O Metal Extremo dos Estados Unidos, principal celeiro para essa abjeta manifestação musical, esteve representado nesse domingo na capital paulista. Master e Absu vieram desfalcados dos veteranos do Massacre, que há pouco tempo voltaram à ativa e que lançarão novo álbum de inéditas em 2013.
O Master é uma das bandas de Death Metal mais antigas do mundo e certamente uma das que ficaram mais anos consecutivos na ativa executando o mesmo maldito estilo. Paul Speckmann, baixista e vocalista que está há 30 anos nessa estrada, é uma das referências do estilo e continua inabalável no seu posto mesmo estando radicado na República Tcheca há alguns anos.
E o que pudemos perceber nessa apresentação do Master é que a banda não empolga muito quem não conhece seu trabalho ou conhece de passagem seu som. A despeito da qualidade impecável do set, da performance correta do trio e do som muito bom da casa. A sensação é de que a banda se mantém em voga muito por sua reputação e pelo respeito que toda a cena deve à sua trajetória. Vejam bem, nem de longe estou falando que o show foi ruim e de que não fez uma apresentação digna, mas excetuando-se eu e mais alguns velhos na plateia, viu mais respeito do que empolgação.
A banda prestigiou sons de todas as fases de sua carreira, com inegável destaque para “Master”, “Shoot to Kill”, “Unknown Soldier”, “Cut Through The Filth” e “Pay To Die”, oriunda dos tempos de Paul com o Death Strike e o indefectível cover de “Children of The Grave”, que encerrou a apresentação do trio.
Pouco antes das oito da noite o Absu subiu ao palco. O trio, comandado pelo baterista e vocalista Sir Proscriptor McGovern (que nas horas vagas atende por Russley Randell Givens), carregava consigo a peso do seu show originalmente marcado para março desse ano ao lado do Inquisition e que foi cancelado dias antes da apresentação, o que deixou muitos fãs frustrados e ainda mais ansiosos para essa apresentação que efetivamente se realizou.
Acompanhado pelo baixista e vocalista Ezezu e pelo guitarrista Vis Crom, a banda surpreendeu pela sincronia e exatidão na execução de peças de toda a carreira, inclusive as mais complexas. Proscriptor, que é o vocalista principal nas composições do grupo, inteligentemente dividiu as funções com Ezezu, que diferentemente do convencional, não estava de frente para o público, mas a 45º, o que o impediu de ficar de costas para seu chefe/baterista.
A banda, que ficou inativa por alguns anos por conta de um acidente que destruiu um dos punhos de Proscriptor e quase o afastou definitivamente da música, depois de seu retorno gravou dois álbuns, os indefectíveis “Absu” (2009) e “Abzu” (2011). E desses álbuns vieram algumas dos momentos mais especiais da apresentação, como pudemos conferir em “Earth Ripper”, “Night Fire Canonization” e “13 Globes”. Mas o principal prato da noite foi servido em meio ao prato empoeirado do Mythological Occult Metal, alcunha criada pelo próprio Proscriptor para nomear o Black Metal original praticado pelo grupo desde o início dos anos 90.
Os texanos fizeram um show empolgante, do começo ao fim mantiveram o nível da apresentação altíssimo e a garra apresentada pelo trio em peças complexas como “Manannan”, “Vorago”, “Swords and Leather” e “Never Blow Out The Eastern Candle”. O público, em quantidade apenas mediana dada a grandeza das bandas presentes, quando tais clássicos foram executados a balburdia em frente ao palco foi grande.
Proscriptor se mostrou um comunicador criativo e original, incorporando o personagem com maestria. O fato de estar atrás de um kit de bateria não o impede de concentrar as atenções e desempenhar todas as suas funções de maneira irretocável, numa performance digna de quem já fez testes para assumir as baquetas do Slayer, na mudança que trouxe Dave Lombardo de volta à banda. Só um detalhe que fará aqueles que não viram o show terem uma ideia da destruição presenciada no palco do Carioca Club.