Com seu ápice na Alemanha do pós-guerra no início do século XX, o expressionismo foi um movimento onde artistas de várias áreas fizeram com que suas obras ultrapassassem os limites da realidade, combatendo a razão com a fantasia. Um dos maiores expoentes do cinema nesse período foi o filme de ficção-científica Metrópolis produzido em 1927, com direção de cineasta austríaco Fritz Lang e roteiro baseado no romance escrito por sua então esposa Thea von Harbou. Apesar de considerado o primeiro filme de ficção-científica, alguns críticos de cinema dizem que “Aelita” (1924) de Yakov Protazanov serviu de referencia para Lang. Filme mudo com interpretações faciais exageradas de seus atores, Metrópolis foi fonte de inspiração para diversos cineastas como Ridley Scott e George Lucas.
A história se passa no século XXI em uma grande cidade governada pelo poderoso empresário Joh Fredersen, onde em meio a prédios gigantescos, máquinas voadoras e arquitetura fantástica, existem classes sociais em situações exageradamente opostas. A burguesia está em um jardim idílico, com uma vida farta de prazeres. Nessa área está Freder, o único filho de Joh Fredersen. Enquanto que os trabalhadores ficam no subsolo, condenados a trabalhar dez horas por dia nas máquinas que sustentam a cidade.
Nesse cenário dividido entre os habitantes da superfície e os empregados do subsolo, surge a jovem Maria que incita os trabalhadores a reivindicar seus direitos através de um “Mediador” que surgirá para guiá-los no entendimento com o governante autocrático. Por ironia do destino, essa pessoa é Freder.
Joh Fredersen descobre o plano dos trabalhadores e pede ajuda ao inventor Rotwang, que apresenta o “Homem-Máquina”. O androide assume a forma de uma “falsa-Maria” para ludibriar e acabar com o plano.
O filme segue com suas várias mensagens e simbolismos: Moloch (Deus Baal), o selo Hermético de Salomão “Como acima, assim também abaixo”, Demiurgo gnóstico, Torre de Babel, magia negra, mensagens bíblicas, etc.
Particularmente acho que a frase “O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração”, está mais para manipulação do que cooperação. O próprio Fritz Lang não gostava desse “final feliz”. Entendo que até pelo momento político da Alemanha na época, Lang foi convencido por Thea von Harbou em terminar o filme dessa forma.
Metrópolis foi o maior orçamento cinematográfico da Alemanha até então, mas não obteve o sucesso de bilheteria esperado, o que quase levou a produtora Universum Film à falência. Em 2008, na Argentina, foram encontrados 30 minutos de metragem do filme. A parte foi restaurada e uma nova versão saiu em 2010.
SEPULTURA
Quase dezessete anos após o lançamento do álbum Roots, o Sepultura está prestes a lançar um novo trabalho produzido novamente em parceria com Ross Robinson. Com lançamento mundial previsto para 25 de outubro, pela Nuclear Blast. No Brasil, o álbum será lançado pela Substancial Music.
Conforme já divulgado na mídia, esse não será um trabalho conceitual como Dante XXI (2006) e A-lex (2009). Do filme Metrópolis foi utilizado somente a frase “The mediator between head and hands must be the heart” (“O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração”), para o título do álbum.
Além de ser diferente dos títulos curtos e de impacto utilizados anteriormente, inspirou a banda a se expressar sobre um tema muito atual nos dias de hoje.
Andreas Kisser:”- A frase reflete o que vivemos hoje. Estamos cada vez mais robotizados, tipo Google Glasses e chips sob a pele, tablets, cell-phones. Todo mundo pensando na mesma direção. A frase diz que a razão com a ação, sem o coração, sem o fator humano, é nada. Somos apenas robôs. Colocando as informações e executando sem pensar a respeito.Isso nos inspirou a escrever sobre o que pensamos sobre o mundo atualmente. Nós temos o privilégio de viajar pelo mundo tantas vezes ao longos dos últimos vinte, vinte e cinco anos.Nós vimos tantas mudanças. E percebemos que perdemos nossa liberdade. De sermos nós mesmos. De pensarmos sobre nós mesmos. De pensarmos por nós mesmos.”
O filme Metrópolis mesmo após quase 90 anos de seu lançamento continua atual, místico e inspirador. O Sepultura com certeza vai apresentar um novo trabalho criativo. Por isso, somente posso sugerir a quem não assistiu Metrópolis, que não perca mais tempo e corra atrás dessa obra fantástica.