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HAMMERFALL: Tempo De Dominação [Entrevista Exclusiva]

Desde que surgiram para o mundo com o álbum Glory To The Brave (1997), os suecos do Hammerfall passaram a integrar a elite daquilo que hoje chamamos de power metal. As músicas fortes e cativantes, os riffs intensos e uma atitude ajustada com o momento musical que viviam sempre foi um diferencial, e era só questão de tempo até serem considerados como uma banda clássica daquela geração. Bem, eles conseguiram isso. Mais ainda, pois continuaram lançando álbuns acima da média e hoje celebram o lançamento de seu décimo-primeiro álbum, Dominion. Forte, melódico e cativante, o novo registro de estúdio ainda destaca uma homenagem da banda à cena que orgulhosamente integram com (We Make) Sweden Rock. O guitarrista Oscar Dronjak nos falou sobre seu novo processo de criação e alguns dos pontos fortes desse novo álbum.

É um prazer falar com você novamente, desta vez sobre o décimo-primeiro álbum do Hammerfall.

Oscar Dronjak: O prazer é todo meu, é sempre bom conversar com vocês da ROADIE CREW. Até hoje eu tenho a minha camiseta da revista, está guardada na minha casa, pois é muito pequena (risos). Mas eu guardo com muito carinho, pois é uma ótima lembrança de quando ainda dávamos os nossos primeiros passos. E agora, é como você disse, estamos no nosso décimo-primeiro álbum, isso é incrível. Claro que naquela época, no início, nem poderíamos supor algo assim, nós tínhamos uma banda faminta e afinada, mas não tínhamos como imaginar tudo o que aconteceu ao longo dos anos, e tudo mais… O sentimento é incrível e me sinto realmente feliz em estar aqui ainda falando sobre novas músicas. É muito legal!

Sim, principalmente nesse caminho que vocês escolheram seguir. Quer dizer, ao mesmo tempo em que sabemos o que esperar de um novo álbum do Hammerfall, ele sempre terá alguns novos elementos.

Oscar: Sim, que bom que as pessoas podem perceber isso. Sabe, esse é todo o sentido de lançar um novo álbum. Você tem a identidade da banda, tem aqueles elementos que mantemos e manteremos sempre em nossa música, mas também tem algo que garanta o frescor do novo material. Não estamos simplesmente tentando nos repetir. O que estamos tentando é lançar o melhor álbum de heavy metal que formos capazes naquele momento.

Neste sentido, eu estava pensando: seus álbuns mais recentes estão sendo muito louvados, os primeiros álbuns são considerados clássicos… Vocês poderiam se repetir, e muitos fãs agradeceriam por isso. Então, o que os motiva a buscar novos elementos, por que arriscar?

Oscar: Eu entendo exatamente o que está dizendo (risos), e sei muito bem que muitas vezes isso é uma grande tentação. Porém, quando nos juntamos e começamos a pensar, vem todo aquele sentimento de que temos muito mais para oferecer do que apenas aquilo que já oferecemos. E, para oferecer mais, temos que nos mover adiante. Isso é mandatório, não tem outro jeito. Não queremos apenas repetir a dose, oferecer mais do mesmo. Não queremos lançar novos álbuns apenas para sair em turnê mais uma vez. Nós lançamos álbuns porque existem muitas novas músicas que vivem dentro de nós, e como músicos, precisamos encontrar uma maneira de exteriorizá-las.

Nas turnês é complicado manter esse equilíbrio, entre as favoritas dos fãs e as novas músicas que vocês desejam incluir no set?

