Desde 2003 o Expurgo vem aterrorizando a cena underground com seu Grindcore insano. A banda, oriunda de Belo Horizonte/MG, conta com vários splits e um ‘full length’, e não para de produzir material. A ROADIE CREW bateu um papo com Egon (vocal), Phil (vocal e guitarra) e Anderson (bateria) em que contaram sobre esse ritmo, seus trabalhos recentes, a cena mineira atual e outras coisas. Leandro (baixo) completa o time. Hora dos expurgados.
O nome do grupo tem uma história curiosa por trás, correto?
Egon: O Phil estava com um parente doente no hospital e foi visitá-lo. Andando pelos corredores, viu a sala de expurgo, que é onde eles deixam todos os dejetos e materiais utilizados que serão descartados. Como na época estávamos buscando um nome para a banda, resolvemos adotá-lo por achamos que tinha tudo a ver com o som que fazemos. Achei a ideia muito foda!
Chama a atenção o fato de a banda ter gravado bastante material desde sua criação. Em 2010 saiu o ‘debut’ e em 2011, foram dois splits, sem contar vários outros nos anos anteriores. É fácil para o Expurgo manter esse alto ritmo de produção?
Egon: Como lançar split é algo que dá trabalho e um pouco demorado, grande parte deles foram lançados quase que na mesma época. Dessa forma, não temos a preocupação de manter um ritmo alto de lançamento de materiais. Isso foi algo que aconteceu naturalmente. O lance é que conseguimos fazer uma boa quantidade de músicas pelo fato de os quatro integrantes curtirem muito Grindcore e também outros estilos, o que ajuda muito no processo de composição. E vamos seguindo com novos sons que em breve estarão em lançamentos futuros, já temos alguns engatilhados.
Phil: A gente faz quando está afim, quando tem inspiração e pronto. Não temos nenhum contrato ou algo assim que nos pressione para lançar material nem nada. No caso, cada split saiu por um selo e a data de lançamento ficou a critério deles. De repente essa rapaziada aproveitou a onda do CD Burial Ground e resolveu lançar tudo junto, não sei, é só um palpite.
Aliás, o ‘full length’ Burial Ground foi muito bem recebido pela crítica especializada e pelos fãs de barulho. Como foi o caminho até chegarem à Black Hole Productions, gravadora que o lançou?
Anderson: Conhecemos o Camacho (N.R.: Fernando Camacho é o dono da B.H.P.) desde 2000. Por meio da ótima distro dele, ainda compramos muito material de Grind e Gore. Desde então, o laço de amizade aumentou e o ponto pivô para o lançamento de Burial Ground pela B.H.P. foi nosso bom amigo André Luiz, do Lymphatic Phlegm/Offal, que deu um “empurrãozinho” para fechar o negócio com o patrão! (risos) Estamos felizes porque fazemos parte do maior selo de Grindcore e Goregrind da America Latina, e estamos ao lado de bandas como Lymphatic Phlegm e Flesh Grinder.
E sobre o mais recente trabalho, o split com o M.D.K. Sicko Brothers Tasting and Eating Corpses, que saiu pela Rotten Foetus Records, o que podem dizer?
Egon: Esse split já era para ter saído há muito tempo, porém ficamos esperando um selo gringo lançá-lo e infelizmente o cara só enrolou. Então Thales, do M.D.K., trocou uma ideia com Diomar, da Rotten Foetus, e ele topou na hora. Para nós é um split muito especial, porque somos amigos de longa data do pessoal do M.D.K. e é uma honra ter saído um material nosso com eles. E ainda saiu por um selo nacional, do Diomar, que é um grande parceiro do underground e que nos deixou muito felizes por ser um split 100% nacional.
O Expurgo gravou um cover dos japoneses do Gore Beyond Necropsy, Reek of Putridfashionpig. Como surgiu a ideia de fazê-lo? Ficou interessante, já que vocês tocam Grind e eles são mais voltados para o Noisecore…
Phil: Cara, somos muito fãs do Gore Beyond Necropsy e várias outras bandas do Japão, como Unholy Grave, S.O.B., Shikabane, Butcher ABC e Catasexual Urge Motivation. Me agrada, além do som, a atitude caótica da banda. Não sei se os japoneses do falecido GBN chegaram a ouvir o cover, na verdade foi tipo uma “versão” da música, pois a gente não consegue fazer tanto barulho quanto eles, nem a pau!
No ano que vem o Expurgo completa uma década de existência. Talvez seja cedo para perguntar, mas já existem planos para comemorar a data?
Anderson: Não tínhamos pensado nessa ideia… valeu o toque! Com certeza, já temos alguns splits pré-acordados: um com o Intestinal Infection, da Alemanha, e um 4 way com os brothers do Subcut, Necrose e Feculent Goretomb. E ainda estamos com um plano que, se vingar, pode agradar bastante.
Em certa entrevista, Phil afirmou que divertir-se e expressar-se com o Grindcore bastam para o Expurgo. Vocês, com a qualidade que têm, não pensam em ir mais a fundo e tentar mais realizações com a banda?
Egon: De maneira geral, viver de música no Brasil é algo bastante complicado, principalmente por se tratar de som extremo. Tocamos Grindcore porque nos sentimos bem com este estilo. O nosso baixista, Leandro, quando entrou na banda após a saída do Bruno, trouxe um gás novo e continua acrescentando bastante coisa ao som. Dessa forma, penso que estamos indo fundo, na medida do que a realidade nos permite fazer. E os resultados têm sido positivos até agora. Esperamos poder arregaçar os tímpanos de muita gente por um bom tempo ainda.
Vocês são grandes representantes da cena underground mineira, que está com tanta ou mais força do que no final dos anos oitenta e início dos anos noventa. Concordam com isso?
Phil: Ah, cara, essa época foi de ouro. Tínhamos grandes bandas e grande público, quem é daqui sabe disso. Hoje temos até mais bandas que antes, mas o público está reduzido, fiel, mas muito reduzido.
Anderson: Naquele período, o Metal extremo era algo novo no Brasil, o público crescia, apesar do difícil acesso aos discos das bandas nacionais e internacionais, e os shows eram memoráveis. Na verdade, ainda somos uma banda muito pequena e jovem em comparação às antigas de BH. Afinal, alguns dos maiores nomes do Metal extremo do mundo saíram de nossa cidade na década de oitenta.
Agradeço a entrevista, pessoal. Fiquem à vontade para os decretos finais.
Egon: Valeu demais a oportunidade e vida longa ao Metal nacional! Vamos apoiar o nosso underground, porque tem muita coisa boa acontecendo no submundo da música extrema!
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