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MIKE TERRANA

O renomado baterista Mike Terrana (Tarja Turunen, Kiko Loureiro, ex-Rage, Axel Rudi Pell, Malmsteen e outros) recentemente aportou no Brasil para uma série de 17 workshows espalhados pelo território nacional. Sua missão era promover a sua técnica e experiência de trinta e cinco anos de estrada. Idealizada pela MarMor Entertainment e com organização de Marcelo Moreira (Burning in Hell, Almah) e Alexei Leão (Stormental) – responsável pela engenharia de som e tradução –, a turnê tem como foco o disco solo “Sinfonica” (2011), um projeto inusitado no meio ‘baterístico’, no qual Terrana encaixa toda sua habilidade em clássicos da música erudita. Para a segunda apresentação da tour, sutilmente batizada de “Revenge of the Cachaça” (‘A vingança da cachaça’), o local escolhido foi o Ventudo Pub, de Urussanga/SC, um lugar mítico que já recebeu Kiko Loureiro, Paul Di’Anno e inúmeras outras atrações. Na ocasião, a apresentação ocorreu no palco coberto e, da chegada até o final, tudo transcorreu bem.

A abertura desta e de nove outras apresentações ficou a cargo dos competentes guitarristas Zeka Jr. e Diego Bittencourt, da banda Symbolica. O evento começou pontualmente com os dois guitarristas literalmente descendo a mão. Acompanhados de um playback, os músicos mostraram a sua técnica aplicada nas composições do Symbolica. A oportunidade de vê-los neste formato foi muito interessante porque todos puderam curtir várias passagens e detalhes que costumam passar despercebidos nos shows. Tanto os riffs quanto os solos soaram muito bem nas músicas “A Letter For Mankind”, “Another Sun”, “Awake The Wrath Of Angels” e “Humu Futurus” – destaque para a pegada nervosa condizente com a proposta deles.

Na sequência, Mike Terrana veio pronto para literalmente detonar em duas horas de apresentação. A plateia formada por músicos e apreciadores de música pareceu ter ficado um pouco apreensiva logo na abertura do show com um movimento da composição “Sinfonia do Novo Mundo”, de Antonín Dvořák, mas logo entrou no clima e se deixou levar pela viagem que é a performance do baterista associada à música erudita. Depois de passar por composições épicas de Gioachino Rossini, Wolfgang Amadeus Mozart, Jacques Offenbach, John Philipp Sousa, entre outros, o baterista emendou um solo de aproximadamente vinte minutos. Assim, percorreu toda sua carreira, evidenciando passagens, influências e marcas que deixou nos trabalhos que gravou.

Tudo que estava acontecendo parecia exagerado, mas a cada momento algo novo aparecia e ficava difícil não querer ver mais. Ao final do solo, Mike gritou “cachaça” e, de repente, aquele clima de seriedade e introspecção foi para o espaço. Com um clima bastante descontraído ele explicou o propósito das apresentações, abriu espaço para perguntas e comentários. Na ocasião, também mostrou o seu trabalho – as onze faixas de Sinfonica e vídeos num pendrive que estava à venda. A grande vantagem do produto é que as músicas não estão em MP3, mas em AIFF – um formato que apresenta uma qualidade superior do áudio. O bom-humor de Mike trouxe um ar de descontração muito legal. O músico estava sempre rindo, fazendo piada ou gritando cachaça.

O público, apesar de descontraído, parecia amarrado e foi preciso que Mike chamasse pelos bateristas presentes para que a rodada de perguntas começasse. E foi o que aconteceu. Depois do primeiro, vários outros resolveram tirar suas dúvidas. Dentre as várias respostas, algo que chamou atenção foi quando ele disse que a sua técnica representa o que ele é e que música é uma arte, não uma competição. Além disso, salientou que é muito importante desenvolver a própria personalidade e estilo.

Durante a apresentação aconteceu uma curiosidade coletiva – afinal, de onde surgiu essa ideia de incluir linhas de bateria em música erudita? Mike respondeu que as músicas eram bonitas por si só, mas pensou em inserir algo em composições que tivessem um ritmo legal para encaixar a bateria.

Dando sequência à apresentação Mike tocou “Pump and Circumstance March” do filme “Laranja Mecânica” e depois contou que a inspiração de fazer o disco “Sinfonica” surgiu depois de ver Cozy Powell (Rainbow, Black Sabbath) tocando “1812 Overture” de Tchaikovsky. Chegando ao final, ainda havia uma carta na manga – nada menos que Mike tocando e cantando o clássico “Fly Me To The Moon”, imortalizado na voz de Frank Sinatra. Para fechar a noite veio “Detonator”, do seu disco solo “Man Of The World (2005)”. Ao final, Mike deixou a impressão de ser pessoa muito acessível onde técnica, profissionalismo e bom humor se encontram.

Vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=20ZQRHECsfw

https://www.youtube.com/watch?v=qGwv3lBmJSs

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