Os gigantes do rock islandês Sólstafir revelaram sua nova e emocionante canção, Drýsill, junto com um vídeo em animação. A música e o clipe, que a acompanha, dirigido e criado por Kim Holm e animado por David Hall, oferecem um olhar introspectivo sobre os horrores da violência doméstica. Confira:
Drýsill faz parte do sétimo álbum de estúdio do Sólstafir, Endless Twilight of Codependente Love, que será lançado no dia 6 de novembro, via Season of Mist. Acesse aqui para a pré-venda do álbum. “Drýsill, em islandês, significa demônio”, explica o baterista e letrista Hallgrímur Jón Hallgrimsson.
“Esta é a história de uma mulher que se apaixonou por alguém que prometeu o mundo à ela com seu sorriso. Ela caiu cativa em seus jogos mentais. Suas intenções foram crivadas de maldade, enquanto ele se alimentava de seu amor. Sua humanidade desaparece quando ele ganha poder torturando-a mental e fisicamente, mantendo-a trancada em uma prisão de sua própria mente. O vídeo ilustra sua jornada pessoal pelo inferno enquanto ela se afasta cada vez mais na escuridão do cativeiro até o que parece ser o fim. Mas um dia ela consegue reunir suas forças e usar o resto de seu poder em direção à escuridão para lutar para voltar à luz. Enquanto ela o mata com a própria pá que ele usaria para enterrá-la, ele ainda está sorrindo para ela, zombando dela.
A música é sobre lutar contra os demônios que você permite que controlem sua mente e se libertar. É sobre resgatar a si mesmo e encontrar a força e a coragem para ser vitorioso, não importa o quão ferido você esteja.
Estávamos ansiosos para trabalhar com Kim Holm, pois sentimos que ele poderia capturar perfeitamente os sentimentos sombrios de desespero representados nesta história com sua arte”.
O diretor Kim Holm acrescenta: “A depressão é uma caverna profunda e escura, cheia de demônios na qual passei muito tempo na minha vida, e quando comecei a encontrar visuais para a brilhante Drýsill do Sólstafir, a vida e a arte pareciam se misturar de novas terríveis maneiras. As letras lidam com temas de morte e abuso dos quais, felizmente, fui poupado, mas a jornada pelo submundo parecia refletir metaforicamente cada dia de trabalho nisso. Gosto de acreditar que há uma luz no fim do túnel, mas realisticamente não é assim para todos. Drýsill é uma declaração de que, para alguns, não deveria haver luz. Apenas o fim. Endless Twilight of Codependente Love foi gravado no Sundlaugin Studio (Islândia), onde Startir Sandar, Ótta e Berdreyminn também foram gravados pelo produtor Birgir Jón Birgisson (Sigur Rós, Alcest, Damien Rice).
Confira abaixo a capa e o tracklist do álbum Endless Twilight of Codependente Love. A pintura é uma aquarela da Senhora da Montanha, que foi desenhada em 1864 pelo artista Johann Baptist Zwecker.
Tracklist:
1 Anchor
2 Drýsill
3 Rökkur
4 Her Fall From Grace
5 Dionysus
6 Til Moldar
7 Alda Syndanna
8 Ou
9 Úlfur
10 Hrollkalda Þoka Einmanaleikans (faixa bônus)
11 Hann For Sjalfur (faixa bônus)
Um quarto de século após o vocalist/guitarrista Aðalbjörn “Addi” Tryggvason co-fundou o quarteto islandês de metal Sólstafir, a banda continuou seguindo sua regra fundamental: não há regras. Para os integrantes, compor uma música épica de 10 minutos sem uma troca tradicional de verso/refrão parece natural. Embora tenham feito dois álbuns em inglês, Tryggvason canta principalmente em sua língua nativa e seus vocais são tanto um instrumento quanto um recipiente para as palavras. Os vídeos também mostram a banda e seu mundo islandês com o qual eles se comunicam.
E a música do grupo flui como quer. “Tendo sido uma banda de metal por muito tempo e passado pelo shoegaze, black metal atmosférico e pós-rock, me sinto privilegiado por poder misturar todos os meus gêneros favoritos e sair impune”, diz Tryggvason.
No mundo do Sólstafir, artistas tão variados como The Beatles, Kraftwerk, Darkthrone, Ennio Morricone e Billy Corgan giram em torno do grupo, e essas influências se infiltram em seu éter musical.
Pintado em aquarela por Johann Baptist Zwecker em 1864, A Senhora da Montanha é a personificação feminina da Islândia. Foi publicado pela primeira vez em um livro de contos populares islandeses, mas nunca foi exibido em público. Uma réplica em xilogravura em preto e branco do artista é o que os islandeses conheciam até recentemente, quando dois cidadãos encontraram o original escondido na galeria de um museu galês, onde estava armazenado por um século. Agora está de volta em casa e enfeitando a capa do novo álbum do Sólstafir.
