Circo Voador lotado às 20h de um domingo, com uma temperatura de 33º C no Rio de Janeiro. Este era parte o cenário da primeira visita do Bring Me The Horizon à cidade olímpica. Como esperado, o show começou – pontualmente às 20h10, diga-se – sob urros e intensa gritaria dos fãs, capazes de fazer as estruturas da casa tremerem mais do que a chuva de raios que caía lá fora. O mundo podia estar acabando e ninguém ali estaria incomodado.
Com um set de 14 músicas, os britânicos de Sheffield mostraram boa parte do CD “That’s The Spirit” (2015) e algumas do álbum anterior, “Sempiternal” (2013). E se Oliver Sykes tinha alguma reticência sobre a presença deles no mercado fonográfico local, ela caiu por terra. O vocalista poderia perfeitamente ficar sentado, em silêncio, se quisesse, e ainda assim o público cantaria, agradecido, todas as músicas. Como fez, aliás.
O quinteto abriu o show com “Doomed”, primeira faixa do mais recente trabalho, lançado em setembro último. Com todo o aparato ‘synth-high tech’, com telão de led substituindo o velho banner, e a forte presença do tecladista Jordan Fish, a presença de palco de Sykes era uma rajada de laser na cara – Lee Malia (guitarra), Matt Kean (baixo) e Matt Nicholls (bateria) completam a formação. Já no início havia fãs desmaiadas, sendo carregadas pelos seguranças, e o número viria a aumentar até o fim do show, fosse pelo calor implacável ou pelo massacre promovido pela banda nas quatro músicas seguintes– “Happy Song”, “Go To Hell, For Heaven’s Sake”, “The House Of Wolves” e “Chelsea Smile”. A agressividade inicial, tanto dos vocais quanto das guitarras e bateria, lembrava aquele começo do System Of A Down, quando uma fagulha seria capaz de explodir o local.
O público reagia e respondia com pulos incessantes, do começo ao fim do show, sem pausa. Mantendo o ritmo acelerado, Sykes comandava, em poucas palavras, uma multidão que já sabia quais seriam as ordens – “Pulem! Mais alto!” Entre um “obrigado” aqui e um “we love you, Brazil” ali, Sykes e companhia emendaram uma música na outra, com objetividade de palco afiada, sem firulas, e entregaram o que o pessoal estava ali para ouvir: guitarras densas e graves, vocais que oscilavam entre o gutural e o melódico, sintetizadores que elevavam a energia do show para outros patamares e a completa identificação do público com os ingleses.
Do meio para o fim ficou reservado o set mais melódico do Bring Me The Horizon, com “Throne”, “Shadow Moses”, “Sleepwalking” e as ainda mais melódicas “True Friends”, “Follow You” e “Can You Feel My Heart”. As pausas para água eram raras, e a banda seguia ligada no 240w. A última música do set, “Antivist”, foi o sopro final da metralhadora do grupo, mas ninguém saiu do lugar. Não enquanto a música mais aguardada não fosse tocada.
Com um intervalo de apenas cinco minutos, o quinteto retornou ao palco para um bis de duas músicas: “Blessed” e “Drown”, esta a música mais aguardada do set. Finalizando britanicamente a apresentação às 21h10, o Bring Me The Horizon não deixou ninguém na mão e mostrou que o Alternative Metal vai muito bem, obrigado por perguntar.
Setlist
1. Doomed
2. Happy Song
3. Go To Hell, For Heaven’s Sake
4. The House Of Wolves
5. Chelsea Smile
6. Throne
7. Shadow Moses
8. Sleepwalking
9. True Friends
10. Follow You
11. Can You Feel My Heart
12. Antivist
Bis
13. Blessed With A Curse
14. Drown