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CRAZY LIXX: NOVA ONDA DO HARD ROCK SUECO

Foto: Nils Sjöholm

Promovendo “Two Shots At Glory”, quinteto sueco vem ao Brasil pela segunda vez com três datas no mês de março

Por Daniel Agapito

Protagonizada por bandas como Hardcore Superstar, Crashdiet, Backyard Babies e H.E.AT., a Suécia vem exportando uma vasta gama de bandas de hard rock/glam/sleaze de qualidade. Formado no final de 2002 na cidade de Malmö pelo vocalista e guitarrista Danny Rexon, o Crazy Lixx visa resgatar a tão amada sonoridade do hard rock oitentista. Sendo iniciada no Monsters of Rock Cruise e fechando no Glam Fest BR, em São Paulo, os suecos vêm à América Latina pela primeira vez em 12 anos, prometendo entregar grandes espetáculos por onde passarem. Conseguimos uma entrevista com o já citado Rexon, onde abordamos os shows, o novo álbum e muito mais!

O álbum “Two Shots at Glory”, que comemora seus mais de 20 anos de carreira, foi lançado no último dia 16 de fevereiro. Como foi criar um álbum que ao mesmo tempo reimagina clássicos de seu catálogo, mas também traz aos ouvintes novas e eletrizantes faixas?
Danny Rexon:
É um álbum um tanto esquisito. Como você disse, ele traz remakes de algumas músicas, mas não é um compilado típico, com nossas melhores músicas. O que fizemos foi pegar algumas faixas que sentimos que foram subestimadas e esquecidas de nosso repertório. São músicas que foram lançadas há pelo menos 10 anos atrás. Na maioria dos casos, os fãs mais novos não têm tanta familiaridade com elas, então queríamos dar alguns “toques” novos para apresentá-las aos novos fãs, mas ao mesmo tempo gostaríamos de fazer com que fosse um lançamento interessante para nosso público mais antigo – aí entra a inclusão das duas (faixas) originais e o cover (“Sword and Stone”, do Kiss). É um compilado especial, neste sentido.

Continuando nesta mesma linha, como diriam que evoluíram tanto pessoalmente quanto como músicos ao longo de sua trajetória?
Rexon: Espero que tenhamos evoluído bastante em 20 anos. Me considero um compositor melhor, a evolução da produção também é óbvia. Uma das razões por lançarmos o compilado foi porque achamos que muitas das músicas mais antigas estavam fortes, mas estavam fracas em termos de produção. Desde a mixagem e masterização e as escolhas que fizemos lá atrás em relação à nossa sonoridade. Acho que aprendemos bastante desde aquele tempo, e pegamos tudo que aprendemos e produzimos o álbum. É um processo de evolução constante. Estou aprendendo bastante em cada passo do caminho o tempo todo, e adoro isso; acho que nunca considerarei terminar, parar por completo. Tento absorver e aprender o máximo possível. Trabalhando assim se torna comum compor 10 músicas e jogar fora 9, com só 1 entrando em consideração para ser incluída em algum álbum. Acho isso necessário. Alguns erros acabam acontecendo, mas estes erros viram aprendizado e te levam para onde você está hoje. Não me arrependo de nada que fizemos.

Qual diria ser o significado do “Two Shots at Glory”? Onde ele cairia em sua trajetória musical?
Rexon: De certa forma, uma das razões por trás de termos lançado o compilado foi o tempo de espera desde nosso último trabalho “real” de estúdio, que foi o “Street Lethal” em novembro de 2021. Queríamos entregar algo ao público, mas não estávamos prontos para fazer um trabalho de estúdio completo. O consideraria uma ponte entre álbuns, algo interessante o bastante para os fãs antigos, mas também uma boa maneira de atrair novos. Ter lançamentos importantes é algo muito importante nestes tempos dominados por streaming. O compilado fez com que fosse possível lançar 5 singles ano passado e voltar a ser assunto de conversa. Mesmo assim, não o consideramos um álbum de estúdio “direito”, normal, de maneira alguma, esse ainda virá.

Em 22 anos, têm lançado sete trabalhos de estúdio (sem contar o novo), todos sendo recebidos um tanto calorosamente pelos fãs. Há algum método por trás da qualidade e consistência dos lançamentos?
Rexon: Todos eles com certeza demandam muito trabalho duro. Às vezes acho que as pessoas não percebem quantas composições têm que ser feitas e quantas têm que ser dispensadas. Criar faixas usáveis é um processo longo. Mas querendo ou não, faz parte do processo, você tem que aceitar que nem tudo o que será criado estará no nível esperado ou sequer chegará perto de suas expectativas. Naturalmente, você tem que despender horas de trabalho para chegar no resultado desejado. Nós lançamos um álbum mais ou menos bienalmente, e acho que é uma boa agenda de lançamento, levando em conta que temos turnês para fazer entre cada álbum. Posso te dizer que já fizemos boa parte do processo de produção do novo disco, já escrevemos diversas músicas e iremos começar a gravar logo após esta turnê latino-americana. Com certeza lançaremos algumas coisas do novo trabalho este ano e creio que o álbum inteiro estará disponível em menos de um ano. Estamos ansiosos para iniciar este capítulo.

