O telefonema de Joe Satriani chega às 10:32 da manhã. A entrevista está marcada para as 10:30, logo, ele é absolutamente pontual – mas não pelos padrões de Joe. Depois que atendo o telefone, as primeiras palavras que saem da boca dele são: “Desculpe-me por me atrasar”. Em poucas palavras, é isso que Satriani é: um homem trabalhador, dedicado à perfeição – se incomoda de ter telefonado dois minutos atrasado – e focado com paixão em suas atividades. Essas mesmas qualidades são precisamente o que faz do guitarrista uma voz tão única no mundo da música instrumental. Sua devoção interminável ao timbre e à composição o diferencia em um universo habitado por músicos não conhecidos pela originalidade.
Em Shapeshifting, seu 18º álbum, o nativo de Westbury, Nova Iorque, mais uma vez se desafiou a criar um álbum diferente de qualquer um dos 17 discos anteriores que ele gravou. Como o título sugere, Shapeshifting é uma tentativa de evocar personalidades e músicos diferentes para cada faixa. Um músico com múltiplas personalidades, se você preferir. “Comecei a compor da maneira habitual, que é não me limitar a nenhum estilo em particular”, diz Satriani. “Então, quando comecei a olhar para tudo o que estava compilando, comecei a ter a sensação estilística de todo o mapa. Cada vez que tocava uma música, sentia o desejo de tocar um pouco menos como eu. Não para tentar imitar outra pessoa, mas para tentar habitar uma versão diferente de mim para que a música realmente se desenvolvesse adequadamente.”
Aqui, Satriani fala sobre como habitar diferentes personagens musicais e o que era necessário como músico e compositor para fazer o experimento funcionar.
Por Steve Rosen
Depois de ter essa abordagem em sua cabeça, como você prosseguiu?
Joe: Eu compus o que se tornou a faixa-título, Shapeshifting, que se tornou a música que expressava esse sentimento que eu estava me forçando a um novo espaço criativo, no qual precisava mudar música por música. Pensei: ‘Como poderei canalizar Ali Farka e Dick Dale (duas das grandes influências de Satriani cujo nome aparece na música Ali Farka, Dick Dale, An Alien and Me)? Como vou tocar coisas como 1980, mas também fazer Yesterday’s Yesterday?’
Foi aí que surgiu a ideia de se tornar um metamorfo (‘shapeshifter’), certo?
Joe: Eu pensei em mudar todas as músicas e me tornar essa outra pessoa e me tornar o guitarrista da música. Eu não serei Joe tocando essa música do jeito que eu quero tocar.
Foi difícil desafiar quem você era como guitarrista?
Joe: O conceito deixou muito mais divertido criar uma parte para uma faixa, porque eu poderia realmente ocupar o papel. Isso me levou a uma nova forma de musicalidade e um novo nível, e era isso que eu estava procurando. Eu queria um nível mais alto de tocar, escrever e produzir.
O que fez Kenny Aronoff e Chris Chaney a cozinha perfeita para este álbum?
Joe: No ano passado, fiz duas turnês com Kenny e, embora já tivéssemos excursionado antes com o Chickenfoot há muitos anos, fazer o Experience Hendrix Tour foi uma explosão de diversão e criatividade. Todas as noites íamos ao palco com Dug Pinnick cantando e tocando baixo e Kenny e eu e tocávamos seis músicas de Hendrix. Trinta minutos de alta energia e as pessoas enlouqueciam com um estilo de tocar a lá final dos anos 60. Era um momento maravilhoso, emocionante e libertador todas as noites ir ao palco e fazer isso.
Então você teve uma chance real de entender a abordagem de Kenny para a bateria nessas Experience Tours?
Joe: Kenny e eu aprendemos mais um sobre o outro, porque, da última vez, era o Chickenfoot e tínhamos um trabalho específico a fazer e um álbum a promover, mas isso era totalmente diferente. Era como uma comunidade de circo em turnê, em que você viaja, há 15 outros artistas e todos são incríveis.
Você sabia imediatamente depois de trabalhar com Kenny naquela turnê que você queria que ele tocasse no álbum Shapeshifting?
Joe: Tivemos uma certa conexão e eu sabia instintivamente que ele seria a pessoa certa para este álbum, não apenas porque ele é um profissional fantástico e um baterista incrivelmente talentoso, mas sua personalidade, coração e alma a cada minuto do dia estão no lugar certo. Ele traz essa personalidade e atitude realmente maravilhosas.
