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OITÃO

Apesar de ser uma das bandas da atualidade que mais divide o palco com grupos estrangeiros, o Oitão ainda é desconhecido para alguns da cena underground e extrema do Hardcore e Crossover nacional. Com apenas um disco lançado, “4º Mundo” (2009), o grupo recebe elogioso efusivos de músicos que representam a nata do Punk, Metal, Rock e afins. A ROADIE CREW bateu um papo com Henrique Fogaça (vocal), Tadeu Dias (guitarra) e Ed Chavez (baixo) para conhecer e apresentar o Oitão. Com muitos projetos para 2012, o principal objetivo do quarteto paulistano, completado por Marcelo B.A (bateria), é a cada dia soar ainda mais sujo e agressivo.

Como tudo começou, e por que Oitão?
Tadeu Dias:
 O Ed e eu já somos amigos desde o colégio, sempre curtindo os mesmos sons. Eu tinha voltado da Europa e nos encontramos e um show. Perguntei sobre fazer um som e começamos meio de brincadeira uma ‘jam session’ entre amigos, começamos a tocar uns riffs. O Henrique já chegou com algumas letras e fomos desenvolvendo.
Ed Chavez: Começou o Tadeu, eu e outro batera, mas só ficou sério mesmo quando o Henrique e o Marcus D’Angelo entraram pra banda. O nome apareceu da mesma forma que a banda, sem querer (risos). Foi a coincidência de datas dos aniversários de dois integrantes e das mães de outros dois. Aí na hora de marcar os ensaios, como não tinha nome, o pessoal do estúdio botava ‘Banda Oito’.
Tadeu: E nosso amigo deu a ideia: ‘coloca o nome da banda de Oitão’… Aí ficou! (risos)

Marcus D’Angelo (vocal e guitarra, Claustrofobia) fez parte da primeira formação?
Ed: 
Na verdade, ele foi o segundo batera da banda.
Tadeu: Ele que gravou o CD.
Ed: E ajudou nas composições e gravações do nosso álbum. Mas por conta da vida dele com o Claustro começou a ficar dividido. Ai quando o claustro foi para a Europa decidimos que seria melhor arrumar outro.
Tadeu: E hoje o B.A é a cara da banda.
Ed: Essa formação é a que esta há mais tempo também. Aconteceu tudo muito rápido. O Marcus ficou um ano na banda. Foi um ano intenso onde as composições foram saindo uma atrás da outra e logo em seguida gravamos.
Tadeu: Ele sempre quis tocar batera. E toca melhor que muito profissa da bateria aí (risos).
Ed: Até hoje ele e meio que o quinto integrante (risos). A amizade só cresceu. E sempre que dá ele participa em nossos shows cantando algumas músicas.

Para uma banda que tem menos de cinco anos de estrada, com apenas um disco, de alguma forma, seja no disco ou dividindo palco, vocês conseguiram boa repercussão além de ter por perto boa parte das influências de vocês. O que mais inspira vocês no som ou na hora de compor?
Tadeu: 
Na verdade muitos deles nos ensinaram a fazer e hoje querem estar com a gente.
Henrique Fogaça: Sim, com certeza. Na maioria das vezes são pessoas que nos influenciaram, além da amizade pessoal.
Tadeu: Isso é bem louco. Gente como Clemente, Jão do RDP, Martkon (ex-Lobotomia), Tatola que era do Não Religião apoiando a banda.
Ed: Tatola hoje do Nem Liminha ouviu. Minha inspiração máxima é o Max Cavalera. Ele e essas pessoas, nós crescemos ouvindo e ter hoje essas mesmas pessoas ao nosso lado no palco é muito gratificante. E é uma coisa que aconteceu naturalmente, nada foi planejado. Ouviram o som ou assistiram a gente em algum show se interessaram e vieram atrás. Mas nós quatro participamos desse movimento de bandas há muito tempo. Todo mundo tem mais ou mesmo o mesmo gosto musical.
Tadeu: Na hora de compor a velha escola do som pesado do Thrash Metal, Hardcore, Punk. Ligado com a cultura de rua.
Henrique: Tenho algumas influências de Metal e outros, mas o que está no sangue mesmo são as bandas Punk, que me ensinaram a ver a vida diferente com questões de vida que muita gente não tem essa percepção.

