DOGMA – SÃO PAULO (SP)

19 de maio de 2025 – Manifesto Bar

Por Fernando Queiroz

Fotos: Roberto Sant’Anna

De todas as inúmeras bandas de integrantes “anônimos”, uma das mais proeminentes, em especial na América Latina, é o Dogma. As garotas com vestimentas de freiras sugestivamente sensuais, corpse paints e performances provocantes, além de letras “polêmicas” sobre religião e sexualidade, geraram um fascínio no público, que rapidamente abraçou a ideia e as alçou a um nível de popularidade bem alto. Não se divulga sequer de onde elas são e suas entrevistas são sempre em inglês, não importa para onde seja. Esse apelo de mistério e sensualidade, porém, não são os únicos atributos que fazem a banda ter se tornado popular – o grupo é realmente é bom, com boas instrumentistas e grande carisma, e isso, claro, faz com que virem alvo de ódio gratuito na internet. Bom para elas, aliás, pois aparentemente isso só as torna maiores! A prova foi esse show, em uma segunda-feira e com menos de uma semana de divulgação, que encheu o Manifesto Bar, em São Paulo, mesmo após fazerem três shows nos dois dias anteriores, abrindo para o cantor Fabio Lione.

A abertura das portas da casa estava marcada para às 20h, um tanto tarde para uma segunda-feira, e não havia definição do horário que começaria o show. A fila era grande, e como demorou bastante para todos entrarem o show começou apenas após às 22h. Um certo transtorno, mas, de qualquer forma, como não havia um horário marcado para o show, não se pode falar em atraso propriamente.

Era interessante ver como, em pouco tempo, as garotas angariaram uma grande quantidade de fãs. E fãs dedicados! Não era incomum esbarrar em alguém vestido de padre, e menos ainda em moças com maquiagens semelhantes às das integrantes, além das vestes de freiras. Já tarde da noite, quando todos estavam acomodados no Manifesto, que não é conhecido por seu atual layout ser convidativo a shows grandes, a introdução típica dos shows delas começou a tocar nas caixas de som – vale a menção, o bar está de mudança para outro endereço, supostamente maior e melhor para esse tipo de evento.

O show do Dogma começou, assim como no dia anterior e na apresentação no Bangers Open Air, em que foram um dos destaques do primeiro dia, com Forbidden Zone, faixa de abertura, também, de seu primeiro (e até agora único) álbum autointitulado. Diferentemente das apresentações anteriores, sem repertório completo por conta do tempo limitado, dessa vez tivemos dezesseis músicas tocadas em quase duas horas de show. Logo após a abertura, já vieram duas que não estavam nos shows anteriores: Feel the Zeal e Be Free, para então tocar outro “repeteco”, My First Peak. Por conta de sua ainda curta carreira, tocaram seu debut na íntegra, mas não ficaram nisso. Houve músicas não lançadas em álbum, apenas em singles, o que ajudou a enriquecer o setlist da noite, como é o caso de Banned, além de um cover da cantora americana Madonna, a clássica Like a Prayer, que vem sendo uma espécie de cartão de visitas das freiras.

Talvez seja a própria proposta da banda, mas há uma certa falta de interação com o público quando se trata de falar com a plateia. Isso é compensado pelas performances teatrais delas, que usam de um certo apelo sexual velado, e da ótima presença de palco, em especial, da baixista Nix e da guitarrista Rusalka – uma mulher muito alta e que sabe usar sua estatura para se sobressair no palco. A iluminação e o som, como é de costume no Manifesto, não são jamais dignos de nota dez, mas entendemos a limitação do lugar (quem já foi lá sabe como é, e nós, particularmente, já estamos acostumados), e isso não tirou o brilho da noite, nem o desnecessário solo de bateria.

Digno de nota, também, foi o medley, apelidado por elas de “The Tribute”, em que tocam riffs e partes icônicas de clássicos do metal, como foi o caso de alguns sons de Pantera, Iron Maiden, Megadeth e Lamb of God, para então saírem do palco com um de seus sucessos, Pleasure from Pain. Claro que o show não acabaria, e para surpresa de ninguém, voltaram para tocar as duas saideiras que faltavam, Father I Have Sinned e The Dark Messiah.

Agora, sim, missão cumprida, e a turnê extensa por nosso continente finalizada. E com sucesso! É muito impressionante, inclusive, ver como a banda cresceu em engajamento do público, com suas redes sociais indo das milhares para as centenas de milhares de seguidores num intervalo de poucos meses. Desde sua participação, ano passado, no Odin’s Krieger Fest, no qual foram co-headliners, para agora, para quem acompanhou sua trajetória, é muito interessante ver essa evolução na popularidade delas. Claro que, de certa forma, é impossível não fazer a comparação com o Ghost, uma das precursoras dessa proposta de “mistério” sobre os integrantes, e se elas alcançarão o patamar do papa sueco, é algo que vamos ver. No caminho certo, estão – se não estivessem, não seriam uma das atrações do Wacken Open Air esse ano!

Setlist
Forbidden Zone
Feel the Zeal
Be Free
My First Peak
Made Her Mine
Banned
Solo de Bateria
Carnal Liberation
Free Yourself
Like a Prayer (cover da Madonna)
Bare to the Bones
Make Us Proud
The Tribute (Medley de clássicos do metal)
Pleasure from Pain
Father I Have Sinned
The Dark Messiah

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