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BLACK FLAG – São Paulo (SP)

27 de outubro - Carioca Club

Por Marcelo Gomes

Fotos: Roberto Sant’anna

Depois de três anos de sua estreia no Brasil, o Black Flag retornou a São Paulo para celebrar o segundo disco da banda, “My War”, além de outros clássicos, em um set de cerca de 2 horas. O público compareceu em peso para a apresentação no Carioca Club, que contou com a participação da lendária banda punk brasileira Garotos Podres.

Os Garotos Podres iniciaram o evento às 20h. Liderados pelo vocalista Mao, começaram a apresentação com “Garoto Podre”, “Oi, tudo bem?” e “Johnny”, uma bela sequência para ir aquecendo as pessoas que ainda estavam chegando quando o show começou. Não faltaram os discursos ácidos do vocalista contra o fascismo e apoiando o comunismo. Também não faltaram os clássicos como “Anarquia Oi”, “Papai Noel Velho Batuta”, na qual Mao estava com a toca do Velho Batuta e “Vou Fazer Cocô” que finalizaram o show. Os 40 minutos de apresentação foram uma ótima preparação para o que estava por vir.

Após 20 minutos para troca de palco, as estrelas da noite chegaram para executar um de seus álbuns icônicos na íntegra, “My War”, além de outros hits do Black Flag. Às 21h, Greg Ginn (guitarra), único membro original acompanhado por Mike Vallely (vocal), Charles Wiley (bateria) e Harley Duggan (baixo), subiram ao palco sem introdução e deram início com a faixa título, “My War”. O público que parecia um pouco contido na apresentação dos Garotos Podres começou a se soltar, não foi diferente em “Can’t Decide” na qual teve uma introdução mais longa que a original.

Mesmo sem interagir com o público, Mike regia a banda. Tudo seguia segundo seus comandos. Sem anúncio, seguiram com “Beat My Head Against The Wall” e “I Love You”. Nessa última, um fã subiu ao palco e quase derrubou um retorno na plateia ao fazer um stage diving. A sequência veio sem alívio, uma atrás da outra. Foi assim com “Forever Time” e “Swinging Man”, na qual Vallely mandou reiniciar, pois achou que seu início não estava bom. Confesso que não notei nada de anormal na primeira vez. Estranhamente, à medida que continuavam, parecia que a empolgação do público diminuía. Algumas partes mais longas e cheias de improviso talvez tenham contribuído para isso.

A parte final do “My War” teve “Nothing Left Inside”, “Three Nights” e “Scream”, e mais uma vez Greg Ginn abusou de improvisos nos solos com coisas bem atonais para ser bem generoso com ele. O público parecia meio em choque com o estilo do guitarrista e as partes experimentais que a banda apresentava. Ao final, Mike interagiu com os presentes pela primeira vez, agradecendo e dizendo que fariam uma pausa de 10 minutos.

A apresentação do álbum “My War” manteve-se fiel ao espírito visceral e cru do disco original. Músicas como “My War”, “Can’t Decide” e “Three Nights” foram muito bem recebidas, provando que depois de quase 4 décadas, essas faixas icônicas ainda têm relevância.

Mas a noite não foi apenas sobre “My War”. O Black Flag presenteou os fãs com vários outros hits. Começaram a segunda parte com “Nervous Breakdown”. Parecia outro show, a vibe era muito mais condizente com a proposta da banda, ou seja, pessoal agitando e se divertindo. A alegria durou pouco, um fã subiu ao palco derramando cerveja para todo lado e acabou se machucando ao se jogar. Resultado, show parado para atender o ferido. Logo após retomarem, outro fã subiu ao palco e começou a fazer firulas ao lado do vocalista Mike Vallely, que não gostou nem um pouco dos gracejos. Visivelmente irritado, Mike arrastou o cara e chegou a jogá-lo no chão e mais uma vez a música foi interrompida.

Com tudo resolvido, tiveram presentes no extenso repertório “Fix Me”, “I’ve Had It”, “Wasted”, “Jealous Again”, “No Values” que foram de tirar o fôlego. Em “Black Coffee”, mais um resolveu subir no palco e ganhou uma bela ombrada do vocal que não estava aceitando mais essas atitudes. Os clássicos “Gimme, Gimme, Gimme” e “Six Pack” foram um dos pontos altos do show, como era de se esperar, sendo festejados com muitas rodas, evocando o melhor da tradição punk.

Foi assim também em “Room 13”, “Revenge”, “TV Party” e “Rise Above” com os fãs cantando com fervor, fazendo muito mosh no que poderia ser descrito como puro caos. A última foi “Louie Louie”, cover de Richard Berry que se tornou uma tradição no encerramento dos shows do Black Flag. Durante quase 10 minutos, fizeram uma versão cheia de improvisos recheada de solos bem ao estilo punk, num final ao mesmo tempo apoteótico e cheio de atitude.

Com quase duas horas de apresentação, o Black Flag conseguiu criar uma atmosfera com a atitude punk que remeteu aos tempos áureos do movimento. Bem ao estilo “Do It Yourself”, entregaram seus clássicos de forma visceral numa performance arrebatadora. Para os fãs do Black Flag e punk em geral, a apresentação do icônico álbum “My War” e outros clássicos da banda foi um sonho se tornando realidade, um resgate fiel à essência do que consagrou o estilo.

Garotos Podres – setlist:

01) Garoto Podre

02) Oi Tudo Bem?

03) Johnny

04) Rock De Subúrbio

05) Subúrbio Operário

06) Avante Camarada

07) Antifa Hooligans

08) A Internacional

09) Aos Fuzilados da C.S.N.

10) Anarquia Oi

11) Papai Noel Velho Batuta

12) Vou Fazer Cocô

Black Flag – setlist:

01) My War

02) Can’t Decide

03) Beat My Head Against The Wall

04) I Love You

05) Forever Time

06) The Swinging Man

07) Nothing Left Inside

08) Three Nights

09) Scream

10) Nervous Breakdown

11) Fix Me

12) I’ve Had It

13) Wasted

14) Jealous Again

15) No Values

16) Black Coffe

17) Gimmie Gimmie Gimmie

18)  Six Pack

19) Depression

20) In My Head

21) Room 13

22) Revenge

23) Rise Above

24) Louie Louie (Roger Berry)

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