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LIBERATION FEST – Kreator / Arch Enemy / Walls of Jericho / Excel / Genocídio – 17/11/2018, São Paulo/SP

Se a primeira edição do itinerante “Liberation Fest” animou o público paulistano em 2017 com seu cast matador, composto de King Diamond, Carcass, Lamb Of God, Heaven Shall Burn e Test, a segunda também foi formidável, ainda mais porque manteve a proposta de unir, com coerência, bandas de gêneros distintos. Teve Kreator pros fãs de thrash metal, Arch Enemy com seu death metal melódico, Walls of Jericho representando o metalcore, Excel pra agitar a turma do crossover e Genocídio destilando death metal old school. Tais nomes atraíram o público, que por sua vez lotou a Audio no último sábado, 27 de novembro. Era o último show da gira brasileira, que também passou por Rio de Janeiro (RJ), Manaus (AM), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS) – embora apenas Arch Enemy e Kreator tenham tocado nas cinco capitais.

Pontualmente às 18h00, quando os paulistanos do Genocídio abriram a noite, o público já marcava presença em bom número na casa. E recebeu bem o grupo, que entrou após rápida introdução mecânica, executando as velozes e dilacerantes Requiescate in Pace e a própria Under Heaven None. Essa cacetada inicial foi uma amostra do oitavo e mais recente álbum, Under Heaven None (2017), que é um dos mais agressivos da carreira do Genocídio. Como tinham pela frente apenas 30 minutos de palco, o experiente Murillo Leite (vocal e guitarra), Rafael Orsi (guitarra), o fundador Wanderley Perna (baixo) e o mais novo integrante, o baterista Gil Oliveira (Necromesis, Ayin), não perderam tempo e logo mandaram a clássica Up Roar. Nessa hora, muitos voltaram ao passado e relembraram o ano de 1993, quando o Genocídio lançou seu segundo álbum, Hoctaedrom, e figurou na MTV com o videoclipe dessa música. Foi legal também quando o grupo tocou a crua e cortante The Grave, do homônimo EP Genocídio, que em 2018 está completando 30 anos.

Genocídio

Do ótimo Posthumous (1996) rolou Cloister, música de riffs marcantes. E quem também curte o álbum The Clan (2010), o viu ser representado por Fire Rain e pela própria The Clan. Com sangue nos olhos, o quarteto estava tocando com mais velocidade as músicas que preparou pro set, cortesia de Gil Oliveira, que se encaixou bem ao grupo. E pra engrossar o caldo, em alguns momentos Murillo teve o reforço vocal de Orsi, que mandou bronca nos guturais. Uma das mais viscerais do show foi Kill Brazil, do ótimo penúltimo álbum, In Love with Hatred, de 2013. Apesar de ter sido curta, o público curtiu bastante a apresentação do Genocídio. Prova disso é que, além de a banda ter contado com a plateia fazendo coro em algumas músicas, foi aplaudida por diversas vezes e saiu ovacionada ao final do show, enquanto ouvíamos ecoar a ‘outro’ Somberkkast, faixa que faz parte do mencionado novo álbum. Reconhecimento merecido para um dos principais nomes do nosso metal extremo, que está na ativa há ininterruptos 33 anos, e que é cultuado tanto aqui no Brasil, quanto no exterior.

Nem demorou e em apenas quinze minutos o Excel, um dos nomes mais representativos do crossover californiano, tomou o palco de assalto e mantou a saudade dos fãs do estilo. Surpresa da noite, o grupo de Venice Beach, conterrâneo dos também veteranos do gênero, os igualmente underground Beowülf e No Mercy, além do ícone maior, o lendário Suicidal Tendencies, estava de volta à São Paulo, quatro anos após fazer seu primeiro show em solo brasileiro. E assim como da outra vez, o Excel veio ao Brasil (onde nessa nova ‘gig’ estreou no Rio de Janeiro) sem ter um novo material de estúdio pra divulgar – aliás, lá se vão 23 anos (incluindo o período de inatividade entre 1996 e 2011) desde que esse que é um dos pioneiros do crossover lançou o injustiçado Seeking Refuge, álbum que não foi revisitado no show de sábado. Antes mesmo de o grupo dar início com My Thoughts, a galera da pista comum iniciou uma roda que começou modesta e foi aumentando no decorrer do show. E foi engraçado quando a música já estava rolando e o ex-Alien Ant Farm Alex Barreto (guitarra) tropeçou e quase tomou um tombo, derrubando o pedestal de seu microfone. Na linha de frente, ele, o veterano Shaun Ross (baixo) e o comunicativo vocalista Dan Clements, que fundou a banda em 1983 junto ao ex-guitarrista Adam Siegel e que agora está novamente cabeludo e não mais esbanjando a barba branca que ostentou em sua primeira visita ao país, agitaram o tempo todo.