Por que você foi atraído por Chris Chaney?
Joe: Eu estava pensando: ‘Isso vai ser realmente interessante para o baixista, porque preciso de alguém que pense como eu’.
Mas você estava pensando em 15 guitarristas diferentes, certo?
Joe: Sim, foi assim: ‘Nesta música, toco com uma palheta e nessa outra não toco com uma palheta e essa música é para uma Ibanez e um 5150, e essa música é para o 335 e o Princeton’. Chris havia tocado em Unstoppable Momentum e ele foi brilhante na maneira que conseguiu se equilibrar com todas as mudanças estilísticas. Ele cria essa vibe que pode te levar para onde você quer ir.
Você trouxe Jim Scott (Rolling Stones, Foo Fighters) para produzir. De onde veio essa ideia?
Joe: Jim não estava na minha mente. Eu estava sentado em casa e trabalhando em algumas músicas, e Kenny estava me mandando uma mensagem sobre umas coisas de Hendrix que seriam lançadas e disse: “Estou no PLYRZ (estúdio) de Jim Scott e acabei de fazer uma sessão. Jim é tão legal. Você já tocou aqui antes? Eu pensei comigo mesmo: ‘Gostaria de saber se Jim Scott consideraria fazer um álbum de Joe Satriani? Eu pensei que ele não estaria interessado porque ele estava trabalhando em um álbum do Foo Fighters ou algo assim’.
Como foi trabalhar com ele?
Joe: Nós tínhamos uma agenda bastante apertada, porque Kenny e Chris estavam em demanda o tempo todo e, na verdade, tivemos a turnê de Hendrix que coincidiu com a criação do álbum. Arrumamos 10 dias no início de setembro e saímos para fazer outra turnê de Hendrix. Voltei uma semana depois e fiz todos os overdubs, mixamos e estava pronto no Natal.
Você gravou analógico?
Joe: Não. A maioria dos projetos que realizo desde ’99, quando iniciei meu estúdio em casa, foi feita no Pro Tools. Eu acho que o último que gravei analógico foi o Crystal Planet (1998). Gravamos a banda em fita e depois a transferimos para o Pro Tools e a jogamos de volta na fita e a mixamos. Depois disso, nossa reação foi: ‘O que estamos fazendo?’ (risos).
Agora com os plug-ins parece que você fez isso. Então você acha que usar plug-ins é tão bom quanto uma guitarra conectada a um Marshall vintage?
Joe: Ah, pode ser, mas o que Jim Scott me provou é que o ser humano encarregado dos controles é realmente o que está fazendo a diferença entre o som não sair legal e absolutamente incrível. Trouxe todos os amplificadores que tenho há anos e vários novos combos da Fender, como Princetons e Deluxes. Eu tinha alguns Dual Showmans e Bassmans antigos, junto com o da minha série (Marshall) JVM410HJS e alguns 5150s, que são os mesmos gabinetes que eu gravei nos últimos 20 anos, e é exatamente onde ele coloca o microfone, usa o pré-amplificador Neve e clica nesse mostrador à direita e naquele à esquerda e de repente soa melhor do que o seu amplificador jamais soou. Não importa se está indo para um disco rígido ou uma fita de 16 ou 24 faixas de 2″. O mundo está cheio de gravações analógicas horríveis.
Você mencionou alguns dos equipamentos que usou. O que tinha no estúdio?
Joe: Tínhamos 10 dias para gravar e eu ligava na minha JVM e sempre tenho dois gabinetes. Eu tenho um velho Basketweave 1969 de 1969 com o velho Celestions verde e um novo gabinete 1960B. Eu estou sempre usando esses dois gabinetes e eles estão todos microfonados. E há uma mistura e, dependendo da parte, às vezes o gabinete mais antigo soa melhor do que o mais novo.
O que mais levou em termos de equipamento?
Joe: Eu tinha cerca de quatro ou cinco cabeças Marshall vintage, variando de 69 a 75. Alguns deles são mais poderosos do que outros. Eu tinha um de 50 watts muito bom e usamos principalmente para sons limpos. Quando começamos a fazer overdubs, fizemos muitas reformulações. Havia partes de guitarra que gravei no meu estúdio em casa que decidimos usar e as ampliamos e as colocamos na nova linha personalizada de amplificadores da Princeton e Deluxe Reverb, que soaram muito bem.
Você gostou desses Fender?
