O que deveria ser uma noite memorável para fãs do Pain e para os músicos da banda acabou sendo aquém do esperado, para não dizer do obrigatório. Com capacidade para cerca do 300 pessoas, já era esperado um pequeno público nesta noite de sábado (12) no Blackmore Rock Bar, mas o número de presentes foi ainda menor e, dias depois, com fotos e comentários espalhados pelas redes sociais, era possível ver algumas pessoas citando que nem sabiam do show.
O Raveland, que segue divulgando o EP “Memories”, abriu o evento pouco depois das 21h e fez uma apresentação curta, com direito covers de “Say Just Words” (Paradise Lost) e uma inusitada versão para “Rolling in the Deep”, da cantora de Soul/Pop, Adele. Enquanto a do Paradise Lost ficou devendo um mundo para a versão original, o cover da cantora britânica com direitos a riffs ao estilo Gothic Metal da banda, soou muito bem, com destaque para a voz de Juliana Rossi.
Já se passava das 22h quando Peter Tägtgren & Cia. deram as caras. Criado no meio dos anos 90, o Pain – projeto do músico sueco – foi criado em um momento de conflitos na carreira do Hypocrisy, sua banda principal, permitindo-lhe abordar uma nova sonoridade combinando elementos de Rock Industrial, Metal e Música Eletrônica.
Ao lado de Peter, estavam os músicos Michael Bohlin (guitarra), Johan Husgafvel (baixo) e David Wallin (bateria). Após a breve ‘intro’, a banda deu início a “Let Me Out”, do mais recente álbum “You Only Live Twice”, seguida de “Dancing With the Dead”, do álbum homônimo lançado em 2005. Ao contrário do show de abertura, o som estava ruim, bem ruim. Distorcendo, estourando nos PA’s e complicando a vida da banda que, além dos músicos em palco, conta com uso de samplers para reproduzir teclados e elementos eletrônicos em geral. Além disso, Peter usa um pedal de distorção em seu microfone que, sem o equipamento apropriado, parecia mais uma chiadeira vocal. O vocalista e guitarrista, que trajava uma camisa de força, parecia realmente louco, mas de raiva.
Problemas em início de shows são comuns, pois muitas vezes as bandas chegam ao local apenas para a apresentação, sem qualquer tempo hábil para a passagem de som, mas aqui, os problemas pareciam não ter fim tão cedo, o que se concluiu como fato até o fim da noite.
Profissional, a banda seguiu com “End of the Line” e “Dirty Woman” foram muito cantadas pelos presentes que se esforçavam para ouvir as músicas. Peter, que já não é dos caras que mais fala em show, estava ainda menos comunicativo e mais furioso, então tudo foi mais direto e musical, apesar do vocalista não deixar de interpretar suas letras com caras e bocas.
“Zombie Slam” e “Psalms of Extinction” antecederam “Suicide Machine”, provavelmente um dos maiores hits da banda, muito lembrado por ter figurado as coletâneas de clipes “Beauty In Darkness”, lançadas nos anos 90. Após “Nailed to the Ground”, “It’s Only Them” e “The Great Pretender”, “I’m Going In”, do relançado “Cynic Paradise” foi uma das mais cantadas pelo público. “Monkey Business” encerrou a primeira parte com um ‘thank you’ descendo seco pela garganta de Sr. Tätgren.
Não demorou para a banda voltar tocando uma de suas melhores músicas: “Supersonic Bitch”. Impossível se conter e não cantar o ‘Hey little bitch’ do refrão deste som. “Fear the Demon” foi seguida da excelente “Same Old Song” e para encerrar, claro, o maior clássico da banda, “Shut Your Mouth”.
Com todas as adversidades na qualidade do som, os rostos dos músicos ao se abraçarem frente ao público para o tradicional agradecimento era de certa satisfação, com uma ar de vitória mesmo, já que conseguiriam cumprir com o set. Não há uma explicação para um show tão pequeno contar com aparelhagem tão indevida, mas torcemos para que banda, público e organização contém com mais sorte em uma próxima, isso se o Pain ainda quiser voltar pra cá um dia…