Excel

O grupo recheou o setlist com músicas de seus memoráveis dois primeiros álbuns, Split Image (1987) e The Joke’s On You (1989), e ensandeceu os fãs com pérolas como Wreck Your World, Your Life My Life, Insecurity, I Never Denied, Social Security e Spare the Pain. Isso sem contar que, pela primeira vez, os paulistanos presenciaram a banda tocando Shadow Winds. Em contra partida, não tiveram a chance de curtir Affection Blends with Resentment, Seeing Insane, Set Yourself Apart e o single de 1989 Blaze Some Hate, que foram tocados da outra vez. Porém, a ausência que mais senti, novamente foi da insana Drive. Mesmo assim, o Excel mandou bem e foi retribuído com vários circle pits. Antes de encerrar, o grupo ainda tocou The Joke’s On You, que não estava programada. Ao se despedir, Clements jogou algumas camisetas ao público na pista. É uma pena que, mesmo tendo feito shows em lugares como Japão e Europa, por exemplo, e excursionado com Cryptic Slaughter, Testament, Overkill, Megadeth, Suicidal Tendencies e outros, o Excel não tenha tido maior reconhecimento na carreira. Talvez a única vez que viu seu nome repercutir foi em 1991, quando pensou em processar o Metallica (embora não tenha levado o caso adiante), ao considerar Enter Sandman um plágio da música Tapping Into the Emotional Void, de Joke’s…, que fora lançado dois anos antes do homônimo álbum da banda de James Hetfield e Lars Ulrich.

Walls of Jericho

Outro que estava de volta a São Paulo, quase uma década depois, era o Walls Of Jericho. E o grupo de Detroit, Michigan (EUA), que esse ano está completando 20 anos de carreira, proporcionou um dos melhores shows do evento. Pergunte até a quem não conhecia o trabalho da banda, que muitos lhe dirão que ficaram impressionados com o que viram. Candance Kucsulain (vocal), Chris Rawson e Mike Hasty (guitarras), Aaron Ruby (baixo) e Dustin Schoenhofer (bateria) seguem na divulgação do quinto álbum de inéditas, No One Can Save You From Yourself (2016), e chegou apavorando com as violentas Relentless e All Hail the Dead, essa do álbum de mesmo nome, lançado em 2004. A qualidade de som estava impecável, mas o que chamou mesmo a atenção era a presença de palco da banda, principalmente de Ruby e bem mais ainda de Kucsulain, que é uma das vocalistas mais insanas que existem no metal mundial atual. Era impressionante ver a atitude dessa falante ‘frontwoman’, que dominava o palco correndo de um lado à outro, discursando entre algumas músicas e cantando com um vozeirão raivoso que deixa muito marmanjo do metalcore no chinelo. E a galera das pistas comum e premium correspondia  ao comando de Candance, armando o circle pit em cada música.

Duas das novas, a própria No One Can Save You From Yourself e Forever Militant, deram sequência e, emendadas, caíram muito bem ao vivo. Mas embora a banda ainda esteja promovendo o seu mais recente trabalho, o que acabou sendo mais explorado foi o mencionado segundo álbum All Hail the Dead, que foi revisitado também com as execuções das curtas A Little Piece of Me, Day and a Thousand Years e Revival Never Goes Out of Style. E o grupo não deixou de tocar músicas de seus outros três discos e mandou algumas também de With Devils Amongst Us All (2006), The American Dream (2008) e até mesmo do debut The Bound Feed the Gagged (1999), que foi representado por Playing Soldier Again. No final do show, durante a citada Revival Never Goes Out of Style, que é altamente influenciada pelo hardcore nova-iorquino, Candance e Ruby foram tocá-la, literalmente, nos braços do público. Foi uma apresentação avassaladora em que, além da ótima performance de Candance, também valeu a pena conferir os riffs viscerais da dupla Rawson e Hasty e a pegada precisa de Schoenhofer. Agora cabe lembrar o pessoal do Walls of Jericho, que muita gente ainda aguarda pelo lançamento do DVD Live in South America, que o grupo gravou no show que fez em São Paulo em 2007, na segunda de suas quatro passagens pelo país, e que permanece engavetado.

