Por Leandro Nogueira Coppi
No último sábado, 05 de julho de 2025, o mundo parou para acompanhar a despedida do Black Sabbath com sua formação original completa – reunida em um palco com Bill Ward após 20 anos – e também o adeus de Ozzy Osbourne dos palcos. O evento beneficente “Back to the Beginning“, muito bem organizado por Sharon Osbourne, esposa e empresária de Ozzy, entrou para a históriaa como um dos acontecimentos mais emocionantes já presenciados no rock e no heavy metal.
O palco do Villa Park, estádio do time inglês Aston Villa, localizado em Birmingham, cidade natal do Black Sabbath, foi o cenário do fim de uma era. A banda, que em 1968 surgiu como Polka Tulk Blues Band (antes de mudar para Earth no ano seguinte e adotar definitivamente o nome Black Sabbath em 1970), foi a pedra fundamental da música pesada.
Indiscutivelmente, os olhos do mundo estavam voltados principalmente para Ozzy. Ansiosos por vê-lo performar tanto com sua banda solo quanto com seus parceiros de Black Sabbath, os fãs também estavam apreensivos quanto à sua condição para encarar essa última aparição em um palco. O próprio Tony Iommi havia declarado anteriormente sua preocupação com o estado de saúde do companheiro. Felizmente, apesar de visivelmente fragilizado pelo Parkinson e por outros problemas recentes, Ozzy brilhou. Mesmo cantando sentado em um trono especialmente preparado para a noite histórica, ele se saiu muito melhor do que muitos esperavam: cantou bem, sorriu, vibrou, agitou como pôde, emocionou e se emocionou.
Em segundo plano – mas não menos importante -, Bill Ward também era uma presença muito aguardada. Muitos contavam os dias para matar a saudade de vê-lo ao lado dos velhos companheiros, após duas décadas de afastamento. Para uma grande parte do público e dos espectadores, esta foi a primeira oportunidade de ver o quarteto reunido. Apesar de visivelmente nervoso e de cometer algumas escorregadelas na execução de certas músicas – com direito até a olhares reprovadores de Iommi em uma dessas “atravessadas” – esses deslizes pouco importaram diante da emoção coletiva de presenciar um momento tão esplendoroso. E convenhamos: após tantos anos sem tocar juntos e com poucos ensaios, foi até reconfortante lembrar que até lendas cometem erros.
Quanto a Tony Iommi, quem diria que um dia veríamos o “riffmaster” do heavy metal tendo uma performance mais contida? Mas, calma, caro leitor: digo “contida” apenas pela comoção em torno da saúde de Ozzy e do retorno de Ward. Apenas por isso.
Por fim, precisamos falar sobre Geezer Butler. Em meio a tantas emoções e expectativas, tecnicamente o baixista foi quem mais se destacou pela segurança e consistência de sua performance. Tocando com firmeza, energia e precisão, Geezer reforçou por que é considerado uma referência no instrumento dentro do rock pesado. O ápice de sua participação veio na execução impecável da lendária introdução de baixo de N.I.B.. A clássica linha, marcada pelo uso expressivo de wah-wah e groove encorpado, soou tão visceral quanto em sua gravação original — um lembrete de que, mesmo com o passar do tempo, Butler continua dominando seu ofício com maestria.
Perto de completar 76 anos no próximo dia 17 de julho, Butler segue em plena forma, saudável e tocando com a mesma intensidade e dedicação que o consagraram como um dos monstros das cordas graves. Para este que vos escreve, fica a expectativa – ou melhor, a torcida – para que Geezer não se sinta aposentado. Ainda que não seja com o Black Sabbath, que ele possa se lançar em uma nova empreitada musical ou até mesmo retomar seu ótimo projeto G/Z/R ou o supergrupo Deadland Ritual. Uma nova parceria com Tony Iommi, que também apresenta ótimas condições de prosseguir na música, também não seria nada mal. Veremos o que o futuro nos reserva…
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