Por Fernando Queiroz
Fotos: Andre Santos
O doom metal sempre foi um ramo bem nichado dentro do gênero. Tirando Paradise Lost e, talvez, Candlemas, dificilmente você vai ver shows grandes e cheios do gênero – não, não estamos contando o bom e velho Black Sabbath nesse balaio, que são os precursores do gênero (e de quase todos os outros). Porém, é uma das vertentes com fãs fiéis, que realmente vão atrás de bandas novas, sejam elas nacionais ou de fora do Brasil. Pois bem, dentro desse meio bem underground, acabamos vendo shows interessantes, conhecendo sons impactantes e, especialmente, sem risco de se meter no meio de um mosh. Um gênero para quem curte uma melancolia, e nesse meio, você vai encontrar não apenas pessoas legais, mas vai conhecer bandas ótimas! Foi o caso do evento ocorrido em uma quinta-feira à noite em um dos mais renomados estúdios de ensaio e com um ótimo espaço para apresentações, o Red Star Studio, em São Paulo.
Pequeno, poucas pessoas, mas um clima amistoso e quase familiar foi o que tivemos na apresentação da banda brasileira veterana do gênero, o Helllight, e dos espanhóis do Evadne.
Programado para tocar às 19h, com um atraso de cerca de quinze minutos o Helllight subiu ao palco aclamado pela plateia. Nitidamente, a banda já conquistou sua base, e com quase trinta anos de carreira, representa como ninguém o doom metal nacional. Com músicas longas, de cerca de seis e até sete minutos – mais, talvez –, o setlist foi curto, com apenas cinco músicas, que deu pouco mais de uma hora de show. Apesar disso, foi o suficiente para a banda apresentar muito bem músicas de seus últimos três álbuns, todos muito elogiados entre o público do gênero. Interessante como o guitarrista e vocalista Fabio de Paula, além de ótimos guturais, tem um excelente e melancólico vocal limpo, que passa tanto a emoção que precisa como a agressividade no momento certo. Outro destaque nos guturais é o baterista Renan Bianchi, que faz muito bem a dobradinha de vozes quando Alexandre canta as partes limpas. Não podemos esquecer do baixista Alexandre Vida, que usa timbres que dão o peso necessário às músicas. A escolha do tema de saideira, As Daylight Fades, foi a mais acertada possível, com participação da excelente cantora Ana Day, coroando uma ótima noite dos paulistanos em sua cidade natal.
Depois de um curto tempo de espera, suficiente para tomar um refrigerante ou cerveja, fumar um cigarro e conversar um pouco, inclusive com os membros das bandas, era hora dos espanhóis do Evadne entrarem em cena pela primeira vez no Brasil. Com uma boa produção de palco, embora modesta, e uma iluminação escura, condizente com o estilo, embora seja o terror dos fotógrafos, um som denso e músicas um pouco mais curtas que os da banda anterior deram espaço a um setlist bem completo, passeando pelos quase vinte anos da banda.
Assim como no Helllight, o Evadne também tem vocais divididos com o baterista Joan Nihil, que “duela” muito bem com o excelente vocalista Albert Canejero; as guitarras lentas, o baixo bem grave e a bateria simples, porém muito bem encaixada, deixam exatamente a atmosfera que precisamos para um ambiente doom. A mesa de som ajudou, assim como a boa acústica local, e podia ouvir-se claramente cada nota. Uma hora e meia de show finalizado com a canção The Vacuum valeu a noite.
No fim das contas, um evento pequeno muitas vezes traz ótimos resultados e o que vimos são duas bandas que fazem o que se espera de melhor no doom metal – na verdade, sua versão mais depressiva, o “funeral doom”. Vale a pena conferir um show dessas duas bandas!
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