É de se admirar que Peter Tägtgren ainda tenha tempo de responder a uma entrevista. Guitarrista/vocalista das bandas Pain e Hypocrisy, o músico sueco de 42 anos é ainda produtor de oito entre dez bandas de Black, Death e Thrash Metal de selos como Nuclear Blast, só para citar o exemplo mais conhecido. Isso porque há algum tempo ele não se envolve com outros projetos, como já fizera com War e Bloodbath. De malas prontas para uma turnê com o Pain pela América do Sul, com show que passará pelo Brasil no dia 12 de maio, Peter respondeu uma breve entrevista para a ROADIE CREW para falar sobre a tour, o relançamento de “Cynic Paradise”, produção etc. Com vocês, o workaholic do Metal.
É correto dizer que o Pain está se tornando uma banda mais voltada para o Metal do que para o Industrial ao longo dos anos? Se você concorda, você acha que os fãs de Pain e Hypocrisy hoje são os mesmos?
Peter Tägtgren: É difícil dizer, talvez o novo álbum seja mais pesado que os anteriores, mas não acho que sejam os mesmos fãs. Isso nunca foi meu objetivo, minha meta. Mas há, sim, aqueles que gostam de ambas.
O álbum “Cynic Paradise” está sendo relançado no Brasil com um CD bônus chamado “Live in Paris”. Você gosta de gravar todos os shows possíveis do Pain para liberar depois como bônus ou apenas para guardar como lembrança?
Peter: Quando estávamos em turnê com o Nightwish, eles tinham todo o equipamento de gravação, então nós gravamos todos so shows daquela tour para que pudéssemos ouvir e tentar melhorar nossas performances. Algumas dessas versões tinham uma qualidade muito boa, então decidimos lançar de alguma forma e ficou interessante como material bônus. Todos dizem que o Pain é mais pesado ao vivo, então acho que esse material serve para mostrar versões um pouco diferentes de nossas músicas.
Depois de quase um ano do lançamento de “You Only Live Twice”, o que você acha do álbum hoje? Existe algo que você gostaria de mudar nele?
Peter: Eu ainda estou feliz com o álbum, só que ele precisa ser lançado em mais paises. Vamos em pequenos passos até que ele chegue ao mundo todo.
A música “Dirty Woman” lhe trouxe alguma acusação de sexismo?
Peter: Na verdade, não. A música fala de caras, incluindo eu, que uma mulher, por conta de sua aparência, pode controlar e levar para onde ela quiser. O homem é fraco, todo seu sangue desce pelas pernas e vai parar em outra ‘cabeça’. Aí o QI dele diminui (risos).
E sobre o ‘To Be Continued’, que aparece no final do clipe de “Dirty Woman”? Ele realmente vai continuar?
Peter: Se você olhar com atenção ao final do vídeo, você verá um gorila e um coelho passando, então perceberá a grande piada do vídeo. Lá você terá sua resposta.
Pain e Hypocrisy estão em plena atividade e Horgh (baterista do Hypocrisy) toca com o Immortal. Como você organiza seu tempo para manter a coisa toda funcionando?
Peter: Eu tento planejar tudo com muita antecedência, às vezes seis meses ou um ano à frente. Tenho minha família, minha casa, meu estúdio e duas bandas. Tudo isso envolve um bocado de planejamento.
Você também tem feito um grande trabalho como produtor já há algum tempo. O quanto você gosta de tecnologia e quais são seus produtores favoritos de hoje e do passado?
Peter: A tecnologia é uma grande ferramenta se você trabalha com ela da maneira certa. Bob Ezrin (Alice Cooper, Kiss, Pink Floyd) é um grande produtor da velha geração, já Mutt Lange (AC/DC, Shania Twain, Nickelback, Def Leppard) é um grande nome da geração atual.
Praticamente todas as bandas de hoje fazem suas próprias produções em estúdios caseiros. O que você pensa a respeito disso?
Peter: São tempos difíceis para a indústria, então todo mundo está tentando poupar dinheiro. Isso é triste para o desenvolvimento da música.
No DVD “Hell Over Sofia” podemos ver sua excitação em relação à turnê pela América do Sul, mesmo tocando nas mais adversas condições. Como você descreveria a experiência daquela tour por aqui?
Peter: Foi uma grande turnê em um grande continente para se explorar. Tivemos que mostrar ao resto do mundo que há países lindos na América do Sul, além das mulheres e dos fãs enlouquecidos. O que mais pode uma banda pode querer?
Existe alguma diferença na maneira como você age no palco com o Pain em comparação com o Hypocrisy?
Peter: Eu não sei, um pouco eu acho…
Você está retornando ao nosso continente com o Pain. Quais são suas expectativas para esta turnê, especialmente com relação ao show no Brasil?
Peter: Eu realmente não sei o que esperar, apenas desejo que a turnê seja tão grande quanto foi a do Hypocrisy, mas esta é a primeira turnê do Pain na América da Sul e eu acho que temos que trabalhar muito no continente. Não me surpreenderia se voltassemos aí daqui a doze meses.
Como será o set list? Vocês vão tocar músicas de todos os álbuns do Pain ou vão dar preferência para músicas dos álbuns mais recentes? Haverá algum cover, como o de Eleanor Rigby (N.R.: música dos Beatles regravada pelo Pain no álbum “Nothing Remains The Same”)?
Peter: Nós sempre misturamos músicas de todos os álbuns, mas não sei ainda sobre os covers… talvez role.
Cinco melhores álbuns segundo Peter Tägtgren:
Deicide – Deicide
Morbid Angel – Altars Of Madness
Entombed – Left Hand Path
Cannibal Copse -Tomb Of The Mutilated
Suffocation – Effigy Of The Forgotten