O nascimento da cena norueguesa de black metal tem uma banda brasileira como grande influência. Satyr, frontman do Satyricon, conta que os músicos do segmento eram fãs dos pioneiros do Sarcófago.
Em um vídeo publicado pela editora e produtora de eventos Estética Torta, o vocalista foi filmado conversando a caminho do show do Satyricon no Carioca Club, em São Paulo, na última quarta-feira (13). Na ocasião, ele relembrou como a loja de discos fundada por Euronymous — falecido guitarrista do Mayhem — se tornou um centro para fãs de metal de toda a Noruega. Não se vendia muita coisa, mas ali criavam-se conexões enquanto escutavam música.
Ao comentar sobre I.N.R.I. (1987), estreia do grupo brasileiro, ele diz:
“O que aconteceu foi que eu vi esse álbum na loja do Euronymous e pensei: ‘Uau, não sabia que tinha um álbum antes dele [Rotting]’. Então eu comprei e pra mim foi como amor à primeira vista.”
A razão oferecida para explicar esse arrebatamento de cara foi simples. O álbum era mal tocado, mas de um jeito legal.
“Mesmo que soasse horrível, os riffs eram muito bons. Eu também ouvia Dead Kennedys e coisas assim, que são mais sobre a atitude do que sobre a técnica.”
Satyr reflete sobre o Sarcófago
Na sequência, Satyr elaborou em cima dessa tese. Segundo o vocalista, os integrantes do Sarcófago tocavam músicas mais rápidas do que suas habilidades permitiam. Porém, a banda ainda dava tudo de si.
“Se você ouvir Kreator das antigas, eu acho que quando eles estavam tocando mais rápido do que eles conseguiam, parecia que eles estavam quase desistindo. Com o Sarcófago, eles estavam tocando mais rápido que conseguiam, mas eles deram tudo, sabe? Então mesmo que estivessem, tecnicamente falando, tocando muito mal, ainda soava legal porque a atitude era kamikaze, sabe?”
O amor do Satyricon pelo Sarcófago não é novidade. O grupo norueguês já havia feito uma cover da faixa-título de I.N.R.I. para um relançamento em 2006 do álbum Rebel Extravaganza, que originalmente saiu em 1999.
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