Na última quinta-feira, 19, o escritor Maurício Panzone e membros do Korzus receberam a imprensa em coquetel realizado na loja Central Panelaço, de propriedade de João Gordo, vocalista do Ratos de Porão, para falar sobre a biografia “Guerreiros do Metal”. Lançada oficialmente no dia 14 de dezembro, em tarde de autógrafos na lendária Woodstock Discos, “Guerreiros do Metal” é o primeiro livro escrito por Panzone, um apaixonado pela música e pelo cenário nacional do heavy metal, e que nos anos 1980 foi responsável pelo fanzine Mayhem. A história do Korzus, instituição do thrash metal sul-americano, funde-se à do próprio heavy metal brasileiro e sua trajetória precisava mesmo ser dissecada.
Conhecido também como “Hominho”, Maurício Panzone conversou com a ROADIE CREW e contou de onde surgiu a ideia de escrever a biografia do Korzus: “Eu fazia fanzine nos anos 80, pois gostava muito de escrever, e há uns três anos peguei um monte de anotações que eu tinha. Ao longo do tempo, fui escrevendo sobre a cena, que eu acompanhei, como os shows do Espaço Mambembe e por aí vai, mas a coisa foi tomando um corpo muito grande, então tive a ideia de focar em uma banda. Comecei a rabiscar e vi que eu tinha muitas anotações que passavam pelo Korzus. Então, procurei o Dick (Siebert, baixista) e lhe contei sobre a minha ideia. Há uns dois anos contei também ao (Marcello) Pompeu (vocalista) e daí meti as caras”, revelou.
Panzone também contou quais foram as maiores dificuldades para costurar as histórias no livro: “A parte dos anos 80 e 90 foram mais fáceis, pois acompanhei muita coisa. Já os anos posteriores foram mais desafiadores, me exigiram maior pesquisa. Claro, acompanho o metal até hoje e nunca deixei de ouvir nenhum dia, mas o trabalho de pesquisa dessa época atual foi mais intenso, pois eu não conhecia muito as bandas novas, o que eu ouvia já tinha quinze, vinte anos, e eu não estava mais inserido no cenário”. O escritor também falou do processo para a criação do livro: “Foi um processo de três anos, de muita pesquisa e luta, conversando com muita gente. Esquecemos de várias pessoas, mas conseguimos juntar o máximo de pessoas possível, desde ex-integrantes e lojistas, como, por exemplo, o Luiz Calanca (presente no coquetel), da Baratos Afins. Uma coisa legal é que o entrevistado número um foi o Marcos Korzus, que era um moleque do bairro, de onde tiraram o nome para a banda. Pensei mesmo em começar por ele, então fiz uma cronologia em relação as entrevistas. Claro que, ao longo do tempo, as coisas não saíram como programadas, por conta do difícil acesso às pessoas, algumas delas responderam muito tempo depois, outras demoraram a levar à sério o lance do livro, não botaram fé, pois achavam que era uma brincadeira. Mas decidi fazer, estava a fim e cheio de gás. Procurei um cara que manjava de edição e que fez muitas biografias, que é o Marcelo Viegas. Lendo o nome dele na tradução do livro do Slayer, pensei nele. A praia dele não é o metal, mas biografia é a especialidade dele, apesar de ele ser de outro universo. No fim, deu uma parceria legal, inclusive com a equipe dele, que fez a diagramação”, afirmou.
Quanto ao conteúdo do livro, Panzone disse ter tido liberdade para escrever “Guerreiros do Metal”: “Tivemos total autonomia para fazermos as coisas, já que não havia interferência externa. No começo, até fui atrás de algumas editoras, mas decidimos fazer do jeito que queríamos, sem pressa. Ao longo do tempo mandei alguns textos para a banda. Tenho uma amizade grande com o Dick, e ás vezes eu ia à casa dele e ficávamos conversando. Na verdade, o livro é uma celebração, abordo alguns temas mais indigestos, mas não os exploro, porque não tem lado, a intenção é apenas celebrar a cena. O livro é do Korzus, mas poderia ser do Krisiun, do Viper… Foi um trabalho bem democrático. Pô, um livro não é uma coisa comum, então não tem espaço para melindre, todo mundo tem que participar”, vibrou o escritor.
Dick Siebert, que desde a fundação em 1983 integra o Korzus, falou de Maurício Panzone: “O Maurício é brother meu e do Korzus há mais de 30 anos. Meu amigo. Ele sempre foi apaixonado por Metal e no começo dos anos 80 fazia o fanzine Mayhem e umas resenhas para a Eldorado (gravadora), mas entrou para o mundo corporativo e permaneceu por 29 anos, porém sempre com a paixão do metal, indo aos shows. Ele queria falar sobre o movimento dos anos 80, sobre a época, que eu brinco ser a Era de Ouro, o Marco Zero. Fui o braço direito dele nessa “brincadeira”, por mais que papel, caneta e lápis para mim sempre foram para desenhar e não para escrever. Na época da escola, redação eu só tirava zero, pois eu só gostava de desenhar.”, brincou. “Eu sou um colecionador. Tenho tudo do Korzus, desde o primeiro cartaz, o primeiro crachá (credencial ou backstage pass) até hoje, guardo tudo, até matéria. Então, o Maurício começou a escrever e a seguir os amigos, a rapaziada que fez parte desta história desde o começo. Ele conhecia muita gente, então foi pegando informação e fazendo um apanhado. Ele, o Pompeu e eu íamos trocando ideias, dando uma corrigida, lembrando nomes… Como ele mesmo diz, eu sei que muita coisa vai ficar na estrada e não daria para colocar tudo, afinal, são muitas histórias, mas sendo o braço direito dele, conseguimos fazer. Foi três anos para juntar todo esse apanhado. 90% dessas imagens, cartazes e fotos foram tudo dos meus arquivos, então é um puta prazer ver esse livro sendo lançado”, comemorou.
Siebert também comentou sobre se estava ou não nos planos do Korzus ter uma biografia: “Não sei se tínhamos essa ideia em mente. Teve uma época que fizemos um livro de imagens, porque, como eu disse, tenho muito arquivo. No entanto, vimos que ficaria muito caro fazer algo bonito, colorido, capa grossa e tal. Então, quando começou a surgir esse projeto novo, a gente acreditou e deu o aval para o Maurício tocar em frente. Agora que ele realizou este projeto, estamos surpresos com o alcance que está tendo. A mídia do metal toda está falando deste projeto como se fosse o lançamento de um novo álbum, então atingimos nosso objetivo, na verdade, até superamos. Nosso principal objetivo quando montamos esse livro era fazer com que ele fosse agradável, não aquela biografia cansativa que você só a lê, tendo que ficar criando as imagens na sua mente. Nosso livro tem muitas imagens, muitas fotos que nunca foram mandadas para revistas, então é um livro interativo. Isso é legal e está rendendo muitos comentários positivos, em apenas duas semanas de lançamento. O pessoal tem dito que está super agradável de ler, está fluindo. Muitos dizem: ‘eu lembro dessa imagem’, ‘ eu lembro desse show’, ‘eu estava lá’… Isso é legal pra caramba, está sendo bastante gratificante”, finalizou.
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