Caça-níqueis, desnecessários, os álbuns ao vivo já foram tratados de forma nada amistosa ao longo das décadas, mas sempre tiveram muitos adeptos. Particularmente, sempre adorei ouvir discos ao vivo, mesmo aqueles que nem são tão ‘ao vivo’ assim. Porém, em uma época sem shows, eles ganham muita relevância, já que são a única maneira de ouvirmos as canções das nossas bandas favoritas com aquele agradável ‘ruído’ da plateia, que sempre engrandeceu o rock/metal. Pensando nisso, criamos uma lista de álbuns para você conferir enquanto os shows ao vivo não retornam. Como o tempo de espera tem sido longo e são muitos ótimos álbuns, dividimos a lista em partes, que você conferirá quinzenalmente. Na lista de hoje, para doer menos (ou mais, dependendo do ponto de vista), selecionamos apenas bandas que até o momento do fechamento da lista estão inativas, ou seja, que serão impossíveis de ver novamente ao vivo. Aproveite a leitura, e principalmente, aperte o ‘play’.
THIN LIZZY – LIVE AND DANGEROUS (1978)
Ao passo que novos álbuns vinham sendo lançados, vinha crescendo o bom nome e a influência do Thin Lizzy sobre o cenário hard rock setentista. Tudo isso era apoiado por canções icônicas, e que se tornariam clássicos ao longo das décadas seguintes, mas era também por contar com uma formação incrível que a banda irlandesa ia se tornando a favorita de tantos fãs de rock e metal. Claro que Jailbreak e The Boys Are Back in Town fazem parte do repertório, mas a dica é ficar atento em cada momento desse clássico atemporal, considerado por muitos como um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos.
QUEEN – LIVE AT WEMBLEY ’86 (1992)
Freddie Mercury, John Deacon, Roger Taylor e Brian May, não importa em que você acredite, esse é o Queen. E Queen, mesmo, nunca mais veremos ao vivo. Embora não seja o primeiro e nem o mais clássico dos álbuns ao vivo da lendária banda britânica, escolhi este Live At Wembley ’86 (gravado em 12 de julho de 1986 no estádio que dá nome ao disco, em Londres, Inglaterra, e lançado em 26 de maio de 1992) por conta do sólido repertório, que abrange praticamente tudo o que a banda tinha feito até o álbum A Kind Of Magic. Todos os grandes clássicos inevitáveis estão aqui, além de algumas boas surpresas, tudo com o brinde de uma plateia absolutamente extasiada.
DEATH – VIVUS! (2012)
Sim, esta é a famosa ‘cartada do apelão’, já que junta em um único pacote dois álbuns clássicos da banda de Chuck Schuldiner, Live In L.A. (Death & Raw) e Live In Eindhoven ’98. Mesmo não contando com a formação mais clássica da banda americana, temos aqui um registro fundamental daquilo que é o death metal ao vivo, e os finados Chuck Schuldiner (guitarra e voz, falecido em 2001) e Scott Clendenin (baixo, falecido em 2015) ao lado Shannon Hamm (guitarra) e Richard Christy (bateria) detonam tudo em clássicos como Zombie Ritual, Spirit Crusher, Pull The Plug, Symbolic, Together As One e várias outras.
CHILDREN OF BODOM – TOKYO WARHEARTS (1999)
Ainda é difícil acreditar que o vocalist/guitarrista Alexi Laiho se foi, mas antes mesmo já sabíamos que seria impossível ver novamente o Children Of Bodom ao vivo. Isso porque uma montanha de problemas internos veio a desmontar o grupo que foi uma das sensações de sua geração, e uma das melhores para se ver ao vivo. Vindo diretamente dos primeiros (e clássicos) anos do grupo finlandês, Tokyo Warhearts registra a banda em seu auge, com um repertório sólido e ótima performance instrumental, o que é praxe no legado de Laiho e seus asseclas. Silent Night, Bodom Night, Lake Bodom e Hatebreeder talvez tenham suas versões definitivas neste ótimo registro.
