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The Sisters of Mercy – 10 de Novembro de 2019 – Rio de Janeiro/RJ

Por Claudio Borges | Fotos: Alexandre Cavalcanti

A abertura da noite ficou a cargo dos curitibanos da The Secret Society. O trio formado por Guto Diaz (baixo e voz), Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria) arrancou aplausos e entusiasmou quem se dispôs a chegar cedo. Veteranos da cena alternativa da sua cidade, eles mostraram entrosamento e ótimo domínio de palco – tocaram juntos na banda Primal…(sim, com reticências mesmo). A pesada e hipnótica “Mephistofaustian Transluciferation”, de cara, entrega a influência de Killing Joke infiltrada em uma composição forte e muito bem resolvida.

Se em seu álbum de estreia, o excelente “Rites of Fire” (2019), os três utilizaram efeitos e teclados aqui e ali, ao vivo é na integração de seus instrumentos que reside sua força. Custódio imprime o ritmo de forma segura e precisa, enquanto Guto provê a ambiência e a estrutura das frequências baixas e pegajosas, e cabe a Fabiano interseções dissonantes, peso e solos certeiros. Além disso, Diaz se mostra um carismático vocalista, acentuando sua performance com bastante simpatia.

The Secret Society

Abertura de shows internacionais é tarefa hercúlea, e quem já foi escalado para turnês com as Irmãs sabe o quão exigente é seu público. Que o digam Nenhum de Nós (1990) e Libra (2009). O trio fez disso um mero detalhe e desfiou seu repertório maduro. Single não incluído no álbum, “Fields of Glass” arrancou aplausos, mas foi na melódica “Mercy” (uma mistura de Paradise Lost, The Cure e Sisters of Mercy) que a Secret Society foi ovacionada. “The Architecture of Melancholy” – mais um single fora do álbum e que deveria ter sido incluído – e “Rubicon” mostraram uma banda pronta para desafios maiores.

O ponto final veio com “Cry for Love”, cover do Iggy Pop que arrancou elogios da Irmã maior, Andrew Eldritch. O cantor do Sisters parabenizou Guto e lhe confidenciou ser essa uma de suas canções favoritas. Ponto para a banda. Nem precisava, pois todos os pontos necessários foram distribuídos em meio ao entusiasmo e acolhimento recebidos durante toda apresentação. Que a Sociedade não permaneça um segredo e retorne à cidade em breve.

The Secret Society

Único remanescente da formação original do The Sisters of Mercy, Andrew William Harvey Taylor, mais conhecido como Andrew Eldritch, agora um “senhor” de 60 anos de idade, caminha calmamente para o centro do palco. Com menos fumaça que o habitual – marca registrada de suas apresentações desde meados dos anos 80 –, é possível ver bem o restante do grupo entrar no palco em sua usual penumbra. Ravey Davey (responsável por todo aparato tecnológico – bateria, baixo e teclados são pré-gravados), Ben Christo (guitarra e backing vocal) e o estreante Dylan Smith (guitarra e backing vocal) se posicionam enquanto a introdução de “More” faz o público se animar. Em versão reduzida, o hit do álbum “Vision Thing” (1990) explodiu em um mar de cores e no refrão grudento.

Sem tempo a perder, outra do mesmo disco, “Ribbons”, transformou a casa em um mar rubro. Último registro fonográfico, a coletânea “A Slight Case of Overbombing” (1993) ainda trouxe a inédita “Under the Gun”, mas “Vision Thing” forneceu a maior parte das músicas do show, além de emprestar a sonoridade que virou a tônica do grupo: hard rock calcado em riffs de guitarra em substituição ao soturno e lúgubre baixo cheio de Chorus, marca registrada até 1985. Com dois guitarristas que entendem do riscado e capricham nas poses à la Judas Priest e Scorpions, a tarefa fica fácil. Algo muito bem evidenciado na inédita “Crash & Burn” e na aglutinação de “Doctor Jeep” com “Detonation Boulevard”.

