REVIOLENCE

O que aconteceu durante todos estes anos de estrada para a banda Reviolence já seria motivo para entregar os pontos e desistir. Mas isto nem passa pela cabeça do baterista Edson Graseffi, músico que está na cena desde meados da década de 80 e, mesmo com todas os problemas de mudanças de formação, nem pensa em jogar a toalha. O som do grupo, que pratica um Thrash/Heavy Metal, fala por si e consegue fazer com que supere as adversidades. A boa receptividade do álbum de estreia, “Modern Beast” e do single “King Of The Night” é a prova, já que o Reviolence conseguiu um fã de peso: Gerre, vocalista do Tankard. Na entrevista a seguir, o baterista fala dos planos atuais, dos problemas do line-up e de seu recém-inaugurado site pessoal.

Como se recompor tantas vezes após as diversas alterações na formação, justamente quando vocês lançam algo novo? Você sente frustração por não conseguir efetivamente montar um time fixo e estável desde o início do Reviolence?
Edson Graseffi: 
Batalha, antes de mais nada, obrigado pelo espaço que você está abrindo para falar do Reviolence e de minha carreira de baterista. Olha, não posso negar que vivemos situações complicadas aqui nestes últimos anos. Realmente tivemos que recomeçar a cada lançamento e se isso nos prejudicou em muita coisa, também nos fortaleceu como músicos e como donos de uma missão de levar o Reviolence como banda e fazê-la crescer no cenário. Eu e o guitarrista Guilherme Spilack sempre fomos o apoio um do outro para que a banda permanecesse viva em meio a todas as tempestades que vivemos. Existe inclusive um momento ‘clássico’ da banda, onde eu e ele nos olhamos dentro do estúdio de ensaio e dissemos: ‘Somos só nós dois de novo.’ Devido a isso, mesmo com toda essa loucura de troca de membros, por estarmos nós dois unidos em prol de manter o Reviolence vivo, conseguimos uma assinatura da sonoridade da banda. Mesmo com gente indo e vindo, mantivemos a sonoridade intacta em todos os lançamentos. A prova disso é um ‘bootleg’ que rola pela internet, onde a pessoa que o montou, colocou sons da banda ao vivo em vários momentos, com diferentes vocalistas e, mesmo assim, quando você ouve, existe uma grande unidade ali entre as músicas. Quanto à frustração de não ter conseguido uma formação sólida desde o início, eu acho que não tivemos sorte em vários momentos mas, por outro lado, conseguimos manter a banda viva até aqui. Então, passa a ser uma forma diferente de ver a coisa, não mais a banda que não consegue manter a formação, o que naturalmente geraria frustração, mas vejo como dois caras que acreditaram, batalharam duro e mantiveram um sonho vivo e o transformaram em algo real  e vivo. E isso tem um grande valor!

O single “King Of The Night” (2010) trouxe como grata surpresa uma versão de “Allied Forces” do Triumph. Para o novo trabalho existe a ideia de repetir algo nessa linha?
Edson: 
Gravar ‘Allied Forces’ foi realizar um sonho, aquele moleque que assistia o clipe dessa música no Som Pop nos anos 80, um dia estava dentro do estúdio gravando-a. Ela é fantástica e é a imagem de uma época! Quando resolvemos gravar esse single, eu lembrei dos velhos compactos de vinil  que você  tinha de um lado o som da banda e no lado B, muitas vezes uma versão de outro artista. Foi que pensei.. Temos que ter um cover aí e ‘Allied Forces’ acabou entrando no single.

Quais os planos para a gravação do segundo álbum?
Edson: 
Eu começo a gravar as baterias amanhã (23/03). Este disco será feito em 3 ou 4 estúdios diferentes, onde vamos usar o que tem de melhor em termos de salas e equipamentos de gravação. Descobrimos que era possível fazer isso sem deixar o álbum custando uma fortuna. Teremos a surpresa, também, de um nome muito conhecido envolvido na produção, mas isso só vai ser divulgado daqui a algumas semanas por nossa assessoria de imprensa. O CD trará 11 ou 12 faixas, não sabemos ainda, e já temos um título e arte da capa prontos que também serão divulgados em breve.  Vale a pena dar um toque que estaremos soltando um ‘studio report’ sobre o processo de gravação, sempre no dia seguinte de uma sessão de estúdio. Aguardem, estamos preparando o álbum mais pesado que já fizemos!

