Após três semanas afastado do circuito devido aos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e por uma sinusite, eis que retorno à rotina de shows. Para quebrar esse jejum, nada melhor do que estar “em casa” para conferir o evento “Metal da Morte”, no Princípios Bar, que recebeu no domingo (06) as bandas Depressed, Golem, Subversilvas, Arthanus, Infected e Terminal Illusion. A casa fica localizada no centro de São Bernardo do Campo e tornou-se uma opção para os amantes da música pesada após o fechamento das portas do Central Rock Bar. Desde então, o espaço já recebeu grandes nomes da música nacional e internacional como Violator, Woslom, Orphaned Land e Exciter, só para citar alguns.
Com o (pouco) público adentrando na casa, às 17h15 o festival teve início com o Terminal Illusion. Atualmente formado por Marcos Cerutti (voz e guitarra) e Rafael Fonseca (guitarra), Helio Patrizzi (baixo) e Enrico Ozio (bateria), ambos do Bywar, a banda mostrou um death metal com inspiração sueca (Unleashed, Amon Amarth, Hypocrisy), só que com um vocal mais berrado emuitas incursões ao metal tradicional, como pode ser visto e ouvido na faixa que dá nome ao grupo e Assemble the Pain. Outro destaque da apresentação foi A Fine day to Fight, que possui riffs cadenciados. Já fazem por merecer um lugar no coração dos deathbangers.
Às 18h10 o Infected começou seu set. Única banda de Thrash no evento, o quinteto, que possui mais de uma década de estrada e formado por Ronaldo “Bodão” (voz), Rodrigo Costa e Henrique Perestrelo (guitarras), Bruno Tarelov (baixo) e Hugo Golon (bateria) mostrou um som perfeito para o banging, como nas clássicas Thrash Mosh Pit e Fight to Survive. Apesar de beberem em fontes como Exodus e Forbidden, os caras mesclam o crossover e bem vindas influências do Metal tradicional, que deixou canções como Bipolarized e Every Rose irresistíveis. Não dá para encerrar sem comentar da atuação do vocalista Bodão. Com uma camisa “Eu Venci a Anorexia”, o frontman fez todos se divertirem com suas caretas e o jeitão à la Gerre (Tankard) de interagir com o público, inclusive com o “Pânceps” bem parecido com a fase antiga do cantor alemão.
Já era noite, mais precisamente 19h15 quando o Arthanus iniciou seu show com Asgard Palace, faixa-título de seu primeiro EP. Nem parecia que o quinteto formado por Thiago (voz), WotanPeguin e Fellipe Magri (guitarras), Bruno Abbate (baixo) e Rogério Luque (bateria, também Midnightmare) estava apenas em seu segundo show, pois a banda é muito segura e o viking metal do grupo tem tudo para angariar muitos fãs por aí. Músicas como Ode to my Enemies e Legion of Gods chamam a atenção pelos arranjos trabalhados, que possuem influências que passeiam de Iron Maiden a Bathory. Além da música de qualidade, os vocais merecem ser citados, pois passeiam do limpo ao gutural com segurança e ao vivo recebe o reforço da dupla de guitarristas, o que garante mais qualidade ao som.
Após o som trabalhado do Arthanus, era hora de retornar a pancadaria. E isso o SubverSilvas fez muito bem. Fellipe (bateria), Harold (guitarra), Jesus (baixo e voz) fazem uma espécie de crossover de metal, hardcore e grind que reúne influências diversas, que vão de White Zombie, Prong, Slayer, Napalm Death e RDP, estes últimos mais sentidos nos vocais. Para aqueles que curtem uma brutalidade trampada é uma ótima pedida. Sons como Lutar, U.S.A, Extrospection e Sentença são ótimas indicações, pois apesar das influências citadas, os caras são criativos e conseguem dar um ar de novidade em suas canções.
Já passavam das 21h quando o Golem subiu ao palco. Com mais de 20 anos de estrada, o quarteto formado por Wagner Cris (voz e guitarra), Alexandre Patrizzi (guitarra), Richard Perli (baixo) e Alexandre Borges (bateria) praticam um Death “olds chool” que possui várias caídas para o doom arrastado. Curiosamente a música da banda soa atual, como podemos perceber em Monster e Tetric. Com muita segurança, o grupo continuou o massacre com sons como Artificial Life, a belíssima InfiniteIsolation e o encerramento com chave de ouro com Cenotaph, clássico do Bolt Thrower.
Às 22:25 o Depressed deu início a última apresentação da noite. Sem cerimônias ou discurso, Giovani Venttura (voz), Rodrigo Jardim e Rodrigo Amorim (guitarras), Stella Ribeiro (baixo) e o temporário Rene Simionato (bateria, Guillotine) foram mandando som atrás de som e o resultado foram canções mórbidas e brutais como Afterlife In Darkness, Reborn in Hellfire, Stormblood e Paradoxical Warcult, que para esse que escreve estas linhas é um dos clássicos do death metal atual. Mas tinha tempo pra mais. Giovani chamou ao palco Marcos Cerutti, do Terminal Illusion e juntos mandaram Impotent God (Hypocrisy). Agony of a Dark Past encerrou a apresentação do quinteto, que promete para breve o lançamento de seu primeiro álbum.
Já eram quase 23h quando o Metal da Morte foi encerrado. Podemos dizer que foi bom evento, que apesar do som não estar 100%, não comprometeu aqueles que estavam assistindo e só ficou devendo no quesito público, que foi muito abaixo do esperado. Creio que se queremos uma cena melhor, temos que fazer nossa parte, pois não adianta apenas ter pessoas atuando, seja organizando, tocando, escrevendo, fotografando. Se não temos o combustível dessa máquina chamada underground, que é o público, como vamos encorajar promotores, organizadores e imprensa a divulgar ainda mais o bom e velho Metal? Vamos refletir rapaziada! Mais do que nunca a cena precisa de seu público, pois senão iniciativas como essa podem desaparecer a qualquer instante.