Ok, você já sabe que Joe Satriani foi professor de guitarra de Steve Vai, Alex Skolnick (Testament), Kirk Hammett (Metallica) e Larry LaLonde (Primus, Possessed), entre outros. E sabe também que o nova-iorquino de 60 anos é um dos maiores nomes do instrumento em todos os tempos – se você passou as últimas três décadas em outro sistema solar, pare tudo e vá ouvir “Surfing With The Alien”, obra-prima lançada em 1987. E Satriani desembarcou novamente no Brasil, desta vez para divulgar seu último disco, o ótimo “Shockwave Supernova” (2015), em três cidades: São Paulo (dia 7 de dezembro), Curitiba (9) e Porto Alegre (11). Diga-se, acompanhado de uma superbanda formada por Mike Keneally (teclados e guitarra), Bryan Beller (baixo) e Marco Minnemann (bateria). Aproveitamos para bater um papo com o mago das seis cordas, que adiantou detalhes das apresentações, que você fica sabendo aqui, e um pouco mais, detalhes que em breve estarão nas páginas da ROADIE CREW. Boa leitura e, claro, bom show!
Você chega ao Brasil para três shows, dando sequência a um relacionamento que começou a construir com os fãs brasileiros em 1995. Durante esses poucos mais de 20 anos, trouxe até mesmo o G3. Então, depois de tanto e tantas turnês por aqui, qual a expectativa?
Joe Satriani: Ah, de nos divertirmos! Isso porque sempre que estive no Brasil foi fantástico encontrar com os fãs. Já fiz turnês passando por seis ou sete cidades, em outra oportunidade toquei em apenas duas, mas pelo menos desta vez poderei me apresentar em três. As viagens ao redor do mundo nunca são iguais, muitas vezes elas são caóticas, então aproveito para me desculpar por não podermos ficar mais tempo. Mas estou feliz com a chance de levar a “Surfing To Shockwave Tour” ao Brasil.
Aproveitando que você tocou no assunto, o Rio de Janeiro, onde vivo, ficou fora mais uma vez. Conheço fãs que obviamente reclamaram, mas vão viajar para vê-lo porque sabem que isso não é culpa sua.
Joe: Sim, e nós tentamos tocar no Rio. Sempre digo aos fãs que precisamos ser convidados. Esse é o elemento-chave. Não podemos simplesmente aparecer na sua cidade e exigir que uma casa abra as suas portas para nós (risos). Temos de esperar que um promotor local nos chame para tocar. Algumas vezes esse convite não acontece, o que pode estar relacionado à competição de mercado na cidade, com muitas bandas já agendadas, ou mesmo à falta de lugar para tocar. É complicado, na verdade. Não sei exatamente como as nossas agências trabalham, mas tenho certeza de que o trabalho de organizar turnês é o mais difícil de todos.
Dito isso, os shows no Brasil serão no esquema “An Evening With”, com dois sets separados por um intervalo de 15 minutos?
Joe: Essa é uma boa pergunta (risos). Tenho certeza de que isso tem a ver com as casas de show, quer dizer, da ideia que cada uma tem para como podemos fazer nosso show (N.R.: em São Paulo, Satriani se apresenta no Espaço das Américas; em Curitiba, no Net Live; e em Porto Alegre, no Teatro Araújo Viana). Não podemos simplesmente subir ao palco e fazermos o show da maneira que acharmos melhor. Acredite ou não, temos de levar em conta o horário que o local precisa fechar, as pessoas que lá trabalham, o esquema de transportes da cidade. Quando tocamos no Reino Unido, por exemplo, levamos em consideração os horários dos trens. A mesma coisa no Japão, onde a maioria das pessoas usa transporte público para ir aos shows e depois voltar para casa. Já nos Estados Unidos usa-se pouco o transporte público, então podemos fazer um set maior, tocar por mais tempo. Muitas vezes também somos surpreendidos, assim que chegamos ao local, com a informação de que outra banda se apresentará antes de nós. Realmente não sei responder agora, mas posso dizer que tocaremos por duas horas. Pelo menos, porque pode ser que as casas queiram que toquemos os dois sets. Vamos esperar para ver.
De qualquer maneira, andei conferindo alguns setlists recentes e notei coisas interessantes. Há os clássicos como “Summer Song”, “Always With Me, Always With You” e “Surfing With The Alien”, músicas novas e outras que não costumam estar sempre presentes, como “Flying In A Blue Dream” e “Big Bad Moon”. É o que os fãs brasileiros podem esperar?
Joe: Eles podem esperar muita coisa de “Shockwave Supernova”, mas também músicas de um catálogo de 30 anos que nunca ouviram antes, porque vamos voltar até 1986, quando lancei meu primeiro álbum, “Not Of This Earth”, e viajar até o trabalho mais recente. Geralmente metade da audiência nos shows nunca me viu tocar ao vivo e talvez parte dela nunca mais volte a assistir a um show meu, então é importante que eu toque aquelas músicas que os fãs disseram aos iniciantes serem as melhores, as que eles mais amam. Assim, preciso honrar esses fãs. No entanto, divido o setlist em três categorias: as novas músicas que quero tocar, depois as músicas que são as favoritas dos fãs e que os novatos precisam ouvir e ver ao vivo, então as músicas que deixaram os fãs surpresos, uma vez que nunca as toquei ao vivo ou não as toco há dez, 15 ou 20 anos.
E assim todos saem satisfeitos, sem dúvida. Obrigado pelo papo, Joe, e o espaço final é todo seu.
Joe: Ah, legal. Tenho de agradecer aos fãs brasileiros por serem ótimos e pessoas maravilhosas todas as vezes que visito o seu país. Para mim, é muito especial ter essa recepção sempre que vou ao Brasil, por isso espero que vocês não passem a ter medo de nós por causa do presidente que acabamos de eleger (risos). Políticos vêm e vão, então precisamos mantê-los na linha porque nós somos o mais importante. Sei que, assim como os Estados Unidos, o Brasil sempre se encontra no meio de problemas políticos e vem enfrentando vários recentemente. Mas vamos todos superar isso.