E como sentiu a receptividade ao álbum de estreia, “Modern Beast”? Que história foi aquela de Gerre, vocalista do Tankard, se dizer um fã do Reviolence?
Edson:
 ‘Modern Beast’ teve uma receptividade fantástica, obtivemos notas altas em resenhas no mundo todo e este disco também nos colocou entre as 10 bandas revelação dos leitores da ROADIE CREW. Acredito que a coisa só não andou mais devido a todos os problemas de formação que se seguiram ao lançamento do álbum. Já a história do Gerre é uma coisa muito louca. Um dia eu abri a caixa de email da banda e lá estava o dele, me dizendo que precisava ter o ‘Modern Beast’ e queria comprá-lo. Eu respondi dizendo que não iria vender e sim trocar com algum disco do Tankard, que eu sou fã. E não é que uma semana depois eu recebo o último álbum do Tankard autografado por toda a banda, acompanhado de uma carta do Gerre! Foi muito legal ter um nome do Thrash alemão fã do Reviolence. Depois disso venho mantendo contato com ele, que inclusive já me ajudou com alguns contatos no exterior. Ele é um ótimo sujeito!

Recentemente, você colocou no ar o seu site pessoal, que traz os passos de toda a sua trajetória na música. Conte como surgiu a ideia, foi quando você teve se ausentar da música por uma contusão no joelho?
Edson:
 Essa era uma ideia que eu vinha cultivando há mais ou menos um ano. Cara, eu olhava para todo aquele material guardado em pastas, CDs, DVDs, fitas K7 e pensava que um dia eu teria que mostrar isso de forma organizada. Só me dei conta de quanta coisa eu tinha feito realmente depois que juntei todo esse material para enviar para o Rodrigo (Metal Media), que foi quem fez meu site. Se você parar para pensar, são poucos os bateristas no cenário brasileiro que já gravaram e lançaram tantos CDs e demos de música pesada como fiz nestes 25 anos. Então, eu tinha que mostrar isso para as pessoas. O próximo passo que vou dar agora é disponibilizar toda a discografia gravada por mim para download gratuito, material de todas as bandas que já toquei. Penso também em breve de gravar uma vídeoaula, com foco na técnica de dois bumbos e nas músicas do Reviolence, mas isso é um projeto para o futuro. Quanto a contusão que tive no joelho, isso já faz alguns anos. Como todo baterista autodidata, quando moleque nunca me preocupei em aquecer e me preparar antes de tocar, você sabe disso, pois há 20 anos não existia essa história de ‘condicionamento físico’. Então, duas décadas depois, eu paguei o preço pelo desleixo. Quase tive que parar de tocar, mas tive a ajuda de um bom médico e a sorte de conhecer dois professores de academia que compraram a causa do meu joelho e me ajudaram a sarar completamente. Hoje graças ao treino diário e a esses profissionais, continuo tocando.

Uma curiosidade: você é muito fã de Heavy Metal Tradicional, especialmente dos anos 70 e 80, mas não toca esta linha de som. Algum motivo em particular?
Edson: 
Aconteceu, Batalha! Falando sério, eu também sou grande fã de Thrash Metal e Metal mais agressivo, então foi natural que com o passar dos anos eu fosse me envolvendo com esses estilos mais agressivos. Acredito que quem me levou a isso foi o estudo da técnica de 2 bumbos foi um cara chamado Dan Beehler.

Por falar em Exciter, como se deu a chance de criar um programa voltado para raridades, lados B de bandas de Metal na Rádio Shock Box?
Edson: 
É uma longa história. Tudo começou lá atrás, há 20 anos, quando eu via aqueles álbuns de figurinhas (Rock Stamp), com aquelas capas de disco fantásticas. Eu vi com os olhos e lambi com a testa cada página daquilo, porque a maioria daqueles discos não chegavam as nossas mãos, nem em sonho. Nós morávamos no interior e o que chegava era através de um amigo ou outro que vinha para São Paulo e comprava fitas copiadas. Depois veio o Livro Negro do Rock do Leopoldo Rei, trazendo tanta novidade juntamente com o fanzine Metal Godz (Jaji). Aquilo tudo ficou na minha mente! Muitos anos depois, já com muitos discos comprados, tivemos a dádiva do download e, de repente, eu me vi colecionando e até mesmo conhecendo muitas bandas que eu havia visto no passado. Assim, entre discos comprados e muita coisa em mp3 eu tenho uma coleção gigante de material daquela época. Certo tempo atrás comecei então a escrever um blog com resenhas sobre esse material antigo. Nessa época o Julio Marcondes (proprietário da Rádio Shock Box), que me tornei amigo, me disse que eu deveria transformar aquele projeto do blog em um programa. Relutei um tempo devido a meu tempo escasso, mas acabei aceitando fazer e assim surgiu a ideia do programa. E parece que as pessoas estão curtindo e eu estou curtindo ainda mais em fazer. Eu procuro fazer os programas no moldes dos antigos Sessão Rockambole e Comando Metal, como uma homenagem e para soar bem anos 80.

