Se os organizadores de Joinville estão dizendo que não existe local para fazer shows para os headbangers, os produtores do Vale do Itajaí estão utilizando as armas que têm. Uma prova disso é o evento “Brothers Of Metal”, realizado em Timbó, que fica a 30 km de Blumenau (famosa por causa da Oktober Fest). O município timboense faz parte do circuito do Vale Europeu, destinado às corridas de bicicletas. O evento foi realizado na Sociedade Recreativa de Timbó, um lugar amplo, bem cuidado e com uma acústica boa, perfeito para realizar um show de grande porte. Um detalhe interessante: havia duas baterias no palco e enquanto uma era usada, a outra estava coberta por uma espécie de telão preto e sendo ajustada para a próxima banda. Ponto para organização, que pensou nos fãs e nas bandas, poupando o tempo que estaria sendo desperdiçado se houvesse apenas um instrumento.
O Shadow Of Sadness, de Itapema, abriu a festa. Havia um pequeno público durante a apresentação, pois o pessoal ainda estava chegando ao local. Tocando um bom Death Metal, fez a galera presente entrar no clima. Da fusão de Marlon Silva (vocais), Deny Bonfante (guitarra, Perpetual Dreams), Juliano Scharf (teclado, Before Eden), Anderson Agostinho (baixo, Steel Warrior) e Júlio Kühlewein (bateria, Before Eden) surgiu o Blackhawk Fury de Blumenau. O grupo o agitou o pessoal com clássicos do Rock e do Metal.
Em seguida a também blumenauense Pain Of Soul fez o público se aproximar em massa para acompanhar o Doom Metal do quinteto. O grupo é formado por Dani Martendal (vocal), Joel Sebold (guitarra e vocal), Peter (guitarra), Felipe (baixo) e Luiz (bateria) e superou a expectativa dos fãs, inclusive, de pessoas da serra catarinense que compareceram para prestigiar o trabalho dos blumenauenses.
A banda local Infektus fez seu segundo show após a sua reestreia. Houve uma queda de público, pois alguns não conheciam-na, já outros estavam ansiosos para ouvi-la (a banda ficou seis anos inativa). Formado pelo vocalista e baixista Boris Girardi, pelo baterista Culver Yu (Steel Warrior) e pelos guitarristas Nélson Floriani e Charles Silva, o quarteto abriu com Trust Yourself. E aí começou o agito. O pequeno público frente ao palco iniciou um tímido ‘circle pit’ – aliás, a banda foi responsável pelos ‘circles’ do começo ao fim da apresentação. Burn The Church foi a segunda música a rolar, em seguida de Fascination For Flesh. E é irrefutável comentar a presença de palco dos guitarristas, principalmente Nélson, já que ambos exalam uma imensa energia, chegando a contaminar os espectadores presentes. Boris mostra agressividade e técnica nos vocais, enquanto Culver Yu dispensa comentários. A quarta foi Kill Our Enemies” e na sequência vieram Religious Conflicts, My Country A Needs A War. As músicas Book Of Fiction, Arise e Fake Virtual Life fecharam a apresentação dos timboenses. O Infektus provou que voltou à cena para ficar e para fazer história no cenário do metal underground.
Em seguida, o Steel Warrior, oriundo de Itajaí, subiu aos palcos. A banda, que há 17 anos faz história no Metal, era uma das mais aguardadas da noite. Formada por André Fabian (vocal e guitarra), Anderson Agostinho (baixo) e pelos irmãos Boon Yu (guitarra) e Culver Yu (bateria), abriu The Witch And The Cross. Em seguida, soltaram a clássica Revenge, do álbum Visions From The Mistland. A terceira foi The First Warrior, seguida pelo cover (e clássico) Don’t Talk To Strangers. Spell Of Witches World foi a quinta a soar nos ouvidos dos bangers. A vida de muito headbanger poderia ser descrita pela música Metal Rebel, enquanto The Loneliness Of The Long Distance Runner foi mais um cover. Vodu veio em seguida e contagiou ainda mais os fãs. Antes de anunciar a música seguinte, uma surpresa: Marcão, baterista da Rhestus, foi anunciado para fazer uma participação especial na música Power Metal. Simpatia, simplicidade, técnica e presença de palco são marcas registradas dos integrantes do Steel Warrior e por isso mesmo a banda saiu do palco com pedidos de “mais um” e ovacionada por todos.
A podridão rolou solta com a joinvilense Flesh Grinder, que já é consagradíssima no cenário mundial do Splatter. DRH Khil na bateria, FAMG Necromaniak no vocal e guitarra e RAM The Butcher no vocal e baixo foram responsáveis por diversas “autopsias” no evento. Godgut abriu os tímpanos do pessoal, enquanto que em S.P.L.A.T.T.E.R. e 700 Autopsies o sangue dos bangers já estava sendo derramado no evento. Crematorium, Ophtalmologic, Ureoplasma, Graveyard Meat, Sapiens Burger, Embolia, Aroma, Special Pus, Granulomatous, Acute, Forged In Dead Remains, Trash Nausea Total e Necrophagia compuseram o set list do lunático trio. Ao todo foram 17 músicas que atacaram (no bom sentido) o público. A banda mostrou porque é lendária no Splatter. A bela apresentação dispensa comentários, inclusive, teve fã fantasiado, com direito a máscara e avental sujo de “sangue”, prestigiando a banda.
Passava das 3h e o público caiu em virtude do horário. A última atração da noite foi a banda Terror, de Blumenau, com seu furioso Thrash Metal cantado em português. Assim como o Infektus, o grupo está retornando aos palcos após uma parada. Destaque para o vocalista Cícero König Finger (Fuzilador e Juggernaut), que não para um segundo e manda muito bem. Alguns nem perceberam quando a banda errou, mas Cícero pediu desculpas pelos erros do grupo no palco. Os fãs desprezaram os desacertos e seguiram firmes, acompanhando show e apoiando os músicos. O set list foi composto por: Jason Saga, Promotors do Caos, Profetas da Realidade, People Of The Lie (cover de Kreator), Ataque Terrorista, Capa Preta, Domination, Mandatory Suicide (cover de Slayer) e a clássica Estupro no Mato (a mais pedida pelo público).
Quem estava no evento, saiu sonhando com o próximo. Todos viram o potencial que a região tem e os organizadores ficaram orgulhosos com o apoio dos bangers. Mais uma vez, a região provou que poderá ser uma das mais fortes (se não a mais) no cenário catarinense do Metal, e isso graças a um conjunto composto por bandas, organizadores e público.