The Sisters of Mercy

Mesmo a profusão de riffs e poses não conseguiram esconder um dos pontos baixos da apresentação: Eldritch passou a maior parte do tempo mais declamando as letras do que as cantando. Some-se a isso uma péssima mixagem, na qual sua voz, de registro baixo, estava enterrada sob os backings vocals, guitarras e bateria. Ou seja, quase inaudível. Mas bastou o aceno à sonoridade mais gótica de “No Time to Cry” e “Alice” para o público esquecer qualquer problema.

Uma das três músicas novas apresentadas, “Show Me” mostrou um futuro pouco inspirado, parecendo uma sobra ruim das sessões do “Vision Thing”. Por conta das novas composições apresentadas nessa turnê, circulam rumores sobre a possibilidade de um novo álbum de inéditas – o primeiro em 29 anos. Para corroborar esses rumores, vale lembrar a entrevista para a revista Classic Rock em 2016, quando Eldritch afirmou que faria um novo álbum caso Donald Trump fosse eleito presidente dos EUA. Seria melhor não ter motivo para cumprir tal promessa.

The Sisters of Mercy

Hits do período mais dark eram o que a plateia desejava, e como isso não falta, “Dominion/Mother Russia” e “Marian” voltam a empolgar quem consegue ouvi-lo cantar. Se a audição estava comprometida pela mixagem ruim – a guitarra de Dylan estava praticamente inaudível –, a iluminação deu um show à parte, criando climas distintos para cada música.

Mais uma nova composição foi apresentada, e desta vez “Better Reptile” fez jus ao legado da banda, misturando atmosfera e peso na medida certa. O hino “First and Last and Always” mostrou por que a banda é uma das principais influências do pós-punk inglês. O Setlist irregular alternou momentos de intensidade com outros menos inspirados, e isso foi percebido na sequência mais lenta logo após uma novíssima instrumental sem título. O delírio das Firebirds gêmeas de Christo e Smith serve para o descanso do cantor, que voltou nas lentas “Something Fast” e “I Was Wrong”. Deveriam ter sido deixadas na reserva. Ou, quando muito, apenas uma delas escalada para poupar os pulmões de Eldritch. Ainda bem que “Flood II” trouxe um Andrew reestabelecido e com ânimo em cantar.

The Sisters of Mercy

Foi uma das poucas vezes em que sua voz sobressaiu, mesmo entremeada nos solos de Christo. Belo fim do primeiro ato. De volta para o fog colorido, nos reservaram a melhor parte do show com quatro petardos dignos de um verdadeiro gran finale. A sequência matadora veio ritmada com “Lucretia My Reflection”, passou pelo riff poderoso de “Vision Thing”, empolgou com “Temple of Love” e explodiu com “This Corrosion”.

Ficou evidente que Eldritch se resguardou para, de fato, cantar essa sequência e causar o entusiasmo digno de toda boa apresentação. Seja pelo peso da idade ou pelos cigarros fumados durante o show, seu desempenho vocal está longe da forma ideal, e ao término da mísera uma hora e 20 minutos de show restou comemorar o bis quádruplo. Para uma banda cultuada por sua influência em diversos subgêneros do rock, a visão de um futuro sem grande brilho vem a calhar com o obscurantismo moderno mundial. Que um novo iluminismo inspire tempos de glória.

The Sisters of Mercy

Setlist The Sisters of Mercy
More
Ribbons
Crash and Burn
Doctor Jeep / Detonation Boulevard
No Time to Cry
Alice
Show Me
Dominion/Mother Russia
Marian
Better Reptile
First and Last and Always
Kickline
Something Fast
I Was Wrong
Flood II
Bis
Lucretia My Reflection
Vision Thing
Temple of Love
This Corrosion

The Sisters of Mercy

Setlist The Secret Society
Mephistofaustian Transluciferation
Beyond the Gates
Fields of Glass
Rites of Fire
Mercy
The Final Cut
The Architecture of Melancholy
Rubicon
Cry for Love

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