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PARADISE LOST

Em uma segunda-feira vadia e quente de feriado (Dia do Comerciário) no Rio de Janeiro, o Paradise Lost desembarcou no Méier. Para sorte dos 400 afortunados que compareceram ao Imperator – talvez um pouco mais, talvez um pouco menos, mas afortunados. Pode ser que o público tenha sido reduzido pelo fato de a banda ter tocado há apenas um ano no Circo Voador. Seja lá o motivo, azar de quem não foi. Ainda que o quinteto tenha mudado dramaticamente seu som ao longo dos anos, a essência estava lá. Até porque o grupo se manteve praticamente intacto. O vocalista Nick Holmes, o baixista Steve Edmondson e os guitarristas Greg Mackintosh e Aaron Aedy estão juntos desde o início, em 1988. Na turnê, contaram com as baquetas do baterista finlandês Waltteri Väyrynen.

“No Hope In Sight”, do último disco, “The Plague Within” (2015), abriu o show de forma magnífica. É Paradise Lost em toda sua essência: muito peso e melancolia. “Pity The Sadness”, do “Shades Of God” (1992), arrastou todo o público com sua levada mais rápida – mas sem exagero que isso aqui é Doom, não é bagunça. Arrastar, nesse caso, deixa quase de ser uma figura de linguagem…
Mas os ingleses também são góticos, e “One Second” retratou bem isso. Se tem muito fã que não curte o disco de mesmo nome, lançado em 1997, a música, na pegada do Sisters Of Mercy, parece não ter desagradado nem aos mais radicais presentes. Vem então a primeira velharia da noite: “Dead Emotion”, do clássico Gothic (1991). Difícil escrever sem usar palavrões, porque, P#*%&$* que pariu, que música F*#&*$! Tudo perfeito aí: a levada mais acelerada, vocais monstruosos, guitarras perfeitas e um refrão majestoso.

Mas o que estava muito bom ficou muito melhor: “As I Die”.  Música do primeiro disco do grupo, “Lost Paradise” (1990), ela foi um verdadeiro teletransporte para os mais velhos – meu caso, por sinal. Nick Holmes chegou a brincar com isso, perguntando quem estava no show do grupo no Rio, em 1995 (o Paradise Lost tocou com Faith No More e Ozzy Osbourne numa versão desmembrada do festival ‘Monsters Of Rock’ que rolou em São Paulo). Ah, ele chamou de velho quem esteve no show de 95, e eu apenas respondi “sim, eu estava lá”.

“Return To The Sun”, do último disco, também rendeu muito, principalmente pelo seu refrão, pegajoso. Aliás, destaque-se: com o público reduzido, ficou claro notar que quem estava lá era fã e, em sua maioria, conhecia todas as músicas. Outra coisa que não pode passar batida é a qualidade do som. Estava tudo tão perfeito que, em alguns momentos, fiquei me perguntado se aquilo era real, playback ou algum delírio diabólico – aliás, havia playback, porque as partes de teclado e efeitos eram programadas. Nada que atrapalhasse.

“Erased”, mais uma na linha Gothic Rock, trouxe um lado mais Pop para o show. Em contraste, alguns fãs da antiga gritavam “Forever Failure”, o que provocou uma intervenção bem-humorada do vocalista. Nick deu uma bronquinha, avisando que não iam tocar a música gravada em “Draconian Times” (1995). “The Enemy”, do “In Requiem” (2007), foi a mais chata da apresentação. Não gosto muito da música, é verdade, mas podemos chegar a um acordo: ela não atrapalhou.

Só ficou mais deslocada porque depois vieram duas pauladas na moleira. “Embers Fire”, do já distante “Icon” (1993), foi uma verdadeira aula. Desde a sua introdução, percebia-se a eletricidade no ar. Apesar de o álbum ter sido contestado por muitos na época, por já mostrar uma banda buscando caminhos mais palatáveis, “Embers Fire” é, na minha modesta opinião, um dos grandes clássicos do quinteto. Como é possível tanta beleza na tristeza? Destaque para a linha vocal em perfeito casamento com as guitarras. Realmente, uma aula.

Contudo, emocionados mesmo ficaram os velhotes quando “Eternal” foi anunciada. Acho que ninguém esperava, já que ainda não havia sido tocada nos shows anteriores desta turnê, pelo menos não no Brasil. “Beneath Broken Earth” foi mais uma ótima música do último lançamento da banda inglesa. Pesada como a gravidade, melancólica como o desejo de morrer… “Say Just Words” fechou o set normal voltando à linha mais Pop/Gothic Rock. Impressionou como o Paradise Lost conseguiu transitar pelo Doom mais pesado ao estilo mais Pop sem irritar ninguém.

Após uma pausa, enfim o retorno. O teclado introdutório de “Enchantment”, do “Draconian Times”, foi o alerta: eles estavam de volta. Depois, tocaram a docemente triste “Faith Divides Us – Death Unites Us”. Uma balada, mais uma de que não sou muito fã, mas que também funcionou ao vivo. Em seguida, “An Eternity Of Lies”, outra do “The Plague Within”. O fim se aproximava com “The Last Time”. Era a despedida, mas não um réquiem. Apesar do tempo, o Paradise Lost está bem vivo e fez um dos shows mais consistentes que já vi. Que voltem logo!

* Por conta de uma falha na comunicação, o autor destas linhas não conseguiu assistir ao show do Imago Mortis. O credenciamento só foi encontrado poucos minutos antes do início do show do Paradise Lost. Desculpas aos leitores e ao Imago Mortis.

Set list:
1. No Hope In Sight
2. Pity The Sadness
3. One Second
4. Dead Emotion
5. As I Die
6. Return To The Sun
7. Erased
8. The Enemy
9. Embers Fire
10. Eternal
11. Beneath Broken Earth
12. Say Just Words
13. Enchantment
14. Faith Divides Us – Death Unites Us
15. An Eternity Of Lies
16. The Last Time
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