Apenas quatro dias após a criação da página no Facebook da banda Perfect Element, Leonardo Rizzi (vocais e guitarra), Fil Ferrer (guitarra e vocais), Alan Curátola (baixo e vocais) e Flávio Batata (bateria e vocais) receberam um comunicado, de que o multi-instrumentista e produtor Thiago Bianchi (Noturnall, ex-Shaman) se impressionou com o som que o quarteto de Belo Horizonte/MG estava forjando. Daí, veio o convite para a gravação do primeiro álbum do grupo, ainda sem data prevista de lançamento, mas que já provoca um burburinho na cena do prog metal brasileiro.
Façam-nos um breve histórico da banda.
Alan Curátola: A ideia de fazer uma banda já havia há algum tempo. Em setembro do ano passado, eu e o Leo conversamos com Fil (Ferrer) e fizemos uma reunião. A partir de janeiro e fevereiro deste ano as coisas começaram a tomar corpo, a estruturar de fato o conceito da banda, o que iríamos compor. Todo o planejamento, no entanto, tinha uma falha capital, que era a falta de um batera. Mas aí, em agosto, falamos com o (Flávio) Batata e fizemos um ensaio. Foi um absurdo, saímos do ensaio com a banda completa. Foi preciso um ensaio para a gente fechar essa estrutura. Com a banda formada, virou um planejamento real, e tudo começou a entrar nos trilhos.
E como houve o contato com o Thiago Bianchi?
Alan: No processo do boom de curtidas em nossa página do Facebook, a coisa toda foi chegando a mais pessoas envolvidas com heavy metal. E numa segunda-feira de manhã recebemos uma mensagem de uma pessoa ligada ao Thiago Bianchi, falando que ele queria conversar e que gostou muito da gente.
Vocês se surpreenderam?
Alan: Não me surpreendeu ter acontecido isso. Porque sempre tivemos confiança na banda e no nosso nível de qualidade e seriedade. Mas me surpreendeu ter acontecido tudo isso com quatro dias de página de Facebook.
Leonardo Rizzi: A gente imaginava que iria despertar interesse em empresário para shows. Mas receber esse convite apenas quatro dias depois que a gente colocou a página do Face, de um cara que, inclusive, é influência nossa, foi sensacional. Deu um gás muito grande. No mesmo dia a gente conversou e fechou com ele. Mudou totalmente nosso planejamento. Faremos todo o processo com o Thiago, as gravações e lançamentos.
Em um vídeo no Facebook, o Thiago Bianchi diz que o Perfect Element é o tipo de banda que ele estava procurando. O que isso significa para vocês?
Leonardo: Ele até nos disse que consegue notar nossas influências, mas que não consegue identificar na nossa música algo específico de uma outra banda. Disse que estamos criando um estilo próprio dentro do prog metal. A gente tem um quê de progressivo, de metal e de rock ‘n’ roll. Cada integrante segue mais uma vertente, e quando a gente traz isso para dentro da banda, canaliza-se o som. E a gente não compõe nada sozinho. Passa pelo crivo de todo mundo. Se um integrante não gostou de algo numa música, a gente vai refazer tal parte. E acho que isso vai criando a personalidade da banda. Até as melodias de voz a gente faz junto.
Então existe uma meticulosidade no processo de composição, certo?
Alan: Me lembro de uma vez em que eu ia colocar o som do baixo de uma forma, e o Leo me falou assim: ‘não, outra nota’. E aí tentava outra nota e ele: ‘outra nota’. A gente ficou assim uns 40 minutos acertando nota por nota, montando a estrutura para que tudo fosse conduzido para onde a gente queria. Alguém pode virar para um de nós e falar: ‘pô, os caras estão intervindo no seu trabalho’. Mas eu digo que não. Certamente não ficaria tão bom quanto ficou se eu chegasse com algo pronto e não queremos assim. A gente ficou fazendo nota por nota até ficar do caralho. E isso mostra a cara da banda, não a cara do baixista.
Como chegaram ao número de dez músicas para a gravação? Partiu de vocês ou do próprio Thiago? E o que esperar em termos de sonoridade?
Leonardo: Partiu da gente. E o que posso falar das composições é que é um trabalho conceitual. As músicas têm conexão entre si. Todo o trabalho, desde o nome da banda, dos integrantes, das artes, das músicas, das letras, é um conceito só, tudo conectado.
Dá para adiantar qual o conceito?
Alan: Acho que a gente pode esperar um pouquinho (risos);
Leonardo: Mas o que se pode dizer às pessoas é que temos como objetivo despertar emoções. Compomos cada música com um objetivo específico. Não o objetivo de vender, de mercado. Mas sim de despertar uma emoção em alguma pessoa.
Alan: Se não conseguirmos tocar as pessoas, significa que a gente falhou (risos).
Quando teremos então o primeiro disco?
Alan: Não há um prazo ainda. Existe sim uma previsão de que, num intervalo cabível de aproximadamente um ano, ou provavelmente menos, a gente entre em estúdio e grave de forma razoavelmente rápida. Depois vem o processo de mixagem etc. E aí vem uma sequência de lançamentos já planejados. Só que a banda não adormece enquanto isso não acontece, tem todo um planejamento de divulgação. Nossa ideia é que as pessoas estejam com a gente em todo o processo. No meio de ensaios, vamos colocar trechos na internet e ver a reação das pessoas nas redes sociais. Queremos que as pessoas façam parte do processo inteiro.
Leonardo: Como já aconteceu, por exemplo, de a gente postar um riff que não teve uma reação boa por parte das pessoas. E aí vimos que tal riff não tocou as pessoas da maneira como queríamos. Então não iremos utilizá-lo.
Como funcionará a dinâmica das gravações?
Alan: Quando terminamos a produção das dez músicas, entraremos em estúdio. Vamos para o estúdio (Fusão) do Thiago, parar nossas vidas aqui, ir para São Paulo, dormir, comer, ficarmos trancafiados lá, comer a gravação, respirar a gravação.
Assim como a sonoridade da banda, a divulgação das músicas será progressiva?
Alan: Ainda que o mercado não seja o mercado de álbuns, nós somos uma banda de prog e estamos lançando um disco conceitual. Porém, o mercado atual indica para o lançamento de músicas de forma avulsa. Então teríamos que achar o meio-termo. A grande questão é que temos o projeto de soltar algumas coisas em separado, para, em seguida, lançar o álbum completo.
E qual será o nome do disco?
Leonardo: A gente ainda não decidiu, mas temos alguma ideia. Será definido no processo que virá a seguir.
Uma curiosidade. É comum as bandas de prog metal utilizarem teclados. Vocês não têm essa intenção, ao que parece, não é?
Leonardo: Pensamos em teclado e não teremos (risos). Nossa ideia é fazer progressivo sem teclado e ponto final (risos). Se algum dia percebemos que há a necessidade, nós mesmo o faremos.