Os videoclipes do novo compilado – todos USTs, ou Unofficial Soundtracks (trilhas sonoras não oficiais, em português) têm recebido bastante atenção tanto de fãs mais antigos quanto novos fãs da banda. Como foi o processo seletivo dos filmes dos anos 80 e 90 que compõem tais clipes? Qual foi a reação da banda ao ver que os vídeos (em conjunto) acumularam mais de 10 milhões de visualizações?
Rexon: Acho que todos ficamos um tanto surpresos. Sempre gostei de rock e de filmes dos anos 80, e provavelmente não sou o único. Sempre senti uma conexão forte entre o rock e os filmes que cresci assistindo. Fiz basicamente a mesma coisa que gostaria de ter experienciado. Não fazem mais filmes daquele jeito. Nem o rock do jeito que fazemos, na realidade. Parear nossas músicas com aqueles filmes foi algo muito natural. Ainda assim, nunca imaginei que iriam chegar às alturas que chegaram. Começaram bem devagar, mas aí um deles viralizou, lá em fevereiro do ano passado. Isso foi uma grande motivação para seguirmos fazendo o que estávamos fazendo. Quando começamos as discussões sobre o processo de marketing, convenci a gravadora a fazer só as USTs, em vez de clipes convencionais. Como você mencionou, fizemos 5 destes clipes para este álbum. Todos eles tiveram algum nível de sucesso. Diria que os fãs também percebem esta conexão entre nossas músicas e os filmes daquela era.

Videoclipes no geral aparentam ser um aspecto muito bem trabalhado na banda – algo que não se vê mais tanto nos dias de hoje. Tem algo a dizer sobre este pequeno “sumiço” dos videoclipes? Em sua opinião, qual é o cargo de um videoclipe no marketing de um álbum moderno?
Rexon: Como você disse, infelizmente estão desaparecendo mesmo. Creio eu agora as pessoas estão mais interessadas em conteúdo mais curto, como os vídeos rápidos e verticais que podem ser vistos em um TikTok ou YouTube Shorts. Voltando ao conceito original dos videoclipes, são ferramentas de marketing para as músicas. Os primeiros videoclipes eram realmente muito simples, aí começaram a virar espetáculos cinemáticos nos anos 80 e 90. Acho que têm a ver com o orçamento disponibilizado na época. A exposição que um clipe conseguia, especialmente em canais de música como a MTV, era um grande motivador para a produção dos clipes. Com tudo isso desaparecendo da indústria no geral, agora vemos muito mais clipes de orçamento menor, ou até vídeos que nem tem a música inteira, apenas o refrão e um convite para o ouvinte ouvir a faixa completa por streaming. Ando vendo vários vídeos das bandas e artistas tocando mesmo, estilo one-take. Tendo crescido na década de 80 e 90, sinto que sempre quis replicar os clipes que assistia. Entendo que não há orçamentos assim hoje em dia. Pode ser que estas tecnologias de inteligência artificial apareçam e facilitem muito este processo, que façam clipes serem possíveis de maneiras que nem imaginamos. Venho vendo várias coisas acontecendo no quesito de vídeos gerados por IA. Está avançando muito mais rápido do que esperado. Talvez algo que lembre os clipes cinemáticos possa ser produzido, mas por uma fração do preço. Talvez possa colocar a banda em um ambiente de IA e fazer ficar bom. Mas, do jeito em que está, acho que veremos muito mais conteúdos curtos por um bom tempo. Faz mais sentido dado o orçamento atual da maioria dos músicos.

Em 2021, o hit “Wild Child” foi incluso no filme “Willy’s Wonderland”, de Nicholas Cage. Qual foi o processo por trás desta seleção e como diria que afetou sua trajetória?
Rexon: Não tenho certeza de como aconteceu, na verdade. Fomos abordados pelo supervisor musical do filme, e daí foi. O filme é um filme de terror de baixo orçamento, então não diria que serviu para atrair tantos fãs, mas era algo que sempre quis fazer. Quando era menor, o Nicholas Cage era um ator de classe A, estrelando em filmes como “A Rocha” e “Com Air – A Rota da Fuga”, então só de ser mencionado na mesma frase que ele, já me sinto extremamente realizado, pessoalmente falando. Já tivemos algumas faixas incluídas em filmes de orçamento menor, e certamente seria um grande passo para nossa carreira ter uma de nossas músicas incluídas em um filme de grande orçamento mesmo ou alguma série. Estamos sempre procurando oportunidades assim. Como já disse, o rock infelizmente não é mais uma escolha tão popular assim para filmes e séries, mas torço para que isso possa mudar.