É mais atitude do que propriamente um tipo de música…
Tadeu: 
Bem por aí. A gente compõe e depois vê o que saiu. Aí tem coisa rápida, tem coisa groovada, tem disgracera a milhão.
Henrique: Acho que tem os dois lados.
Ed: Na verdade, nosso som é uma soma de influências. Tem o lado mais técnico e composições bem elaboradas unidas com a sujeira que faz a coisa ficar mais real (risos).
Tadeu: Escola de som pesado brasileira. Recebemos influências das bandas americanas e europeias, só que conseguimos fazer algo único, coisa que só o músico brasileiro tem.
Ed: Swing, o balanço, a vagabundagem (risos)… É tudo uma grande mistura. Se parar e prestar atenção, ouve de tudo em nossas músicas.

Falando nisso, já que o Claustrofobia está no DNA da banda, o disco deles tem recebido elogios com essa mistura de Metal, Samba e estilos mais brasileiros. Vocês acham que aqui é mais fácil enxergar essa mistura ou, de alguma forma, bandas como eles fizeram (e fazem) barulho e o cara consegue, como músico, mostrar seu talento sem a “firula” no solo do Metal e sem perder a brasilidade?
Tadeu: 
Eu vejo a música de uma forma simples. Música boa e música ruim. Estamos em 2012. Acho burrice certas coisas cheias de regras iguais já tiveram em bandas anteriores que toquei.
Henrique: Nesse caso burlamos as regras. E o coração manda na mensagem que queremos passar.
Tadeu: Arte é livre. Cada um faz a sua e quem não gostar, simples, procure algo que agrade e não consuma isso.
Ed: Eles são excelentes músicos e acho esse último álbum eles atingiram um nível de composição absurdo. A mistura é natural já que todos têm contato com outros tipos de música. E ninguém melhor que nós mesmos pra fazer essa mistura. O que não pode e gringo vir aqui e copiar e ainda fazer mal feito (risos).

As letras em português já foram ou vocês acham que é um empecilho para tocar fora? Você acha que ainda causa estranheza aqui fazer esse tipo de som em português como vocês, Confronto e outras locais do estilo fazem?
Tadeu: 
Poxa, a gente é brasileiro, falando das ruas, da vida no Brasil. E outra, o som é Hardcore. Se fosse algo mais Metal, talvez tivesse mais sentido o inglês, mas a gente está falando pro nosso povo daqui, da nossa vida e dos nossos problemas.
Henrique: Acho que tem que ser em português. É o que somos. Se fosse em inglês, seria outro conceito. A mensagem atinge as pessoas da forma que tem que ser.
Tadeu: E acho que temos que nos valorizar. Valorizar o trampo próprio das bandas. Esse lance de ficar fazendo banda cover se vestindo igual e querendo ser gringo pra mim é ultrapassado. Faz som original, compõe, escreve em português. Também falta o devido espaço nas casas de Rock de Sampa pra som original. Moleque acha mais fácil copiar o gringo e muitas vezes, é mal feito.
Ed: Se for pra ver cover ouço o CD em casa. Tem muita banda boa aí trampando sério, fazendo som próprio. Pra que perder tempo com menino frustrado que imita fulano de tal no espelho? (risos).

Por que a escolha da “4º Mundo” como faixa título? E o videoclipe dela foi produção de quem?
Henrique: 
Acho um nome forte. É o retrato do que vemos no dia a dia nas grandes capitais.
Ed: O refrão é forte. Consegue passar em três palavras o que a maioria das pessoas em nosso país vive. Fome, miséria e dor. Modéstia à parte, essa é bem legal. Mas tem também o maldito papel que uma musica bem forte carrega: chacina, trevas. 4º mundo, como falei, tem um refrão forte. É bem legal ver o público berrando a plenos pulmões. Arrepia. Nós juntamos umas imagens das gravações e de shows, aí eu mesmo fiz o clipe. Também tem um web clipe feito por amigo nosso Patrick.

Como foi a repercussão do primeiro disco e por que a opção de lançar no UOL em vez de meios mais tradicionais e com download como a Trama, Myspace e agora o Sondcloud? Vocês tem ideia de qual deles mais funcionou ou teve mais acesso?
Ed: 
Na Trama tem só quatro músicas. O Myspace morreu (risos). Eu tinha colocado um link junto ao título do clipe no Youtube onde quem assistisse poderia baixar. Depois que o clipe passou na MTV, deu um salto gigantesco nas visualizações. Na época era de duas mil e pulou para quase seis mil em poucas semanas. Hoje está em quase doze mil. É o nosso único parâmetro.

O disco teve versão física já esgotada. Alguma previsão de relançar nesse formato?
Ed: 
Fizemos aproximadamente umas mil copias, não tenho um numero ao certo. Mas, em breve, vamos disponibilizar para baixar grátis em nosso site que esta em construção. Queremos lançar tudo em abril: split, site, show comemorativo da banda.
Henrique: Talvez lancemos pela Sangre, um selo novo de Goiânia.