Joe: Muito forte e muito flexível. Tivemos as reedições de 64 e 65 da Princeton, Deluxe e eu tive um Bandmaster Combo com os três 10s junto com a cabeça do Showman 67. Jim tinha muitos cabeçotes antigos por lá, incluindo Tremolux, Bassman e Bandmaster. Eu trouxe o meu JC120 da época do Squares no início dos anos 80 (os Squares era a banda pop de New Wave de Satriani) que foram usados em 1980.
Então houve muitas experiências?
Joe: Nós colocávamos essas partes da guitarra e víamos como elas soavam e às vezes funcionava imediatamente e outras vezes tinha que arrumar tudo (risos). Às vezes, você diz: ‘Talvez não seja uma parte de guitarra’ e eu saía para o estúdio de Jim (um armazém de 5.000 pés) e há 100 teclados e eles estão sempre ligados. Você anda por ali e começa a tocar alguma coisa e diz: “Ei, vamos colocar uns microfones aqui”. É como se você estivesse em um estranho festival de teclados ou um empório desses instrumentos.
Tocou as partes do teclado?
Joe: Às vezes era eu, mas muitas vezes eu pedia para Eric Caudieux (tecladista de longa data de Satriani) ir até lá e ele era ótimo em se adaptar a qualquer coisa. Seja um B3 ou um pequeno sintetizador comprado na Radio Shack.
Quais guitarras você tocou?
Joe: Eu tinha um monte de guitarras, mas não usei tantas como em outras gravações. Às vezes, eu trazia 200 guitarras e, dessa vez, apenas 20. Eu usava minhas duas guitarras (Ibanez) JS 90% das vezes, mas levei uma Strat, Telly, Les Paul e 335 apenas por precaução e elas acabaram sendo usadas. Graças a Deus eu as tinha porque realmente ajudaram no equilíbrio da timbragem.
Você mencionou a 335 anteriormente. Onde ela apareceu no álbum?
Joe: Ouve-se claramente como um sino em uma música chamada Perfect Dust. A primeira coisa que você ouve é a 335. Acabei de comprá-la de um cara no Reverb. Lembro-me da primeira vez que a toquei. Estava sentado no meu carro e fiquei tão empolgado que abri a caixa e comecei a tocá-la no banco de trás e pensei: ‘Eu sei que isso vai entrar no disco’.
Perfect Dust tem muitos estilos diferentes. Você sabia desde o início que a 335 seria a guitarra para se encaixar melhor com a faixa?
Joe: Essa música é bastante difícil para descobrir como gravar. Tem todas essas partes que são bem diferentes. Começamos com as JSs e experimentamos uma Strat e uma Telly e, finalmente, chegamos a 335. Assim que a trouxemos, dissemos: “Oh, é isso!” Pensando bem: a 335 no Dual Showman através do meu velho Basketweave 4×12. São três elementos muito improváveis, certo?
Especialmente para você.
Joe: Mas acabou dando certo. Essa música realmente progride porque a primeira coisa que você ouve é isso e a próxima seção é uma Les Paul de 1997, e então ela se junta a um grupo de JSs que ficam e fazem solo e melodia principal, que são essas seções de breakdown. A parte de Blues antigo é uma 335.
Você nunca foi um cara de tocar com Gibson.
Joe: Provavelmente não e, na minha carreira solo, não tanto. Depois da minha primeira guitarra, que era uma Hagstrom, a principal foi uma Telly 68 e foi lá que eu fiz a maior parte do meu trabalho inicial. Logo depois, troquei por uma Les Paul Deluxe de 68. Não faço ideia do porquê, mas acho que era porque era preta. A Telly também havia sido repintada em preto. Eu toquei Les Paul por um longo tempo até que eu vim para a Califórnia e troquei por uma ’54 Strat. Então comecei a construir minhas próprias guitarras e isso acabou me levando a Ibanez, que as construía muito melhor do que eu.
No The Squares você tocou Strat com humbucker, certo?
Joe: Sim, minhas guitarras são um híbrido de Gibson e Fender. Essas foram guitarras que eu fiz: Strats com captadores humbucking.
Estilisticamente, você acha que tocar Fender e Gibson influenciou quem você era como guitarrista?