Arch Enemy

Se os ânimos ficaram exaltados quando Ace of Spades do Motörhead explodiu nos falantes, a coisa ficou ainda mais histérica quando às 21hs, no momento em que a introdução Set Flame to the Night rolava no som mecânico, Daniel Erlandsson surgiu em pé atrás de seu kit de batera. Era a sexta vez que o Arch Enemy tocava em São Paulo e a euforia tomou conta do local – que aquela altura já estava lotado em todas as suas dependências -, quando Erlandsson, Alissa-White Gluz (vocal), Sharlee D’Angelo (baixo) e Michael Amott e Jeff Loomis (guitarras) deram início com The World is Yours, do novo álbum Will to Power (2017). O coro dos fãs foi ensurdecedor, mas foi com o clássico Ravenous, de Wages of Sin (2001), que o chão tremeu. Na sequência, foi a vez de a banda mandar duas do álbum anterior, War Eternal (2014), que marcou a estreia de Alissa, que vinha do The Agonist: Stolen Life e a própria War Eternal. A vocalista ainda divide a opinião dos fãs, tendo em vista que ainda há quem se sinta órfão de Angela Gossow, entretanto, como se viu nessa apresentação, Alissa também tem carisma e sabe comandar o público.

D’Angelo, que em 1996 tocou no Brasil com o Mercyful Fate pela terceira edição do festival “Monsters of Rock” e que atualmente desfruta de ótima repercussão com o magistral The Night Flight Orchestra, projeto que conta também com membros do Soilwork, mostrou o quão fundamental é para o Arch Enemy. Além da competência para segurar a bronca de ter ao seu lado uma dupla do quilate de Amott e Loomis, o baixista forma uma cozinha consistente com o cavalar Erlandsson, além de dar suporte à Alissa, ajudando-a a incitar o público à agitar. Falando na dupla, a ótima qualidade de som permitia ouvir com clareza o trabalho exímio das guitarras, com destaque para os solos bem timbrados (tanto quanto a bateria de Erlandsson). Apesar de comporem belas guitarras gêmeas em algumas das músicas, como na ótima My Apocalypse de Doomsday Machine (2005), que apesar dos efeitos na batera foi uma das mais legais do show e teve Alissa empunhando uma das bandeiras que ornavam o palco, Michael Amott e Jeff Loomis tiveram seus momentos de brilhar. Como na curta instrumental Snow Bound, em que juntos criaram um melancólico, porém belo clima. No bis, Loomis ficou sozinho no palco após Avalanche e fez bonito em seu solo, sem fritar e nem usar de peso na guitarra.

Arch Enemy

Não faltaram hinos como Dead Bury Their Dead, Nemesis, Blood on Your Hands e Will Will Rise, mas teve quem reclamasse a ausência, por exemplo, de Dead Eyes See No Future. Dessa nova fase da banda com Alissa nos vocais, foram tocadas várias músicas, mas as mais impactantes foram You Will Know My Name e As The Pages Burn de War Eternal e First Day in Hell e The Eagle Flies Alone, ambas de Will to Power. Falando em First Day in Hell, que tem certa pegada de Testament atual, foi muito legal e combinou para ela o jogo de luzes vermelhas que alvejava o público. Bacana também nas apresentações do Arch Enemy são os momentos em que o grupo se retira do palco e toda uma atmosfera sombria é criada com as introduções que são disparadas nos falantes, antes de algumas músicas. E foi exatamente dessa maneira, após a emocionante ‘outro’ Fields of Desolation, que a banda se despediu com as também instrumentais Enter the Machine e Vox Stellarum rolando ao fundo. Pra muitos, esse foi o melhor show de todo o evento. E uma coisa é certa, a noite foi das mulheres: Alissa White-Gluz e Candance Kucsulain roubaram a cena!

