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GLENN HUGHES – Rio de Janeiro/RJ, 29 de abril de 2018

Glenn Hughes resolveu cair na estrada para contar a sua história no Deep Purple. Para isso, buscou recriar da melhor maneira possível toda aquela atmosfera dos anos 70. Ele voltou a colocar um tecladista no palco, o dinamarquês Jay Boe, e no aparato do cara é obrigatório ter o Hammond que Jon Lord tocava como ninguém. Também buscou um batera que tivesse a pegada ideal, e o chileno Fer Escobedo, de 25 anos, não apenas tomou o lugar de Pontus Engborg na banda. O garoto usa uma bateria vintage para replicar o som de Ian Paice. Para completar, o sueco Søren Andersen, cuja parceria de dez anos com Hughes sofreu uma única pausa em 2015, quando Doug Aldrich assumiu as seis cordas, se veste como Ritchie Blackmore e tem como companheira quase inseparável uma Fender Stratocaster preta e branca.

No repertório, um mergulho nos álbuns “Burn” (1974), “Stormbringer” (1974) e “Come Taste the Band” (1975). O que poderia dar errado? Bom, o problema é a expectativa causada por tudo isso, e a noite de domingo com o baixista e vocalista no Circo Voador provou como a música pode ser bipolar. Sim, o show foi magistral. Sim, o show foi cansativo. Foram 11 músicas executadas em uma hora e 40 minutos de uma apresentação que teve momentos de euforia e depressão convivendo lado a lado. No início, êxtase. “Stormbringer” começou incendiando a lona famosa, e “Might Just Take Your Life” foi de arrancar lágrimas. Como se fosse um sonho realizado ouvir aquela introdução de Hammond e uma banda tinindo para dar apoio a Hughes.

“Vocês estão na minha alma e no meu coração, e não foram vocês que vieram ver o Glenn Hughes. Foi o Glenn Hughes quem veio ver vocês”, disse o baixista e vocalista, emocionado e falando na terceira pessoa depois da primeira ovação da noite. “Sail Away” e seu groove irresistível vieram na sequência, mas não foi nenhuma surpresa para quem pode ver a dobradinha Hughes & Aldrich em 2015. Ainda assim, tão bem-vinda que um Circo Voador bem cheio não se furtou a gritar o nome do anfitrião. “Eu amo vocês, mas o correto é Rio! Rio! Rio!, porque o Rio de Janeiro é uma das maiores ‘rock cities’ do mundo, senão a maior ‘rock city’ do mundo”, respondeu ele, exagerando na rasgação de seda e recebendo mais aplausos. “Estou aqui para cantar para cada um de vocês, irmãos e irmãs, e o amor é a resposta.”

Sim, Hughes estava lá para cantar, e “Mistreated” foi uma daquelas amostras de cair o queixo. Aos 65 anos, é inacreditável o que esse cara canta. Coisa do outro mundo, inclusive quando sai da sua zona de conforto para emular David Coverdale, dando uma aula no fim da canção ao interpretá-la com tons mais graves e rasgados. Simplesmente impressionante. Até aí era a só alegria, porém… “Vamos voltar ao California Jam”, anunciou ele, referindo-se ao antológico da MK III do Deep Purple no festival, em 1974. E “You Fool No One” infelizmente acabou se perdendo numa versão tão exagerada que deixa a de “Made in Europe” (1976) parecendo edição para as rádios.

Teve solo de teclado no início. Teve solo de guitarra, com Andersen mandando até trecho daquele blues de Blackmore cuja derradeira versão está em “On Stage”, do Rainbow, mais precisamente no medley “Man on the Silver Mountain/Blues/Starstruck”. E teve solo de bateria. Um solo de bateria tão longo que, por mais que Escobedo seja muito bom, foi um balde de água fria. Aliás, dava para beber uns três baldes d’água, urinar todos eles no banheiro da casa e voltar a tempo de pegar o início de “This Time Around”, que recolocou as coisas em seu devido lugar e foi um dos momentos mais emocionantes da noite. “Eu tinha 23 anos quando compus essa música”, lembrou Hughes antes, porque ao fim não conseguiu esconder as lágrimas.

De fato, foi tão mágico que é necessário lamentar que “Owed to ‘G” não tenha sido planejada para ser tocada na sequência, como em “Come Taste the Band”. Aí você lembra da perda de tempo que foi “You Fool No One” e fica ainda mais decepcionado com a enrolação instrumental em “Gettin’ Tighter”, apresentada em seguida. “Compus essa música com meu irmão Tommy Bolin. Ele não está fisicamente aqui, mas vive em mim”, disse Hughes. Baita canção, de fato, mas o excesso instrumental poderia ter dado espaço a “Lady Double Dealer” ou “Lady Luck,”, por exemplo. Inclusive, “Smoke on the Water”, cujo histórico riff foi alvo de uma, digamos, brincadeira de Andersen no início, poderia ter dado lugar a uma delas. Fica a dica.

Teoricamente, lá estávamos para ouvir clássicos das MK III e IV. No entanto, não dá para brigar com os fatos. “Smoke on the Water” terminou com um sonoro “Olê! Olê! Olê! Glenn Hughes! Glenn Hughes!”, que emocionou o baixista e vocalista. “Vocês são lindos demais!”, bradou, recebendo de um fã um cartaz com os dizeres ‘You are the holy man’ – anote-se: “Holy Man” foi limada do set list. Depois de um breve papo sobre espiritualidade e felicidade, veio a “canção que compus com David Coverdale”, e os fãs foram brindados por uma versão arrasadora de “You Keep on Moving”.

OK, eu já havia visto o set list, então sabia que “Highway Star” abriria o bis. Independentemente de ser mais uma desnecessária apelação – é um clássico da MK II, com Ian Gillan, catzo! –, causou a esperada histeria. E vá lá que foi interessante ver Hughes atuando como frontman, já que Jimmy, seu roadie, assumiu o baixo durante toda a música, ficando timidamente entre o teclado e a bateria. Interessante, mas ainda assim desnecessário. Sabe por quê? “Burn” é a resposta. Empunhando um Rickenbacker, Hughes abalou as estruturas do Circo Voador com a sua “Highway Star”. Ou a sua “Smoke on the Water”, tanto faz. E um show que começou a toda terminou a toda, com o clímax na imagem do abraço coletivo – sim, de toda a banda – em Hughes. “Olê! Olê! Olê! Glenn Hughes! Glenn Hughes!”, entoavam os fãs. No fim das contas, extasiados.

Set list

  1. Stormbringer
  2. Might Just Take Your Life
  3. Sail Away
  4. Mistreated
  5. You Fool No One
  6. This Time Around
  7. Gettin’ Tighter
  8. Smoke on the Water / Georgia on My Mind
  9. You Keep on Moving

Bis

  1. Highway Star
  2. Burn
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