Joe: Sim, quero dizer, por causa da minha idade, era o que existia. Fender e Gibson foram projetadas no final dos anos 40 e 50 e elas eram o auge do design e do artesanato da guitarra, mas eles não tinham absolutamente nenhuma ideia do que os guitarristas fariam com elas. Você pensa em Les Pauls e, meu Deus, eles pararam de fazê-las porque ninguém as comprava. É muito engraçado quando você pensa sobre isso, mas eu nunca poderia fazer um show inteiro ou até meio com uma Telly ou uma Gibson. Meu catálogo sofreria porque são as ferramentas erradas.
A música que você toca requer whammy e uma guitarra capaz de produzir muitos sons diferentes.
Joe: No entanto, elas são instrumentos incríveis e nas mãos de outra pessoa que saiba usar a barra e não precise de um tipo especial que mantenha a guitarra afinada, também funcionam bem. Eu ainda tenho um pequeno grupo de guitarras vintage que eu mantinha, embora eu tenha trocado de guitarras nos últimos 10 anos e, provavelmente, tenha me livrado de 100 guitarras vintage. Houve um período, cerca de 20 anos atrás, em que eu simplesmente enlouqueci e tinha muitas delas e nem todas eram boas. Eu estava procurando por algo. Mas ainda amo minha Esquire58, tenho algumas Les Paul e ainda estou procurando aquela SG perfeita. Eu sempre quis tocar uma e, toda vez que coloco as mãos em uma delas, não consigo encontrar o caminho certo.
Requer um toque diferente para tocar Gibson versus Fender?
Joe: Se você escolhe uma (Gibson ES) 225 T ou uma Les Paul Junior, coisas diferentes surgem da sua musicalidade. Pode não se traduzir no que você faz na frente da câmera ou na frente da plateia, mas aumenta a sua percepção da música, porque você soa diferente e precisa mover os dedos de maneira diferente. Às vezes, acho que é realmente um bom treinamento tocar em instrumentos diferentes, para evitar o stress repetitivo de tocar uma guitarra repetidas vezes. Mas se você continuar pulando entre Fender e Gibson de diferentes formas e tamanhos, sua mão está se exercitando e é como viajar musicalmente pelo mundo. Fornece uma perspectiva interessante quando você volta ao seu instrumento principal.
Normalmente, as Gibson são mais fáceis de tocar do que as Fender, certo?
Joe: As Gibson têm uma escala de 24 ¾ ”, portanto as cordas têm menos tensão. Les Paul sempre pensou que ele cometeu o erro de fazer isso e que Leo (Fender) estava certo ao escolher a escala de 25 ½ porque as guitarras soam mais vivas e tendem a ficar em sintonia melhor. A corda G em uma Les Paul é o inimigo de todo guitarrista desse estilo de guitarra.
Como você mantém suas guitarras afinadas quando grava?
Joe: No mundo atual das gravações, basta parar e reproduzir essa parte e afinar novamente. Quando você está gravando, 99% do tempo elas estão afinando. É isso que você faz: afine sem parar até obter o suficiente para tocar todas as partes em que a guitarra ficou afinada por um minuto.
Você afina tantas vezes assim em um disco?
Joe: Claro; todo mundo afina. Há uma música no novo álbum chamada All For Love e é 99% do take 9. Graças a Deus que ninguém ouviu os de um a oito (risos), porque eu não conseguia descobrir exatamente como tocá-los. Parece tão fácil, mas foi realmente difícil com essa quantidade de ganho tocando essas notas em um JS com os níveis de ruído, sustain, vibrato. De repente, na tomada nove, por algum motivo, eu e a guitarra nos demos muito bem. Lembro-me de todos parando e dizendo: “Cara, foi isso, Joe. Você acabou de fazer”.
Fale sobre outros momentos desafiadores do disco.
Joe: A faixa-título teve um final que seria um solo de teclado e o tecladista não conseguiu, então decidimos voltar para mim fazendo algum tipo de solo. Eu literalmente solei por seis horas. Acho que fiz 200 solos. Continuei fazendo tudo de novo e tentei todo tipo de coisa e guitarras diferentes. Pouco antes de sair e pronto para mudar a maneira como a música terminou, lembrei-me de dizer a Jim Scott: “Deixe-me tentar apenas uma última coisa”.
Jim estava ficando um pouco ansioso?
