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HAKEN – 29 de janeiro de 2019, São Paulo/SP

Por Thiago Rahal Mauro

Espero um show da banda inglesa Haken no Brasil há no mínimo seis anos. Conheci o grupo com o lançamento da música “Cockroach King”, do álbum “The Mountain”. Na época, percebi uma originalidade dentro do Heavy Metal Progressivo muito alta. Desde então, acompanho os lançamentos com aquela ansiedade característica de um garoto fã do estilo (mesmo com meus 34 anos ainda me surpreendo com isso no Metal). A tempos não tinha isso com uma banda do gênero. A cada disco, uma nova temática e sonoridade eram apresentadas pelos músicos. Veio “Affinity”, que achei um dos grandes trabalhos de prog da década e eles não vieram com o Haken pro país, mas uns anos depois aportaram em São Paulo com a turnê “Shattered Fortress” de Mike Portnoy. Ali o grande público conheceu a qualidade da banda, que agora com o lançamento de “Vector” pode finalmente vir na América do Sul e do Brasil.

A casa escolhida pela produtora Overload para o show de estreia do Haken no Brasil foi a Fabrique Club, local super bem localizado em São Paulo e próximo ao metrô da Barra Funda. Formado em 2007, o grupo tem despontado como grande sensação do cenário europeu e despertado a curiosidade dos fãs devido a sonoridade criativa, inovadora e dinâmica, principalmente com o lançamento do novo álbum “Vector”, que segundo a crítica mundial é o trabalho mais acessível e pesado da banda. O Haken é formado por Charlie Griffiths (guitarra), Ray Hearne (bateria), Richard Henshall (guitarra), Ross Jennings (vocal), Diego Tejeida (teclado) e Conner Green (baixo).

Pontualmente às 21h, as luzes do Fabrique Club se apagaram para dar início a introdução “Clear”, emendada com “The Good Doctor”, faixa de abertura do novo álbum “Vector”. O som estava cristalino e os destaques ficaram para o groove do baterista Ray Hearne com a interpretação característica do vocalista Ross Jennings. O refrão dessa música é bem impactante e teve grande apoio dos fãs presentes. Na sequência, tivemos “Puzzle Box”, outra faixa energética do novo disco. Esta mostra o lado técnico e preciso dos músicos, pois é um show a parte observar eles tocarem e interpretarem coisas tão complicadas, mas como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Uma pequena pausa para Ross se comunicar com o público, que agradeceu a presença dos fãs. Muito felizes pela oportunidade de ver a banda, os fãs gritavam bem alto a cada solo e refrão apresentado pelo Haken. A climática e atmosférica “Falling Back to Earth” foi a escolhida para aliviar a tensão pós peso inicial. É impressionante como os climas criados pelos músicos te levam para outros caminhos.

Um dos momentos mais esperados do show foi com a clássica “Cockroach King”. Nela temos uma interação bem legal com o público, que brinca com o vocalista em certas partes e canta o refrão e partes operísticas tudo junto com os músicos. Detalhe curioso das dancinhas que rolavam na plateia durante essa faixa, bem característica dela. Na sequência, fomos agraciados com música instrumental “Nil by Mouth”, do novo álbum “Vector”. Nela, a banda acabou homenageando o Pantera com um pequeno trecho inserido no final com “By Demons Be Driven”, do “Vulgar Display of Power”. Uma grande música ao vivo com muita participação dos fãs.

Enfim, chegamos no momento mais esperado do show para mim. O momento em que a banda iria apresentar “1985”, na minha opinião, a música prog metal da década. Os climas dela no começo já te levam para a década de oitenta e levada de guitarra de Charlie Griffiths é muito marcante, te prende e da norte ao restante da composição. A espera não deixou a desejar, fez jus ao que sempre esperava em ver ao vivo. Temos uma interação a mais nessa faixa ao vivo, pois o vocalista coloca um óculos 3D que brilha, lembrando a era das descobertas tecnológicas do meio dos anos oitenta.

Voltando para 2019, o Haken apresentou a faixa “Veil”, uma da mais cultuadas pelos fãs do novo álbum “Vector”.  Esta pode ser considerada a perfeita combinação de peso e técnica, mas ainda assim se tornando acessível para quem não é tão familiarizado com o Metal Progressivo. “The Architect” fechou a primeira parte do show com um épico daqueles de deixar qualquer um sem fôlego. Uma de minhas favoritas do “Affinity” e que deverá ser cultuada pelos fãs por muitos anos.

No Bis, duas surpresas que não esperava no repertório até começar a turnê sul americana. “Crystallised”, do EP “Restoration”, foi apresentada na íntegra com seus 19 minutos de pura criatividade e intensidade. Com mais de 1 hora e meia de show, a banda ainda apresentava um show perfeito em termos de execução. Para finalizar o show, a épica “Celestial Elixir”, do primeiro álbum Aquarius. Um ‘gran finale’ daqueles de deixar qualquer um dos fãs sem fôlego até o dia seguinte. Uma curiosidade é que as três últimas músicas do show começaram as 22h e finalizaram as 23h, o que dá 1 hora de apresentação somente com três faixas. Impressionante!

Após finalizar a última música, a banda agradece o público com ares de dever cumprido. A sensação de todos que saíram do Fabrique Club é de que viram um grande show de uma banda que tem tudo para se tornar grande dentro do Metal. Esperamos e torcemos que essa primeira turnê na América do Sul eleve o nome do Haken e se solidifique cada vez mais na mente e nos corações de novos fãs de Metal.

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