Steven Wilson é mais conhecido como líder, fundador, vocalista e guitarrista do Porcupine Tree, grupo britânico de Rock Progressivo criado em 1987. Além do trabalho com sua banda, Steven iniciou em 2088 uma prolífica carreira solo, que já resultou em três discos, sendo o mais recente deles The Raven That Refused To Sing (And Other Stories), que saiu em fevereiro último. A despeito de sua banda jamais ter se apresentado no Brasil, por conta de seu trabalho solo Steven esteve por aqui em abril do ano passado e está de malas prontas para voltar para uma única apresentação, no dia 20 de maio, no Teatro Bradesco, em São Paulo (Bourbon Shopping São Paulo, piso Perdizes, R. Turiassu, 2.100, 3º piso, bairro Pompeia). Por conta disso, batemos um rápido papo com o músico, que falou sobre o Brasil, sobre seu trabalho solo, sobre o Porcupine Tree e sobre seus planos para o futuro.
Bem, para começar, a pergunta mais óbvia: quais suas expectativas para o show que você fará no Brasil no próximo dia 20 de maio?
Steven Wilson: Bem, eu já toquei no Brasil no ano passado (N.R.: ele tocou com sua banda solo em abril de 2012 em São Paulo), e foi uma experiência sensacional,o público é muito apaixonado, ele participa do show e é muito apaixonado pela música. Então, estou aguardando que tudo aquilo se repita.
Sobre seu show no Brasil no ano passado, quais suas melhores lembranças daquela apresentação?
Steven: Eu nunca tinha tocado no Brasil, portanto não tinha nenhuma expectativa, não sabia o que esperar. O Brasil sempre me interessou muito, sua cultura, seu povo. E percebi que o povo gosta muito de música tem um profundo respeito pelos músicos. O músico trabalha muito sozinho, quando está compondo, quando está no estúdio, então é muito bom ter esse contato com as pessoas como os brasileiros nos proporcionam. São pessoas muito agradáveis, sempre com um sorriso no rosto. Foi um momento muito bom, tenho a melhor das lembranças do Brasil.
Você lançou um novo disco há poucos meses, The Raven That Refused To Sing (And Other Stories). Como ele foi recebido pelos fãs e pela crítica?
Steven: Eu nunca tive uma resposta tão incrível como nesse disco! Faz mais de vinte anos que eu lanço discos (N.R.: o primeiro foi On The Sunday Of Life, com o Porcupine Tree, em 1991), foram algo em torno de quinze nesse tempo todo, e nunca tive uma repercussão tão boa como a que estou tendo com esse novo álbum. É incrível, simplesmente incrível! E não me pergunte porquê (risos). Eu não tenho a menor ideia. Toda vez que eu faço um disco, eu dou tudo de mim para que ele seja o melhor possível, coloco nele toda minha paixão, todo meu conhecimento, toda minha energia, mas alguns acabam tendo uma repercussão melhor do que outros junto aos fãs. É normal isso. Mas dessa vez a resposta me surpreendeu. Acho que nem preciso dizer que estou muito feliz, não é? (risos)
Último disco teve como engenheiro de som Alan Parsons, que produziu The Dark Side Of The Moon, do Pink Floyd, que foi um dos primeiros discos que você ouviu. Como foi trabalhar com ele?
Steven: Foi ótimo! Eu não queria me envolver nessa questão técnica porque pretendia me concentrar na produção e na parte musical do disco, portanto precisava de alguém para cuidar dessa parte. E Parsons fez um trabalho incrível, além de ser uma pessoa ótima, muito agradável. E ele é uma lenda no que se refere a fazer discos.
Você concorda que seu trabalho solo é mais influenciado pelo Jazz do que a música do Porcupine Tree?
Steven: Sim, concordo plenamente com você. Eu adoro Jazz, sempre ouvi Jazz, mas infelizmente para mim nenhum dos outros músicos do Porcupine Tree se interessa por Jazz… (risos) Então, quando tenho oportunidade de trabalhar nos meus discos solo, sempre procuro colocar alguns elementos de Jazz neles.
O Porcupine Tree estava em meio a um recesso. Você pensa em voltar com a banda?
Steven: No momento, não. Agora, eu estou procurando olhar adiante, fazer coisas diferentes. O Porcupine Tree já tem vinte e seis anos, lançou dez discos, fizemos muitas tours, eu estou procurando coisas novas agora. Estou atrás de novas oportunidades, de tocar com outras pessoas, fazer outro tipo de música, me desenvolver em outras direções. Minha sensibilidade tem me levado a um outro direcionamento musical. Mas, quem sabe? Talvez um dia…
Você já veio tocar aqui no Brasil, está vindo novamente, e o Porcupine Tree nunca veio. Steven Wilson está se tornando maior do que o Porcupine Tree?
Steven: Como eu disse, esse meu novo disco teve uma repercussão melhor do que todos os do Porcupine Tree, o que me estimulou muito a investir ainda mais na minha carreira solo. O retorno dos fãs ao meu trabalho solo foi algo que nunca tive antes na minha carreira e isso é maravilhoso. O Porcupine Tree começou como um projeto solo meu, os três primeiros álbuns da banda eu considero discos solo, eu toquei praticamente sozinho neles, só depois ele se tornou uma banda. E eu entendo que minha carreira solo hoje é uma continuação natural do Porcupine Tree. É assim que os fãs estão vendo. E eu posso garantir que estou muito mais feliz hoje.