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PHIL COLLINS & THE PRETENDERS

O amigo leitor pode estranhar a presença de Phil Collins na ROADIE CREW, mas uma rápida pesquisa em edições passadas mostra a cobertura de sua primeira passagem pelo Brasil é mais do que justificável. Na ed. #200 da revista, ele figurou entre os 50 maiores bateristas do rock numa pesquisa realizada entre jornalistas, músicos e profissionais do meio. Acha pouco? E a marcante passagem pelo Genesis? Para o bem ou para mal, e isso depende do quão xiita é o fã, o fato é que ele marcou uma era na banda inglesa de rock progressivo. Para terminar, a música pop dos anos 80… Bom, vamos por partes.

Chrissie Hynde

Coube ao Pretenders, a eterna banda de Chrissie Hynde, a tarefa de aquecer um público – 43 mil pessoas, segundo a organização – que saiu de casa para se divertir carregando a expectativa de ter que voltar para casa de bote, graças à previsão de uma chuva de proporções bíblicas para aquela noite de quinta-feira. E a vocalista e guitarrista conseguiu, em uma hora, entreter pista, arquibancada e camarotes com uma boa dose de baladas e rock’n’roll, incluindo hits. Houve espaço para a faixa-título do mais recente álbum, “Alone” (2016), e covers muito bem escolhidos, “Stop Your Sobbing” (The Kinks) e “Forever Young” (Bob Dylan), embora estes não tenham recebido a correta valorização da plateia. Curiosamente, foi justamente com “Alone”, rock de primeira qualidade, que Chrissie fez o mea-culpa por causa do excesso de baladas que, a bem da verdade, quebravam um pouco da dinâmica da apresentação. Mesmo que algumas delas tenham sido bem agradáveis, como “Hymn to Her”, justamente a que havia sido tocada antes, com uma vela interpretação da vocalista – que, diga-se, poderia fazer algum incauto pensar, numa rápida passada de olho no palco, pensar que era David Coverdale ao lado de James Walbourne (guitarra), Nick Wilkinson (baixo), Carwyn Ellis (teclados) e Martin Chambers (bateria), único integrante da formação original ao lado de Chrissie.

Canções como “Message of Love”, ”Boots of Chinese Plastic” e “Night in My Veins” mostraram qual era o nível da música pop feita nos anos 80, mas foram os hits, todos (quase) muito bem espelhados no repertório, que nos mostraram, mais uma vez, que éramos felizes e não sabíamos. “Back on the Chain Gang”, “I’ll Stand By You” e “Don’t Get Me Wrong” fizeram com que muita gente mexesse os pés e soltasse a voz num público predominantemente de pessoas acima dos 40 anos. E teve “Middle of the Road”, claro. Provocou êxtase e poderia ter sido o ápice da apresentação não fosse a escolha de “Brass in Pocket” para fechar o set. Apesar do anticlímax, um show que valeu para matar a saudade de uma banda que não colocava os pés no Brasil há 30 anos, desde o finado Hollywood Rock. E que deu aquela vontade de ver o Pretenders num local menor.

E havia chegado a hora de Phil Collins. Em sua turnê Not Dead Yet – mesmo nome da autobiografia, lançada em 2016 –, ele voltava ao Brasil depois de uma única passagem por aqui, em 1977, com o Genesis. E foi impossível evitar o ar de melancolia ao vê-lo debilitado fisicamente, ao vê-lo entrar no palco caminhando com dificuldade e com a ajuda de uma bengala. Sem tocar bateria desde 2009, em virtude de um problema numa vértebra do pescoço, ele hoje sofre com a perda de sensibilidade na mão esquerda e de movimentos em um dos pés. No entanto, tal sentimento acabou com as primeiras notas de “Against All Odds (Take a Look at Me Now)”, e nem seria preciso apelar na sequência, com “Another Day in Paradise”.

Sentado durante todo o show, Collins mostrou não apenas ainda estar com a garganta em dia, mas que é um compositor de primeira linha. Perdoemos aqueles que o criticavam pela alta dosagem de açúcar em suas músicas, porque “I Missed Again”, do ótimo “Face Value” (1981), o álbum de estreia na carreira solo, e “Hang in Long Enough”, de “…But Seriously” (1989), ressaltaram a pobreza da música pop feita hoje em dia. Ao vivo, os arranjos de metais – cortesia de George Shelby (saxofone), Luis Bonilla (trombone) e Harry Kim e Dan Fornero (trompete) – ficaram ainda melhores.

