Em entrevista exclusiva à ROADIE CREW, edição #285, Mikael Åkerfeldt, vocalista e líder do Opeth, revelou sua relação especial com a música brasileira — do metal extremo à Tropicália — e contou como a banda mantém um vínculo constante com o público do Brasil.
Desde a primeira passagem do Opeth pelo Brasil, na turnê do álbum Watershed (2008), a presença da banda se tornou constante. “Levamos alguns anos para perceber que um promotor poderia nos levar para a América do Sul, mas desde então sempre vamos ao Brasil”, contou Åkerfeldt. “Se temos um novo álbum, como agora, não há dúvidas de que iremos ao Brasil. É um fato.”
Ele também relembrou a primeira apresentação em São Paulo, em condições adversas: “Lembro de um vazamento no teto, e aquele gotejamento bem na minha cabeça foi quase como uma tortura (risos). Mas o público foi incrível.”
Além do carinho pelos fãs brasileiros, Mikael compartilhou sua antiga admiração pela cena de metal extremo do país. “Ouvíamos bandas como Vulcano, Sarcófago e, claro, Sepultura. Eu colecionava LPs da Cogumelo Records, inclusive alguns mais questionáveis, como os do Holocausto (risos).”
Para o vocalista, a sonoridade da cena mineira dos anos 1980 foi decisiva. “Era o início do metal para mim. Aquela cena me fez fantasiar sobre ir a Belo Horizonte. Todas as bandas brasileiras que eu adorava eram de lá, então via o lugar como algo mítico.”
Mas o interesse de Åkerfeldt não se limita ao metal. O músico tem fascínio pela Tropicália e pela mistura única de psicodelia brasileira presente na obra d’Os Mutantes. “Na última vez em que estive em São Paulo (antes de retornar em 2025, para tocar no Monsters of Rock), comprei discos do Gilberto Gil e da Rita Lee, porque já tinha conseguido todos os discos d’Os Mutantes em vinil (risos)”, contou. “Escuto com frequência em casa. Minha namorada até pergunta: ‘O que você está ouvindo?’, e eu digo: ‘É aquela banda brasileira’ (risos).”
Ele se impressiona especialmente com a autenticidade da música brasileira. “Tenho fascínio por bandas que agregam sons do próprio país. E isso está muito presente n’Os Mutantes. Você não encontra o som que eles faziam em nenhum outro lugar do mundo.”
Além da conexão pessoal com o país por meio da música, Mikael também lembrou que o primeiro baterista do Opeth, Anders Nordin, nasceu no Brasil e foi adotado ainda pequeno por uma família sueca. Um detalhe que completa essa ligação de longa data entre o grupo sueco e o Brasil.
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