Oscar: Sim, sempre existe um pouco de trabalho nesse sentido, pois você vai precisar fazer algumas concessões (risos). E de ambos os lados. A cada novo álbum nós vamos ter que tirar alguma das favoritas dos fãs para colocar uma nova que queremos muito apresentar, é um ciclo natural. Mas veja, isso também significa que algumas músicas do álbum anterior permanecerão no novo setlist. Não apenas as mais antigas, dos primeiros álbuns. Algumas de (r)Evolution (2014) e Built To Last (2016) também ficam no set, pois também se tornaram favoritas dos fãs, e isso demonstra aonde quero chegar. O fato é que a cada novo álbum, algumas canções se tornam parte das favoritas dos nossos fãs. Então, a cada álbum que lançamos, sentimos que as novas músicas se comportam muito bem nos palcos, elas realmente se integram com o nosso material mais antigo. É uma sequência lógica, sabe? Não soa como algo forçado, ou com uma mudança abrupta. Isso tem um significado muito forte para nós, é meio que um sinal que estamos no caminho certo.

Turnês celebrando um álbum na íntegra, nem pensar então?

Oscar: Não (risos). Ao menos por enquanto, você nunca sabe o que sentirá amanhã. Claro que um dia podemos acordar saudosos demais e seguir por esse caminho, ou podemos fazer um evento especial celebrando algo, mas uma turnê… Não sei, acho que não, hoje essa não é uma ideia que me agrada. Temos muita música pronta para ser tocada, novas músicas. Teremos ainda mais músicas novas vindo por aí. Não se preocupem, nunca esqueceremos os velhos clássicos, eles são parte de nós. Assim como as novas são parte também, então acho que este é um momento para balancear as duas coisas.

E como funciona o processo de criação no Hammerfall? Quando tiram o tempo para criar novas músicas?

Oscar: Bem, essa é uma coisa que sinto que tivemos uma mudança ao longo dos anos. Até este novo álbum, nós sempre tínhamos uma linha do tempo específica para a criação de um álbum. Quer dizer, é mais ou menos assim, nós tínhamos um prazo limite para aparecer com um novo álbum, então nós convergíamos para que tudo jogasse a favor desse prazo, entende? Primeiro estipulávamos o prazo, e depois começamos a criação, sempre assim. Até o álbum Built To Last, nós pegávamos um período de cerca de seis meses, e dentro desse período nossa única preocupação, nosso único intuito era compor novas músicas, nada além disso. Feito isso, o ciclo continuava com a gravação, e todo o resto. Essa era até agora a nossa maneira de trabalhar.

O que motivou a mudança?

Oscar: Eu diria que muito é consequência de como é o mercado musical hoje, por assim dizer. Do jeito que as coisas funcionam hoje, você cada vez precisa visitar mais lugares, cada vez precisa fazer mais shows. As turnês precisam ser cada vez mais longas ou mais frequentes. Chega um momento que você está realmente cansado. Lembro que durante o período de composição de Built To Last chegou um momento em que eu não conseguia mais me divertir, pois o processo todo era tão estressante… Nós tínhamos aquela data limite, eu estava cansado, o tempo estava passando cada vez mais rápido. De repente, faltavam apenas dois meses para o prazo e eu ainda tinha que trabalhar em metade do álbum. Foi muito estressante. Eu simplesmente não conseguia aproveitar nenhum momento, parecia que não era eu ali, mas um robô. Por isso, a mudança. Já que não podemos viver num mundo onde não existem prazos para cumprir (risos), eu decidi mudar a minha forma de trabalho, e começar a compor realmente muito cedo. Então, seis ou sete meses após o lançamento de Built To Last, eu já comecei a escrever canções para Dominion. Sim, tínhamos shows e tudo mais, mas eu senti que essa era a maneira de fazer as coisas.

 Interessante. Mas eu achava que você não gostava de compor em turnê.

Oscar: Ah, mas eu realmente não gostava (risos). Isso é outra coisa que veio de um auto-aprendizado, ou de uma descoberta de mim mesmo, por assim dizer. Você sabe, eu sempre declarei que não conseguia escrever música em turnês, por mil motivos diferentes (risos). ‘Eu preciso estar em casa, eu preciso me concentrar, eu preciso de silêncio, eu preciso de calma para encontrar o meu foco’, tudo isso. Mas a verdade é que eu consigo sim, pois desta vez eu testei e consegui, em vez de negar a possibilidade (risos). E eu confesso, eu jamais tentaria se o processo anterior não tivesse sido tão trabalhoso e estressante.