Arch Enemy

Antes de conferir a tão aguardada atração principal, foi curioso notar que uma pequena parte do público foi embora assim que acabou o show do Arch Enemy. Quem ficou, viu o poder do Kreator, que nem precisou entrar no palco e iniciar a primeira música para que o caos se instalasse nas duas pistas. Bastou começar a rolar a introdução Mars Mantra, que começaram os circle pits! E a coisa ficou ainda mais brutal quando o líder Mille Petrozza (vocal e guitarra) e seus parceiros Jürgen “Ventor” Reil (bateria), Sami Yli-Sirniö (guitarra) e Christian “Speesy” Giesler (baixo) invadiram o palco tocando Phantom Antichrist. Por alguma falha técnica, durante a execução dessa música que faz parte do álbum de mesmo nome, lançado em 2012, houve duas rápidas panes em que por milésimos de segundos todo o som sumiu. Foi um susto, mas, felizmente, nada além disso aconteceu de negativo durante o restante do show. Continuando, o quarteto, que está junto há dezessete anos, atualmente divulga o álbum Gods of Violence (2017), décimo quarto de inéditas do Kreator, e dele a primeira a ser tocada foi Hail to the Hordes, que caiu nas graças dos fãs.

Antes de dar sequência, Petrozza, que se mostrou simpático e agradecido, interrompeu a violência sonora que judiava do pescoço dos fãs e aproveitou a pausa para falar com o público, organizando a destruição que viria a seguir, preparando as pistas para Enemy of God. Nessa, o público foi atacado com chuva de papel picado. Outro efeito legal aconteceu na nova Satan is Real, em que a cada refrão canos de fumaça a frente do palco eram acionados. Interessante notar que com o passar dos anos, várias músicas que o Kreator gravou no novo século também se tornaram hinos, principalmente para os headbangers mais jovens, que não vivenciaram a fase dos anos 80 e 90 da banda. Mas após Civilization Collapse, era hora de o Kreator satisfazer a vontade daqueles que aguardavam por seus antigos hinos. Sob olhares de músicos como, por exemplo, Andreas Kisser, Paulo Jr. e Eloy Casagrande (Sepultura) e Fernanda Lira (Nervosa), e até da esposa e do filho de João Gordo (Ratos de Porão), que assistiam dos camarotes, o Kreator mandou as comemoradas People of the Lie, de Coma of Souls (1990) – aquela que tem a paradinha em que Ventor executa a famosa virada de batera -, e Flag of Hate. E é claro que antes dessa Petrozza inflamou os fãs pedindo diversas vezes para repetirem seu tradicional discurso: “It’s time to raise the flag of hate” – e ele fez isso empunhando a bandeira estampada com a capa do respectivo single.

Kreator

Não houve descanso, durante todo o set o público não parou de agitar na pista em nenhum instante. E tome pedradas: Phobia, Hordes of Chaos (A Necrologue for the Elite) e as novas Gods of Violence e Fallen Brother encerraram a primeira parte do show. Foi difícil enxergar Ventor nesse show, pois durante todo o set havia bastante fumaça no palco. Na volta para o bis, após a introdução The Patriarch, Violent Revolution foi cantada em uníssono. A banda podia ter inserido no repertório hinos como Betrayer, Extreme Agression, Toxic Trace, Renewal, Tormentor, Terrible Certainty e outros, porém, infelizmente, o show chegava ao fim. Pelo menos a despedida veio em grande estilo, com Mille, Ventor, Sami e Giesler fechando a segunda edição do “Liberation Fest” com Pleasure to Kill. Ao som de Apocalypticon rolando ao fundo, o Kreator encerrou o último show de sua turnê sul-americana, que foi a oitava a ter o Brasil na rota. A produção do “Liberation Fest” merece os parabéns por mais uma excelente edição, em que tudo deu certo, desde as questões técnicas dos shows, até o cronograma, o qual os horários foram cumpridos à risca. Fica a nossa torcida para que haja a terceira edição e que venha no mesmo nível das duas primeiras.

Kreator
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