BLACK SABBATH – REUNION (1998)
São muitos os álbuns ao vivo do Black Sabbath, e praticamente todos poderiam estar nesta lista, mas Reunion sempre terá um lugar especial no meu coração. Tanto pela época do seu lançamento quanto pelo que o álbum representou para toda uma geração de fãs que nunca antes tinha visto a banda com Ozzy nos vocais (me incluo nessa lista), este disco foi um alento, juntando o vocalista novamente aos velhos parceiros Geezer Butler (baixo), Tony Iommi (guitarra) e Bill Ward (bateria). O repertório nem precisa ser mencionado, já que todos esses clássicos praticamente forjaram o nosso caráter de fãs de metal. Ah, e mesmo sendo um álbum duplo, ainda faltaram clássicos nessa lista…
GOREFEST – THE EINDHOVEN INSANITY (1993)
Nos anos 90, especialmente no início da década, o death metal viveu o seu período clássico, a era onde as maiores obras do gênero foram forjadas. Nos Países Baixos, várias eram as bandas que buscavam o seu lugar ao sol, mas o Gorefest já nasceu clássico. Com os incríveis Mindloss (1991) e False (1992) lançados, o grupo ‘chutou bundas’ em 30 de maio de 1993 no festival Dynamo, em Eindhoven, então um dos maiores do circuito metal em todo o planeta. A empolgação do público, a performance ensandecida da banda, o repertório soberbo, tudo prova a razão deste ser um dos principais lançamentos ao vivo da história do death metal. E a cada ano que passa, ele fica ainda melhor…
MOTÖRHEAD – EVERYTHING LOUDER THAN EVERYONE ELSE (1999)
Sim, sei que você esperava ver No Sleep ‘til Hammersmith (1981) aqui, e ele irá aparecer nesta nossa coleção, mas não na lista de hoje. Aguarde. Na lista de hoje, quis incluir um álbum não tão clássico, mas ótimo, extenso, com muita música de todas as eras, e este Everything Louder Than Everyone Else cabe muito bem nesta descrição. Lemmy (voz e baixo), Philip Campbell (guitarra) e Mikkey Dee (bateria) trazem aquela sua performance suja e energética de sempre, com clássicos como Iron Fist, On Your Feet Or On Your Knees, The Chase Is Better Than The Catch, Ace Of Spades e Overkill abrindo os ouvidos até dos mais céticos fãs em uma era que não foi das melhores para o grupo britânico. Ao menos era isso que se apregoava na época…
SLAYER – DECADE OF AGGRESSION (1991)
Confesso que até agora ainda me sinto tentado a colocar Live Undead (1984) neste posto, mas novamente foi o tamanho do repertório que embasou minha escolha, então vamos de Decade Of Aggression, álbum que encerra a chamada ‘era clássica do Slayer’. Convenhamos, faz sentido dizer isso, já que todos os álbuns até então são clássicos… E o repertório aqui, Hell Awaits, South Of Heaven, Dead Skin Mask, Angel Of Death, Die By The Sword, Black Magic, Seasons In The Abyss… E tudo com Araya, Hanneman, King e Lombardo, então, como superar isso? É colocar para rolar e curtir cada segundo, torcendo para que o ‘fim do Slayer’ tenha sido apenas mais um pesadelo nesse tempo terrível de pandemia…
VAN HALEN – LIVE: RIGHT HERE, RIGHT NOW (1993)
É incrível que uma banda nascida durante a década de 70, que vinha lançando clássico atrás de clássico e com turnês lotadas em todos os palcos que visitava só tenha lançado o seu primeiro álbum oficial ao vivo em 1993. Ao menos a espera se fez valer, já que Live: Right Here, Right Now vem recheado de ótimos momentos, mesmo para aqueles que não são tão fãs da era Sammy Hagar. O álbum, que traz sucessos radiofônicos como Jump e Panama lado a lado com baladas grudentas como Why Can’t This Be Love e Dreams até decepciona por não ser tão rock quanto poderíamos esperar, mas era assim que a banda soava na época… Ah, e vale lembrar todas as histórias de retoques que o álbum recebeu (em estúdio e enxertos de outros shows), mesmo assim, vale muito conferir. Até porque Van Halen ao vivo…
RUSH – RUSH IN RIO (2003)
É Rush, é ao vivo e é no Brasil. Essa deveria ser toda a explicação necessária aqui, mas vamos dizer que dentre todos os álbuns ao vivo da lenda prog canadense, esse é também o que conta com a melhor captação da plateia (nem podemos supor o motivo, certo?) além de (novamente) um repertório incrível, que captura os melhores momentos da jornada de Peart, Lifeson e Lee. Da abertura com Tom Sawyer até o encerramento, tudo é lindo tudo é perfeito, tudo é imperdível. The Spirit Of Radio, Freewill, YYZ, Bravado, Limelight, escolha o que quiser, é neste álbum que penso quando penso no retorno dos shows ao vivo. Pena que nunca mais teremos uma banda como essa.