 Musicalmente sabemos que funcionou, mas como foi o processo para você, física e mentalmente?

Oscar: Bom, no princípio, eu também não imaginava como seria e nem sabia se conseguiria fazer algo, sinceramente. Mas as coisas foram fluindo melhor do que eu havia imaginado, foi mais fácil do que eu pensei!

 Qual era o grande desafio para você, neste novo método de compor?

Oscar: Bem, eu pensava que, se eu fosse escrever novas músicas logo depois de descer do palco e tocar nossas antigas músicas todas as noites, era muito provável que as novas músicas viessem quase como uma cópia das velhas músicas. Mas, na verdade, foi o contrário. Eu vinha do palco com um nível de adrenalina tão alto que praticamente ‘suava’ novas canções (risos), e elas tinham uma vibração diferente, pois vinham conectadas com a energia daquelas plateias incríveis, daquela sensação incrível de estar no palco e fazer um ótimo show!

 Então, as músicas em Dominion têm mais a cara da loucura dos palcos do que da calma e concentração da sua casa.

Oscar: Exatamente (muitos risos), acho que essa é uma boa maneira de colocar a situação. Acho que essa é uma ótima vibração para um álbum de heavy metal (risos). Claro que tudo isso é auxiliado pela tecnologia que temos a nossa disposição. Eu queria aproveitar o momento, em vez de descer do palco e relaxar até voltar a vibração normal do dia a dia, eu queria descer do palco e usar toda aquela adrenalina louca, toda aquela sensação de triunfo dos palcos em novas músicas. E, hoje, tudo o que preciso para isso é de um notebook, uma interface boa e uma guitarra. No fim das contas era muito mais prático, rápido e fácil do que eu tinha suposto a minha vida inteira (risos). Eu compus várias músicas assim, e continuei com isso tentando compor em todo lugar que estivesse, aproveitando cada momento e cada lampejo de criatividade.

Aposto que você se divertiu muito nesse processo também. Nada é tão bom quanto criar sem limites, sem obrigações.

Oscar: Com certeza, foi incrível. E também foi um pouco engraçado, pois chegou um momento que eu estava bem obcecado com isso (risos). Eu levava o computador e a guitarra para todos os lugares, até nos dias de folga, com a minha família (risos). Minha namorada colocando nosso filho para dormir, e eu do outro lado da sala, no escuro diante da tela do computador, com uma guitarra no colo e um fone gigante nos ouvidos, compondo músicas, imagine (muitos risos). Mas, não sei dizer se já me diverti assim antes, foi muito legal, e muito recompensador. Eu saí do processo descansado e empolgado, em vez de estressado e aliviado (risos).

 Quanto de Dominion foi composto longe de casa?

Oscar: Eu não saberia dar um número exato, mas por volta de 50%. O que é uma grande conquista, se você pensar que antes eu não conseguia compor uma nota sequer longe de casa (risos).

 E também um alívio para a sua família, apesar dos momentos de guitarra e fones pelos cantos escuros da casa…

Oscar: Ah, sim, com certeza (muitos risos). Veja só, esse foi um processo que fez bem para eles também, então funcionou em vários níveis diferentes (risos).

Isso responde parte da minha próxima pergunta, pois soubemos que as gravações do álbum tinham sido atrasadas por alguns meses. Até onde sabia, imaginei que se devesse a turnê nos EUA.

Oscar: A turnê pelos Estados Unidos também é parte da resposta, então você não estava totalmente errado. Era algo que queríamos aproveitar, claro, e atrasar as gravações era fundamental para isso, por conta das datas. Mas o motivo principal é esse, eu quis aproveitar a inspiração no momento em que ela vinha, e não confiná-la e forçá-la a funcionar em um momento específico.

Todo esse comprometimento com o processo de composição gerou um álbum acima da média, que vem sendo muito elogiado. Quando coloco o álbum para rolar, e ouço os riffs de músicas como One Against The World ou Scars Of A Generation, que são bem diferentes, a vibração de ‘música ao vivo’ é gritante.