O vocalista, diga-se, montou um time de primeira linha para acompanhá-lo no palco. A começar pelos veteranos Leland Sklar (baixo) e Daryl Stuermer (guitarra), este companheiro do vocalista também no Genesis; incluindo Ronnie Caryl (guitarra), Brad Cole (teclados) e Luis Conte (percussão); e terminando num fabuloso quarteto de backing vocals – formado por Amy Keys, Bridgette Bryant, Arnold McCuller e Lamont van Hook – e no batera Nicholas Collins, de 16 anos e cujo sobrenome não nega: filho de Collins.

O groove de “Wake Up Call”, de “Testify” (2002) abriu caminho para as duas primeiras do Genesis na noite: “Throwing it All Away”, de “Invisible Touch” (1986), e “Follow You, Follow Me”, de “…And Then There Were Three…” (1978). Àquela altura pouco importava a controvérsia sobre a participação de Collins na transformação sonora de um dois principais nomes do rock progressivo, porque foi emocionante assistir às imagens no telão, passando visualmente a limpo a história do Genesis com Collins, Steve Hackett, Peter Gabriel, Tony Banks e Mike Rutherford.

A animação de “Only You Know and I Know”, de “No Jacket Required” (1985), foi um contraste a “Separate Lives”, cover de Stephen Bishop que Collins gravou para a trilha sonora de “O Sol da Meia-Noite” (1985). Poderia ter dado lugar a “One More Night”, por exemplo, mas o dueto com Bridgette Bryant acabou justificando a inclusão no repertório. De qualquer maneira, foi uma covardia o que aconteceu daí para frente. Mais uma de “…But Seriously”, “Something Happened on the Way to Heaven” colocou todo mundo para dançar. Que refrão! Que groove! Que arranjo de metais!

O sorriso ficou definitivamente estampado no rosto dos fãs com a obra-prima “In the Air Tonight”, que ao vivo mostrou o que muitos esquecem: é rock progressivo até o talo, e a felicidade por ouvi-la ao vivo teria sido acompanhada por lágrimas se atrás da bateria estivesse o próprio Collins, um dos maiores nomes do instrumento. Mas foi, no entanto, uma experiência única ver o seu filho tocá-la perfeitamente, e o garoto tem todos os trejeitos do pai.

Nic Collins

“You Can’t Hurry Love”, cover do The Supremes gravada em “Hello, I Must Be Going! (1982)”, e “Dance Into the Light”, do álbum homônimo lançado em 1996, mantiveram o alto astral do show e preparam para um encerramento apoteótico. “Invisible Touch”, do Genesis, e “Easy Lover”, parceria de Collins com Philip Bailey, vocalista do Earth, Wind & Fire, ficaram espetaculares. E como se fosse possível melhorar a versão gravada em “Chinese Wall”, terceiro disco solo de Bailey, “Easy Lover” entrou facilmente no rol de momentos inesquecíveis. Por um momento, em meio à catarse, parecia que Collins queria levantar da cadeira para acompanhar o quarteto de vozes, que foi para frente do palco. Dividindo os vocais com Amy Keys e Arnold McCuller, Collins era a imagem da felicidade. Um espelho do que vinha da plateia.

Em uma versão obviamente não pasteurizada se comparada à de estúdio, “Sussudio”, de “No Jacket Required”, encerrou o set regular com direito a chuva de confete e serpentina para enfeitar a pista de dança na qual o Maracanã havia se transformado. Do mesmo álbum, “Take Me Home” foi o tradicional encerramento. Com seu refrão cantado por quem estava feliz da vida, foi o bis que marcou a saída de Phil Collins marcada por efusivos aplausos. E foi o encerramento que ratificou uma coisa: felizes são aqueles que têm como referência o pop e o rock feitos nos anos 80. Afinal, hoje em dia a falta de qualidade da música e a ausência de talento dos artistas precisam ser camuflados por polêmicas. Tipo orientação sexual ou se a bunda tem ou não celulite.

Set list Phil Collins

  1. Against All Odds (Take a Look at Me Now)
    2. Another Day in Paradise
    3. I Missed Again
    4. Hang in Long Enough
    5. Wake Up Call
    6. Throwing it All Away
    7. Follow You, Follow Me
    8. Only You Know and I Know
    9. Separate Lives
    10. Something Happened on the Way to Heaven
    11. In the Air Tonight
    12. You Can’t Hurry Love
    13. Dance Into the Light
    14. Invisible Touch
    15. Easy Lover
    16. Sussudio
    Bis
    17. Take Me Home

Set list The Pretenders

  • Don’t Cut Your Hair
    2. Talk of the Town
    3. Back on the Chain Gang
    4. Message of Love
    5. Boots of Chinese Plastic
    6. Private Life
    7. Hymn to Her
    8. Alone
    9. Stop Your Sobbing
    10. I’ll Stand By You
    11. Forever Young
    12. Don’t Get Me Wrong
    13. Night in My Veins
    14. Middle of the Road
    15. Brass in Pocket

 

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