A experiente banda de metal recifense Matakabra retorna aos lançamentos com o single ‘Drama da Realidade‘, uma música, com estrutura pesada e caótica para criticar a precarização do trabalho no Brasil. A canção já nas plataformas de streaming.
Ouça ‘Drama da Realidade’: https://onerpm.link/911665165701.
A nova música também ganhou lyric video que tem como base a arte da capa do single, produzido por Marcelo Silva:
A desigualdade social brasileira, num momento em que cada vez mais se tira direitos dos trabalhadores, é apenas um ponto de partida.
‘Drama da Realidade’ evoca reflexões e pesares tanto dos integrantes da Matakabra como de milhões de brasileiros, com um acento principalmente em relação à aura do 1º de Maio, alçado, às vezes de forma enfadonha e distópica, como o Dia do Trabalhador.
É, sem dúvida, a música mais madura da banda, tanto em relação às letras como na musicalidade, em que o seminal peso ganha contornos soturnos, dilacerantes e envolventes do death metal ao metalcore – tudo que o tema exige, tão pertinente e urgente ao Brasil.
Passagens caóticas ainda tornam ‘Drama da Realidade’ mais brutal.
Capa por Cristiano Suarez
A arte da capa é obra de Cristiano Suarez, que transmite toda a atmosfera dilacerante e densa da música.
Gira em torno da história de um sujeito cada vez mais isolado, abatido e fragilizado. Ele não sabe, mas sua ideologia permite que tenha a liberdade de escolher entre morrer de fome ou morrer de trabalhar.
A contestação, como no manguebeat
Foi ainda no contexto deste single que a Matakabra, enquanto uma banda formada por músicos pernambucanos, resgatam a contestação do manguebeat, um movimento que surgiu no estado e até hoje é relevante ao rock nacional como música com conteúdo e fúria.
Na análise da Matakabra, a vida do trabalhador brasileiro nos últimos anos é uma repetição mortífera de abusos, descasos e injúrias. É uma rotina infernal capaz de sugar até a última gota de sangue e suor – sem trégua para melhores condições.
“A arte é essencial não apenas pelo efeito de catarse, mas por promover formas de reflexão e elaboração. Faz parte da história cultural daqui esse tipo de crítica e manifesto. Apostamos nisso também”, ressalta a Matakabra.
Em busca de uma reação coletiva
Mas ‘Drama da Realidade’ não é somente sobre apontar o dedo para o problema, é um manifesto para que a sociedade olhe para a situação em busca de uma reação coletiva.
O Matakabra explica que ‘Drama da Realidade’ pauta uma discussão global e cada diz mais urgente, um necessário grito à sobrevivência.
“Somos cada vez mais explorados ao mesmo tempo que estamos cada vez mais isolados. Falar sobre isso é uma forma de sair da inércia e ao colocar em palavras a insatisfação produzir condições de uma mudança”, comenta a banda sobre o single.
A Matakabra é Rodrigo Costa, Rafael Coutinho, Fernando Marques e Theo Espindola.
Pílulas de manifesto
O quarteto recifense amparou o lançamento de Drama da Realidade com diversos posts no intagram da Matakabra com textos que contextualizam o conceito da letra (leia aqui).
Funcionam como pílulas de um manifesto contra imposições que tentam infiltrar na sociedade para aumentar o abismo social e manter a sensação de dependência de um sistema econômico opressor.
Matakabra nas redes sociais |
Matakabra – biografiaEm uma síntese do processo histórico da Cena Pesada de Pernambuco, a Matakabra possui em sua sonoridade influências fortes da Música Extrema, sem deixar de soar a sua origem pernambucana. Assim, articulando um som percussivo ao que há de mais moderno e contemporâneo dentro do Metal, forjam o que denominam como Metal Bruto de Recife. O Matakabra vários circuitos pela região Nordeste, onde é bastante reconhecida pelo público fiel das cidades que passou, além de em seu percurso possuir apresentações em festivais como o Grito Rock João Pessoa (2018), Abril Pro Rock (2018), Garage Sounds (2018/19) e Forcaos (2020). O que chama mais atenção para além do paradoxo contido na sua brutalidade sonora, trabalhada de maneira tão sutil em um técnico e frenético instrumental, é a mensagem da banda. Todos os lançamentos são um manifesto. Com o Prole (2016) fez sua primeira denúncia, pois “o casamento realizado pelo Poder Econômico entre o Estado e a Mídia gerou incontáveis frutos […] uma prole maldita que se reproduz a cada noticiário, capa de jornal e narrativa mórbida da rádio matinal”. O lançamento rendeu a Prole Maldita Tour, sequência com mais de 20 shows espalhados em sete estados do Nordeste. Com o Marginal (2017), seu segundo trabalho em estúdio, deu continuidade a ideologia trazida no Prole e fez ressoar o seu grito antirracista como um imperativo contra a crise social, moral e política que se seguia. Lançado no Dia da Consciência Negra, o trabalho teve sua crítica máxima posteriormente com o lançamento do clipe metafórico Ogum no Açoite (2019). Durante o período de emergência sanitária devido à Covid-19, a banda lançou o do Ao Vivo Abril Pro Rock, registro audiovisual da participação da banda no festival. |
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