Oscar: Que bom, que incrível que diga isso, pois eu realmente vibrava pensando na possibilidade de as pessoas sentirem a mesma energia que me motivava enquanto compunha para esse álbum. Toda aquela energia que recebemos do público, é isso que dá o gás e a vibração desse álbum, em cada riff, em cada batida, em cada verso cantado. Foi um desafio enorme, uma mudança completa de perspectiva, mas acho que conseguimos seguir uma boa trilha através desse novo caminho.

Falando nisso, a faixa-título é incrível. Ela tem aquele ataque típico do power metal dos anos oitenta e início dos anos 90, com ótimas linhas vocais e bateria intensa, além de ótimos riffs. Quer dizer, do que mais você precisa no som heavy metal?

Oscar: Muito obrigado (risos). Você está certo, essa é uma das músicas mais fortes desse novo álbum, e uma das que mais gostamos. Você mencionou os vocais, e posso te garantir, essa é uma das que Joacim (Cans, vocal) mais gostou, e é fácil entender, pois os vocais dele são realmente um destaque, é incrível! Bem, antes eu te falei sobre a forma como trabalhei nas músicas deste álbum, e esta música foi uma das que escrevi em férias com a minha família, na Flórida (muitos risos). Scars Of A Generation, que você citou antes, também é daquela viagem, então acho que vou te enviar algumas fotos dessa viagem (risos gerais). Bom, Dominion é uma música que escrevi no escuro, com meu computador, guitarra e fones (risos). E é engraçado, pois quando voltamos para casa, eu não sabia onde estava guardada a música, do que se tratava, se valia a pena ou se descartaria, eu só sabia que tinha escrito algo que precisaria revisitar (risos). Bem, eu esqueci completamente disso, e cerca de um mês depois eu decidi checar as partes que tinha criado, para compor algumas novas músicas. Peguei meus ‘arquivos da Flórida’, e quando ouvi aquilo, eu pensei ‘caramba, isso é ótimo!’. Cara, como eu escrevi uma música assim e esqueci por completo disso, quem faz isso? (muitos risos) Mas, felizmente estava tudo registrado, então, voltei para ela e finalizei tudo. É uma das nossas melhores músicas, e é engraçado pensar em como ela foi concebida.

Para fechar o que poderia nos dizer sobre a música (We Make) Sweden Rock?

Oscar: Essa foi uma ideia incrível do Joacim. Ele me escreveu uma mensagem, bem no começo do processo, acho que no outono (europeu) de 2017, onde ele dizia algo como ‘o que você acha dessa ideia, o que acha de fazermos uma música chamada We Make Sweden Rock, onde falamos sobre toda a essa cena incrível de metal na Suécia que vem desde os anos 60?’. Eu lembro que na época eu estava lutando para ter ideias, e quando recebi aquele e-mail, foi como se acendessem uma luz na minha cabeça, foi tipo ‘uau, é isso!’. Agora nós tínhamos realmente uma ótima ideia, sobre o que nos debruçar. E foi incrível, pois essa foi uma das músicas que mais se beneficiou desse novo método de trabalho, pois se você considerar a demo, existem muitos pequenos detalhes que foram alterados no processo. Detalhes que transformaram uma boa música em uma música incrível.

E o tema também é incrível!

Oscar: Sim, com certeza. Eu não sei o quanto as pessoas de fora da Suécia conhecem da nossa cena, mas existem várias bandas daqui que são muito reconhecidas mundialmente, desde os anos 60. Sabemos que existe uma espécie de aura em torno das bandas suecas. Por conta da inventividade e da criatividade típicas das nossas bandas, existe algo que faz as pessoas prestarem atenção assim que sabem que uma banda é da Suécia. Isso não é uma coincidência, existe uma coisa muito única nas bandas daqui, e temos muito orgulho disso. Então, é a nossa homenagem para toda essa cena que nos fez tão bem, e que nos orgulhamos demais de fazer parte. Então, eu gostaria muito que seus leitores assistissem o clipe desta música com bastante atenção, e nos que eles nos digam as referências que identificaram no vídeo.

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