Como você descreveria o impacto do Crazy Lixx no renascimento do hard rock/glam/sleaze oitentista na Escandinávia nos últimos anos?
Rexon: A música sempre foi algo que a Suécia exportou. Tendo em mente que nossa população não é das maiores (por volta de 10,5 milhões de pessoas), sempre produzimos muita música. É algo cíclico também, tivemos a sensação do pop com o ABBA na década de 70 e o Roxette na década de 80, aí vieram as bandas de rock como o Europe também nos anos 80, mais recentemente tivemos a movimento da música eletrônica, encabeçado pelo Avicii. É algo que vai de estilo em estilo, e até está parecendo que a vez do rock está chegando. Neste meio tempo, tivemos algumas “exportações” do mundo do rock, como o death metal de Gotemburgo, por exemplo. O Ghost, que está famoso no mundo inteiro é daqui também. Sempre produzimos muita música no país, e para um país tão pequeno temos bastante resultado também. Talvez seja a hora do rock brilhar novamente. Espero que seja.

Vocês irão excursionar a América Latina em março e tocarão no Glam Fest BR em São Paulo, ao lado dos gaúchos do Goaten, Steve Rachelle, a voz do Tuff (EUA) e os veteranos Pretty Boy Floyd (EUA). O que acha desse cast e o que espera de shows em outras cidades brasileiras?

Rexon: É um lineup muito, muito bom. Já estivemos por aí, mas já faz um bom tempo. Só tenho boas memórias. Desde então, temos acumulado uma quantidade bem maior de fãs por terras latino-americanas. Vamos fazer três shows aí no Brasil (15/3 em Curitiba/PR, 16/3 em Belo Horizonte/MG e 17/3 em São Paulo/SP), finalizando no Glam Fest em São Paulo. Vai ser ótimo. Acho que o lineup é com certeza muito forte para os fãs do estilo!


A última passagem por terras brasileiras foi em 2012, tocando também em São Paulo. Tem alguma história interessante para contar?
Rexon: Pelo que lembro, foi a última vez que fiquei muito, muito bêbado depois de um show. Eu dei PT por um bom tempo. Quando me chamaram, estava sentado no banheiro e me falaram “vamos lá, está na hora de ir embora” e respondi, “mas como assim? A festa acabou de começar.” Não lembro o que aconteceu, juro que só bebi, mesmo (risos). Ouvi falar que foi uma festa pós-show gigante. O público foi ótimo, nos divertimos muito. Fizemos uma sessão de autógrafos antes do show, e ficamos surpresos com a quantidade de gente que apareceu e pelo que nos falaram. Tinha uma grande fila fora da loja de discos que estávamos. Só tenho coisas boas a falar daí, e com certeza será incrível voltar!

Houve alguma razão específica por não terem vindo antes?
Rexon: Diria que foi majoritariamente por conta de fatores econômicos. Tínhamos planos de passar por aí pouco antes da pandemia, algumas vezes, na real. Por uma diversidade de motivos, não rolou. Aí com a pandemia foi algo que ficou fora de cogitação por alguns anos. Acho que agora é uma boa hora de voltar. Acabou que já juntamos com um show nos Estados Unidos – começamos a turnê no Monsters of Rock Cruise, que sai de Miami, fazendo com que o custo total das viagens seja bem mais baixo. De lá, viremos pelo México, aí faremos a América do Sul, finalizando no Brasil, Tudo isso fez com que a turnê fizesse mais sentido, financeiramente, uma das grandes razões por ter sido realizada.

Onde você espera estar com o Crazy Lixx nos próximos 10 anos?
Rexon: Nunca fomos uma banda que cresceu rapidamente, algo que me frustrou bastante quando era mais jovem. Sonhava em dominar o mundo. Depois disso, sempre considerei nosso crescimento devagar, mas estável algo muito bom. Muitas bandas têm um pico muito cedo, aí acabam caindo muito rápido. Diria que ainda estamos no processo de ascensão. Não acho que lançamos nosso melhor álbum ainda. Quero construir em cima desta fundação que criamos, ver mais partes do mundo, fazer shows maiores e maiores, e como você disse, talvez tenhamos sorte com o futuro do estilo, com o rock realmente ressurgindo. Vemos alguns sinais que mostram que talvez realmente aconteça. Surfar nesta onda mesmo. Não tenho planos de parar, então ainda me vejo fazendo isso em 10 anos. Se mais nada acontecer.

Antes de fecharmos, têm mais algo que queira falar para os leitores da ROADIE CREW?
Rexon: Bom, se tiver a chance de nos ver ao vivo, lembre-se de que não vimos aqui toda hora, venha nos ver. Estamos sempre animados para conhecer os fãs, autografar as coisas, bater fotos e tudo mais. Estou animado para conhecer todos vocês durante a turnê!

 

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