A pressão é sempre intensa. Criar uma banda de black metal naquela que é considerada a nação do black metal, é sempre uma tarefa complicada, pois o padrão comparativo tende a ser bem prejudicial para as novas bandas. Não bastasse fazer black metal na Noruega, e sofrer comparações instantâneas com gente como MAYHEM, EMPEROR, DARKTHRONE, SATYRICON e outros de igual grandeza, o trio de Kristiansand (Noruega) denominado BLOT ainda acrescenta uma complicação extra em seu som: o folk/viking. Mas é justamente ao juntar esse elemento ‘complicador’ que Jan Åge Lindeland (vocal), Bengt Orstad (guitarra) e Ruben Gentékos (bateria) conseguem se destacar e se diferenciar dos seus pares, apesar de agora somarem nomes como BATHORY, ENSLAVED, e tantos outros gigantes nas comparações. “Quando começamos o BLOT, já estávamos muito certos do som que queríamos tocar, mas levou um tempo para chegarmos nele”, Lindeland comentou em entrevista exclusiva para a ROADIE CREW. “Nós ainda sentimos muito orgulho do nosso EP [Blot, 2009], mas o álbum, Ilddyrking [2015] foi um passo adiante, assim como o próximo álbum será”.
Claro que muito dessa sonoridade foi lapidada a partir das velhas influências, algo que a banda também não tem problema em assumir: “BATHORY e DISSECTION exerceram certa influência sobre nós, elas são duas das maiores bandas do gênero, mas precisamos também mencionar o EMPEROR e o TAAKE”. Mas, nem apenas o black metal seria usado para forjar as armas do BLOT: “Como somos interessados na velha música folk/viking tradicional e nos instrumentos usados nelas, foi natural incorporar essas características na nossa música. Ao darmos início ao BLOT, como o próprio nome indica, a intenção era justamente mesclar black metal com música folk tradicional”. E, se alguém acha que essa mistura não é lá muito original, isso tampouco era a intenção da banda: “Ruben e Bengt escrevem as músicas, e não é necessariamente o desejo de criar algo novo que os impulsiona a criar música. O que realmente desejam é criar música que se encaixe na ideia no BLOT”.
Se a ideia do som e da própria concepção da banda permanecem firmes desde os primeiros dias, outros aspectos acabaram mudando com o tempo. “Levar o BLOT para os palcos tem sido incrível”, comenta Lindeland, falando sobre o aspecto de maior mudança na carreira dos noruegueses, “nós começamos mais como uma banda de estúdio, mas ao vermos o quão bem as coisas funcionavam ao vivo, e a maneira como as plateias nos recebiam, foi incrível”. E isso não tem a ver com inexperiência, como o vocalista explica, “todos nós somos (ou fomos) de outras bandas de metal, então, tem sido algo como esperávamos”.
O próximo passo da jornada ao vivo dos noruegueses será justamente no Brasil, onde a banda toca pela primeira vez, durante o tradicional festival Thorhammerfest. “Musicalmente, nós estamos preparados”, entrega o empolgado vocalista, “e daremos o nosso melhor para levar até vocês uma dose intensa de black metal norueguês com influência folk”. E, para os novos fãs que a banda busca encontrar no Brasil, uma boa surpresa: “atualmente, estamos trabalhando em um novo disco, que deverá ser lançado ainda em 2018. Uma ou duas músicas novas deverão aparecer nos shows aí”, ele revela.
Sobre a oportunidade de tocar no Thorhammerfest, ele acrescenta: “tocamos no Midgardsblot, na Noruega em agosto de 2016, e foi uma experiência incrível. Antes do Thorhammerfest, esse foi o único festival de viking em que tocamos, mas temos que dizer que é um dos melhores festivais que já participamos. Os festivais tendem a ter uma atmosfera e um ambiente único que você nem sempre consegue em um show “solo”. Mas, hey, nós amamos estar no palco trazendo nossa música para o público, não importa qual seja o formato”. E se for no Brasil, melhor ainda, certo? “Nós realmente estamos ansiosos para levar um pouco da cultura norueguesa para o Brasil, e ainda mais para conhecer alguns dos nossos fãs brasileiros! Então, nos vemos no Thorhammerfest!”.