POR THIAGO PRATA
Sempre que o Destruction aterrissa em Belo Horizonte, a cidade se torna receptáculo dos riffs certeiros do guitarrista Mike Sifringer, dos vocais rasgados (e os tradicionais gritinhos agudos) de Marcel Schirmer, responsável também pelo baixo, de clássicos destilados com muita fúria e mosh. Quatro anos depois de sua última passagem pela capital mineira, porém, o trio alemão resolveu presentear seus súditos colocando um pouco mais de ingredientes em seu caldeirão de thrash metal – muito bem-vindos por sinal.
Com uma nova formação, contando agora com o baterista Randy Black (ex-Annihilator, Primal Fear) no lugar de Wawrzyniec “Vaaver” Dramowicz, o grupo surpreendeu na noite dessa quinta-feira (20), no Mister Rock, revisitando pérolas de um passado longínquo, como Black Mass (do magistral EP de estreia Sentence of Death, de 1984), um deleite aos mais nostálgicos aficionados, sem se esquecer de injetar algumas doses de petardos mais recentes, vide Armageddonizer (de Day of Reckoning, de 2011).
Antes, porém, de mais uma aula dos mestres germânicos, coube aos mineiros do Hell’s Punch aquecer o público, presente em um número razoável durante a abertura – mas que foi aumentando assim que se aproximava a hora do Destruction subir ao palco. E o quarteto das Gerais deu seu recado com um set de cerca de meia hora de duração, recheado de músicas próprias e uma dobradinha de covers do Slayer, Angel of Death/Raining Blood.
Às 22h30, o Destruction começava a desferir seus golpes, começando com a imortal Curse the Gods – que maneira perfeita de iniciar um show! Obviamente, obras old school eram as mais bem recebidas pelo público, como Tormentor. Mas canções da fase anos 2000, a exemplo de Nail to the Cross –já detentora do rótulo de clássico – também testaram os pescoços dos headbangers na casa. Houve espaço ainda para Dethroned, do mais recente disco de estúdio, Under Attack (2016) – isso sem contar a compilação lançada no ano passado, Thrash Anthems II.
Schirmer tinha o público nas mãos. No entanto, é preciso enfatizar também a usina de riffs que é Mike Sifringer. Sem dúvida alguma, um dos maiores guitarristas da história do thrash metal, mesmo não tendo o merecido crédito que outros baluartes como Gary Holt e Kerry King ostentam. Randy Black, por sua vez, esbanjou toda sua competência e, como não poderia ser diferente, brilhou em um solo de bateria.
Entre uma música e outra, Schirmer mostrava simpatia ao arriscar algumas palavras em português. “Boa noite”, “cerveja” e “um brinde” estavam presentes em seu repertório. O set seguia em alta com Total Desaster, a já citada Black Mass (nunca tocada em solo tupiniquim em turnês anteriores, como frisou o frontman), Thrash Attack e tantas outras, antes do bis alucinante com a excelente Thrash ‘till Death, a cover do The Exploited Fuck the USA – e um discurso do vocalista, vociferando contra os políticos e a corrupção no Brasil e em outras partes do mundo – e a sempre impactante Bestial Invasion, o grand finale de uma destruição de 1h30 de duração.