Uma das maiores polêmicas da história da música pesada certamente é o indigesto álbum St. Anger, lançado pelo Metallica em 2003. Entre os motivos disso, o principal é o timbre horroroso da caixa da bateria de Lars Ulrich: um som com rebote estridentemente agudo, que mais parece vir de uma lata de tinta. O mais estranho nisso é pensar que St. Anger teve como produtor o mesmo Bob Rock que alcançou um resultado primoroso em Metallica (1991) – mais conhecido como “Black Album” -, o que o levou a ser tornar referência, principalmente para os bateristas, que adoraram os timbres extraídos do instrumento na ocasião. Ontem (29), no entanto, em entrevista ao programa Trunk Nation with Eddie Trunk, da SiriusXM, Ulrich redimiu Bob Rock de culpa e assumiu a responsabilidade pelo som de sua caixa no álbum, porém sem mostrar arrependimento: “Estou por trás disso cem por cento, porque naquele momento essa era a verdade”, afirmou.
“Apenas minha personalidade… Estou sempre olhando para o futuro, sempre pensando na próxima coisa. É assim que estou conectado”, prosseguiu. “Seja no Metallica sempre pensando no futuro, na minha vida pessoal ou nos relacionamentos, seja o que for que eu esteja fazendo, estou sempre pensando no futuro. Algumas vezes, sem dúvida, gastei muito tempo com o futuro, mas raramente perco tempo com o passado, e a única vez em que essas coisas acontecem (perder tempo com o passado), é em entrevistas”, esbravejou.
“Eu ouço St. Anger. É um soco e mais um pouco, há muita energia bruta e incrível, tipo, ‘uau!’, foi meio que um tapa. Mas o lance da caixa foi como um momento super impulsivo, momentâneo… Estávamos trabalhando em um riff. (James) Hetfield estava tocando um riff na sala de controle. Então corri. Pensei: ‘Preciso colocar uma batida nisso’. Corri para a sala de gravação, me sentei e toquei algumas batidas em cima desse riff para não perder a energia do momento, e esqueci de prender a esteira da caixa. Então, voltamos para ouvir e foi como, ‘uau, esse tipo de som se encaixa no riff, e soa estranhamente esquisito e bem legal. Assim, meio que deixei a caixa desse jeito para o resto das sessões, mais ou menos. Foi tipo: ‘sim, isso é legal. É diferente. Vai foder algumas pessoas. Parece que isso faz parte do socar’, ou o que quer que seja. E aí isso se tornou essa coisa enorme e debatida”, explicou.
Lars garantiu não se arrepender de nenhuma produção do Metallica: “Estou orgulhoso de todas essas decisões, porque sei que, na época, elas eram a verdade e era a coisa instintiva e certa a se fazer. Então, 20 depois, é tipo, ‘bem, como isso soaria se a esteira da caixa estivesse presa?’, ou, ‘como isso soaria se fizéssemos duas em vez de quatro?’. Quero dizer, não sei, mas, realmente, não penso nisso, para ser honesto, a não ser quando sou confrontado sobre isso em entrevistas. E eu não mudaria nada sobre o passado”, concluiu.
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