“Todo mundo conhece a imagem da Senhora da Montanha”, declara Tryggvason. “É como Marianne para os franceses e Minerva na mitologia romana. De repente, o original aparece e é como, ‘Meu Deus, essas são as cores mais lindas que eu já vi. E por que isso me lembra Mellon Collie e a tristeza infinita?’. Então, isso é puramente acidental. Quando vimos esta foto, tivemos que usá-la. É muito bonita”.
Enquanto as primeiras letras do Sólstafir investigavam a mitologia nórdica e as críticas à religião organizada, as canções mais recentes exploram sua conexão espiritual com a natureza e, ultimamente, distúrbios mentais que vão da depressão ao alcoolismo e o tabu por trás dos homens, em particular, discutir essas coisas por medo de ser percebido como fraco.
“Essa é a escuridão real que você não pode ver, mas você pode sentir e as pessoas ao seu redor também”, explica Tryggvason. “Claro, existem assassino em série e pragas e tudo o mais ao longo da história. Mas na vida moderna, essa é a verdadeira escuridão ao seu redor. Pessoas se matam todos os dias e muitas vezes algumas próximas à você, que estão se sentindo tão mal”.
O vocalista diz que cada um dos membros da banda teve suas lutas pessoais para enfrentar. Eles ficaram sóbrios coletivamente em 2013. “Qualquer pessoa nesta banda pode falar sobre sua depressão ou seu estado de espírito durante o dia”, diz Tryggvason. “É um diálogo aberto e livre nesta banda, então é muito saudável”.
Tryggvason diz que a música mais pessoal em Endless Twilight of Codependent Love é Her Fall From Grace, a única faixa em inglês. Ele narra a dor de ver um ente querido sucumbir à uma doença mental. “É muito triste quando você ama alguém e o vê ficar doente”, pondera. “Como Layne Staley (vocalista do Alice in Chains) disse, ‘suicídio lento não é o caminho certo’. Mas você está apenas assistindo no banco da plateia, se preparando para o telefonema: ‘Ei, cara, Johnny está morto’. ‘Tudo bem, eu sabia que Johnny ia morrer. Estive observando-o em câmera lenta’”. Ele compara a experiência ao ver um parente ou pai se consumindo pelo Alzheimer e se transformar em uma pessoa diferente da qual se lembra.
Embora as letras da banda sejam predominantemente em islandês, isso não impede que ouvintes externos apreciem o poder emocional de sua música, sua dor, mesmo que não entendam abertamente sobre o que ele está cantando.
Um belo momento a esse respeito ocorreu quando o Sólstafir tocou em Bogotá, na Colômbia, em setembro de 2017. Foi o menor show de sua turnê sul-americana, e eles presumiram que não seria tão animado. A multidão de 300 pessoas provou que eles estavam errados. “Parecia que estava no Queen no estádio de Wembley”, lembra Tryggvason com carinho. “Eles cantaram cada palavra em islandês. Como você poder explicar isso?”.
Essas relações apaixonadas não passaram despercebidas em sua terra natal. A Islândia escolheu o Sólstafir para tocar um total de seis eventos em Nova Iorque, Seattle e Toronto no outono passado, chamados “Taste of Iceland”. Tryggvason diz que a banda gostou do evento e de seus shows íntimos no Pianos (NYC) e Livenation (Toronto) durante a mesma excursão.
O pensamento contra-intuitivo ajudou o Sólstafir a evoluir e amadurecer. A nova faixa Or abre com um sentimento lânguido e blues, mas gradualmente se transforma em um canto fúnebre cheio de angústia e guitarra. Quando eles conjuraram sua inovadora canção Fjara em 2011, o grupo temeu que sua natureza suave pudesse afastar seus seguidores de longa data do metal. Em vez disso, eles os abraçaram. Essa melodia, junto com a faixa ambiental Ótta, carregada de banjo, permitiu ao grupo tocar no festival “Brutal Assault” na República Tcheca há cinco anos e em um evento musical familiar na Holanda no fim de semana seguinte. A nova Dionysus ainda apresenta um retorno às raízes do black metal que não foi planejado; a música acabou ficando assim ao longo de um ano.
“Noss público ficou maior e mais diversificado por sermos nós mesmos e não fazermos nada realmente diferente”, observa Tryggvason.
Uma das alegrias para ele e seus companheiros de banda – o baixista Svavar “Svabbi” Austmann, o guitarrista Sæþór Maríus “Pjúddi” Sæþórsson e o baterista Hallgrímur Jón “Grimsi” Hallgrímsson, que contribuiu com algumas letras desta vez – é que sua percepção de como sua nova música sairá nunca corresponde à realidade. É esse fator desconhecido que mantém as coisas emocionantes.
“Você nunca pode prever a magia da banda”, declara Tryggvason. “O propósito disso é inventar mágica. E se você está preparando mágica com quatro ou cinco esquisitos, você nunca pode prever o que vai acontecer. Você não pode comprar isso. Você tem que vive-la ou cultivá-la”.
Para mais informações sobre o Sólstafir, visite:
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