Joe: Ele foi ótimo. Apenas ficou lá e me fez sentir feliz tentando tanto. No último take, acho que apenas representei minha frustração e minha raiva com o violão de como doeria mudar de forma, se isso fosse humanamente possível, e aí deu certo. Foi assim que terminamos o Shapeshifting com aquele barulho estranho, mas demorou o dia todo. No final do dia, minha mão estava me matando, as pontas dos meus dedos estavam em carne viva, mas acabei não usando nada que eu pensasse que exigisse uma quantidade enorme de musicalidade (risos). Foi o que passei o dia inteiro fazendo, sendo um bom guitarrista, mas não estava funcionando.
Então você realmente tentou sair do Joe Satriani normal para habitar um desses outros guitarristas e tocar um pouco menos como você, como você mencionou no começo da nossa conversa.
Joe: É engraçado porque toquei 10 solos de rock, 10 solos de metal, 10 solos de fusion, 10 solos de blues, 10 solos de jazz e tentamos de tudo. Não é que eles não eram bons, mas simplesmente não eram perfeitos e não se encaixavam na música.
A música 1980 foi uma homenagem ao The Squares. Você tentou tocar como o pequeno Joe Satriani de tantos anos atrás?
Joe: Quando pensei no Squares, estava realmente pensando: “Por que me restringi?” Meu entusiasmo no momento foi o que estava me guiando para isso e pensei: ‘Eu deveria compor uma música sobre o que eu queria fazer, dane-se o acabamos fazendo”. Porque a banda era um comitê e tínhamos algumas regras como: “Nenhuma música começa com um solo de guitarra”.
O que você gostaria de ter conseguido com o Squares?
Joe: Eu queria celebrar a guitarra. Queria fazer um pouco de Chuck Berry e Van Halen, então coloquei tudo isso em uma música. Nós até usamos alguns desses arranjos que você faria se estivesse pensando na MTV.
Quando você ouve o solo em Give It Up ou as guitarras em So Used Up do Squares, como você vê esse cara Joe Satriani de todos esses anos atrás?
Joe: Cheguei na Bay Area em São Francisco procurando fazer algo diferente. Já tinha uma boa experiência em bebop, fusion, rock and roll e blues. Trabalhava como guitarrista desde os 14 anos. Sabia tocar mesmo e, ao mesmo tempo em que trabalhava no Squares, também dava aulas de violão. Então só pensava em guitarra o tempo todo.
Qual foi a ideia original por trás do Squares?
Joe: Nós três, junto com nosso manager, tínhamos a ideia de usar cabelos curtos e camisetas listradas e não seríamos tão loucos quanto Van Halen ou Ozzy, não seríamos tão revolucionários quanto o Clash e nem tão limpos quanto a Blondie. Tínhamos essas regras não escritas sobre como pensávamos que seríamos mais legais e únicos.
Como nenhum solo de guitarra na introdução de uma música.
Joe: No final, todas essas coisas acabam com uma banda. As restrições que você impõe não são realmente uma boa ideia. O problema é que quando elas não estão lá, há conflito na banda. Os fãs amam o conflito porque são os destinatários finais da energia criativa. Mas o conflito cotidiano dos membros da banda se puxando em direções diferentes é realmente difícil de viver e, eventualmente, acabou com o grupo.
Qual foi sua principal queixa com o Squares?
Joe: Eu não estava conseguindo musicalidade suficiente da banda. Nosso baixista (Andy Milton) era sério. Ele era o vocalista e amava Elvis e não queria tocar ao estilo Van Halen. Eu fiquei tipo, “Sim, mas eu amo Van Halen, (risos). Eu gosto de Deep Purple, Black Sabbath e Allan Holdsworth.” Queria fazer de tudo e Jeff (Campitelli, baterista, que mais tarde tocou nos álbuns solo de Satriani) estava bem no meio. Não sei como explicar, então acho que foi por isso que compus 1980.
Em outro mundo, se você tivesse a chance de trazer essas outras influências e abrir músicas com solos, você teria ficado nos Squares e sido guitarrista de uma banda de rock and roll?
Joe: Não, não, não! Posso deixar você com esse último comentário, que é algo que Jeff Campitelli e eu costumávamos dizer o tempo todo: “Tivemos tanta sorte que os Squares nunca conseguiram um contrato de gravação”. Se tivéssemos um single de sucesso, ninguém nos levaria a sério, (risos). Nós nunca teríamos sido capazes de fazer Surfing With The Alie0n ou Flying In a Blue Dream. Porque eles sempre diriam: “Ah, são aqueles caras do The Squares” (risos).
Faça uma ótima turnê na Itália e toque todas as notas certas.
Joe: Farei o meu melhor, Steve. Obrigado.