson. O encerramento ficou por conta de Thela Hun Ginjeet, que emanou para o Espaço Unimed sua alma intrigante e provocadora, cuja energia e lirismo selaram a noite de forma impactante, deixando uma marca profunda em todos os presentes.

A apresentação do Beat em São Paulo foi muito mais do que uma homenagem; representou uma reafirmação vigorosa do legado e da relevância da música progressiva. Adrian Belew e Tony Levin, com sua longa história dentro do King Crimson, demonstraram entusiasmo genuíno ao lado de Steve Vai e Danny Carey, que injetaram vitalidade e personalidade própria aos arranjos. O resultado foi uma noite memorável, em que excelência técnica, paixão e ousadia criativa convergiram para criar uma experiência musical que, certamente, permanecerá viva na memória dos fãs brasileiros. Durante cerca de duas horas, São Paulo foi transportada ao coração do universo sonoro do King Crimson – e o Beat entregou uma performance à altura dessa história monumental.

Beat setlist:
Ato 1
Neurotica

Neal and Jack and Me
Heartbeat
Sartori in Tangier
Model Man
Dig Me
Man With an Open Heart
Industry
Larks’ Tongues in Aspic (Part III)


Ato 2
Waiting Man

The Sheltering Sky
Sleepless
Frame by Frame
Matte Kudasai
Elephant Talk
Three of a Perfect Pair
Indiscipline

Bis
Red

Thela Hun Ginjeet

 

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