Quando ouvi o single Hate, em 2021, fiquei impressionado com o peso que as quatro integrantes do grupo norte-americano Plush criaram. Riffs puramente heavy metal, uma sonoridade do hard rock moderno e muita atitude de “gente grande”. Nada de dancinhas apelativas ou uso de sensualidade para chamar atenção. Em maio do ano seguinte, resenhei o autointitulado álbum de estreia e todas as expectativas se confirmaram: ainda mais peso somado com algumas canções acessíveis (mas de qualidade), carisma e qualidade total. Não tive dúvidas ao dar uma nota 9!
O próximo trabalho foi o single Left Behind, que só saiu em 2023. A demora foi por “culpa” das extensas turnês com Alice In Chains, Evanescense, Jinjer, Parkway Drive e Sevendust, entre outros grandes nomes. Inclua aí festivais como KISS Kruise, Rocklahoma, Louder Than Life e Welcome To Rockville e a participação de Moriah Formica (vocalista, guitarrista, líder e compositora) em turnês da Trans-Siberian Orchestra. Some isso tudo com uma grande série de shows como headliner e repercussão na mídia mainstream – como a respeitada agência de notícias Associated Press. Agora, pode acreditar, não há limites para o quarteto de Nova York que acaba de lançar Live USA´24.
E o que se ouve no primeiro álbum ao vivo do Plush é um repertório de respeito. A começar pela faixa de abertura, Athena, uma canção que mostra que Moriah, Bella Perron (guitarra), Ashley Suppa (baixo) e Faith Powell (bateria) poderiam facilmente ser consideradas um grupo heavy metal. Champion, com um refrão que facilmente faz o público cantar junto, mostra a versatilidade da vocalista, que aos 16 anos de idade chamou atenção no programa The Voice na TV americana.
Run, do EP de 2024 Find The Beautiful (cuja resenha você pode ler aqui), tinha tudo para ser, digamos, mais abrangente para o público “não rock”. Mas, ao vivo, é hard rock cativante, que não sai tão cedo da memória de quem escuta. A vibe positiva continua com Kill The Noise e a ótima Sober, enquanto Walk Away e Find The Beautiful servem como um agradável intervalo para tanta adrenalina.
Em seguida surge o brilhantismo de Better Off Alone, um pouco antes do som ferver ainda mais com uma das melhores versões que já ouvi para Barracuda, clássico eterno do Heart. Tenho certeza de que Ann Wilson deve se orgulhar de Moriah que, do mesmo modo que a veterana artista, também é uma cantora muito acima da média.
Os riffs ásperos de Moriah e Bella são o destaque em I Don´t Care, que puxa a instrumental Tidal Wave, cuja “estreia oficial” aconteceu na tour. Will Not Win e Hope It Hurts são a antessala para o encerramento do show com a impactante Left Behind (outra com um refrão matador!) e a espetacular Hate, que desde a primeira audição, me fez pensar como uma história ruim de amor pode se transformar em música de alta voltagem.
Live USA´24 encerra o primeiro ato da história desta banda. E o melhor de tudo é que, com ele, fica a sensação de que teremos vários e ótimos novos capítulos pela frente. Ah, na próxima vez que alguém te disser que “o rock morreu” ou que “mulher não sabe tocar rock and roll”, faça essa pobre criatura ouvir Plush.
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