Vocês tocaram no ano passado no “Goiânia Noise Fest” e pela primeira vez em Manaus na Virada Cultural de lá. Como aconteceu o convite para tocar e o que acharam do público fora do eixo das grandes capitais?
Ed: 
Foi graças ao Youtube que fizemos um de nossos melhores shows, que foi na Virada cultural de Manaus, no ano passado. O Marcio viu a banda, entrou em contato e apostou a nossa ida pra Manaus. Foi surreal.
Henrique: O contato de Goiânia foi através do Marcão do Claustrofobia .
Ed: Os dois shows, a receptividade foi das melhores. O público reagiu bem. Não sei o numero ao certo, sei que estava bem cheio (risos). E ainda fomos a ultima banda, tocamos as seis da manhã.
Henrique: Vamos tocar de novo na Virada Cultural de lá em julho. Está quase confirmado para os dias 14 ou 15 de julho.

Apesar de já ter tocado com bandas como Extreme Noise Terror, Nuclear Assault e nos próximos meses na tour do Brujeria e com o Exodus em Manaus, vocês não são tão conhecidos do grande público. Não sei se é a preocupação de vocês, já que as coisas estão acontecendo, mas não acham que falta uma melhor divulgação?
Ed: 
No meio underground é no velho esquema boca-a-boca. Mesmo porque, é difícil de divulgar som pesado. Envolve muito preconceito em volta. Estamos criando o site pra isso, também.
Henrique: Com certeza. Acho que estamos em um bom tempo, as coisas estão acontecendo, é degrau por degrau.
Ed: Tem pessoas que já nos procuraram para querer trabalhar e divulgar, só que isso custa caro e não temos dinheiro para investir nesse tipo de trampo. Vai sendo disseminado aos poucos. O pouco que entra acaba se diluindo em ensaios e volta pra banda em forma de gravações, os shows e a repercussão deles. Então, tem sido a melhor forma de se autodivulgar. Queremos tocar pelo interior de São Paulo e outros estados do país. Assim alcançando as pessoas que gostam do som e da mensagem.
Henrique: Estamos com uma parceria com a Glock Cultural que já trabalha com Olho seco, Agrotóxico e outros. Eles vão ajudar a divulgar a banda e vendermos shows. O grande segredo está nas parcerias verdadeiras, se ajudando mutuamente.

De banda estrangeira ou nacional, quem falta, ou melhor, com quem ainda gostariam de tocar?
Ed: 
Ratos de Porão, Olho seco, Inocentes, Krisiun e Sepultura. Só de pensar as pernas tremem (risos). Tem muita gente legal, é difícil de lembrar, mas os principais são esses (risos).

Em novembro do ano passado vocês estavam em estúdio. Um novo trabalho já está pronto ou a caminho? Será novamente independente? O que já podem adiantar?
Ed: 
Então, acabamos de gravar um EP que deve sair até o meio do ano. Ainda não sabemos se vai ser lançado por alguém ou se vai ser no esquema independente de novo. Vamos ver o que é melhor. São seis músicas inéditas. Ainda não tem nome, vamos decidir isso ainda.
Henrique: E está ficando foda. Vamos lançar junto com uma banda de Metal chamada Broken Heads.
Ed: O batera do Broken Heads foi nosso primeiro baterista. E hoje o Henrique tem um projeto com o Ciero, que é o vocal do Broken Heads, chamado Terrorizmo. O Badauí, vocal das bandas CPM22 e Medelin, também vai participar na faixa ‘Hipócrita’. É tudo amigo. É sempre uma coisa só (risos)

Dois anos depois desse primeiro disco lançado, o que mais surpreende vocês? A repercussão que ele continua tendo, a possibilidade de tocar com os gringos e fazer shows e não ser tão conhecido quanto merecem ou gostariam?
Ed: 
Acho que tudo é consequência do que a banda é. O disco é bom.
Henrique: Surpreende a aceitação das pessoas, os comentários positivos. É muito gratificante.
Ed: A procura das pessoas é uma coisa que ajuda e dá mais vontade de continuar. Tudo isso serve de combustível. A afinidade que criamos os quatro nessa formação também ajuda muito. Quatro caras que gostam de tocar juntos e se divertir vai além da música.  Somos amigos e isso é o que realmente importa. Estaríamos fazendo a mesma coisa senão tivesse toda essa exposição que está rolando. Shows longe de casa com bandas gringas tem a mesma importância dos shows em garagens de amigos. O importante é sempre se divertir.

Sites relacionados:
https://www.myspace.com/oitohardcore
https://tramavirtual.uol.com.br/oitao/
https://www.radio.uol.com.br/#/artista/oitao/387404

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