Já que menicionou anos 80, o que aquele show que reuniu Exciter e Venom em 1986 tem de especial na sua vida?
Edson: 
Pô, cara, eu toco bateria por causa desse show. Bem, eu vou contar aqui algo que nunca contei em nenhuma entrevista. Minha primeira banda, Hefestos, como a maioria daquela época, nasceu do sonho de moleques de escola que eram amigos e aterrorizavam as velhas professoras beatas com seus cabelões. (risos) Inicialmente, eu era o vocalista, meu irmão baixista e um velho amigo chamado Gugu, que tinha 14 anos, seria o batera. Com o anúncio do show do Venom e Exciter, o Gugu ficou doido, disse que iria ver o show nem que tivesse que fugir de casa. E foi isso que ele fez! Mas para fazer isso, precisava de dinheiro. Assim, acabei comprando a bateria dele e ele usou a grana para sua aventura metálica. Ele foi para o show e conta essa historia até hoje. E eu fiquei com a missão de tocar na banda. Enfim, eu tinha uma bateria e o fanatismo por um cara chamado Dan Beehler, que sempre foi meu herói em termos de bateristas. Eu ficava como um demente tentando tocar aquelas músicas do Exciter e cantar ao mesmo tempo, até que vi que aquilo era uma missão impossível e resolvi apenas tocar. Felizmente, com o passar do tempo, através de algumas pessoas mantive contato com Dan Beehler, e na sua última vinda para o Brasil tive oportunidade de conhecê-lo. Um grande cara!

Quais as lembranças você guarda das bandas Hefestos e Punch?
Edson: 
É com muita alegria que pela primeira vez respondo algo sobre o Hefestos e o Punch em uma entrevista, realmente fantástico isso. Bom, vamos ao Hefestos: como disse antes, foi algo que começou bem de garagem coisa de moleque, e com o passar dos anos começamos a tornar algo sério. Foi talvez a banda mais importante para mim na trajetória como músico, porque foi ali que aprendi a trabalhar em banda, compor. Isso foi primordial na minha formação como baterista. Na época em que o Hefestos realmente virou banda, eu consegui trocar minha velha bateria por um kit da Ludwig que, por ser de acrílico, não era valorizado por ninguém, pois naquela época a grande moda era ter as Pearl fiber wood, que todo mundo queria e eu não tinha grana para comprar. Me sobrou então a velha Ludwig, que a minha pouca grana permitia e que o destino bondosamente  me deu, pois aquilo era a bateria mais Rock’n’Roll que eu poderia ter quando menino. Ela era na verdade uma Vistalite, 1976, igual à do John Bonham, só que com o bumbo de 24”. Ela me acompanhou por alguns anos. Falando sobre o Hefestos, foi uma banda bem ativa no interior paulistano, fizemos vários shows na região da Cantareira e cidades vizinhas, mas infelizmente nunca pudemos ir para São Paulo tocar. Mesmo assim, mantínhamos contato com bandas de todo país através de cartas, que tenho guardadas até hoje – aqueles famosos envelopes que você abria e caíam 5kg de flyers. (risos) O som era Heavy Tradicional e tinha muita influência de Iron Maiden e Manowar. O Punch nasceu algum tempo depois com o fim do Hefestos. Éramos um trio; eu, meu irmão Paulo Graseffi e meu amigo Marcello Ivanov, que havia sido guitarrista do Exon. O som do Punch já era mais voltado para o Thrash Metal, estávamos olhando para o que estava rolando no momento lá fora. Com essa banda, rodamos bastante fazendo shows em São Paulo e interior, mas infelizmente só gravamos uma Demo, da qual tenho apenas uma música. O curioso é que essa demo foi gravada pelo técnico/amigo Polaco Brandão, que hoje trabalha com o Capital Inicial. Chegamos a tocar com o Velhas Virgens bem no seu início e com a banda SpitFire, do ex-guitarrista do Vodu, no Aeroanta. Eu tenho o bootleg desse show e um dia vou soltá-lo na net – é podre, mal gravado, mas vale pela história. Nessa época, meu irmão já usava os baixos que ele mesmo fazia, que eram cópias do Fender do Steve Harris, dos quais ele tem um ate hoje.

Para finalizar, faltou falar sobre Panzer, que teve uma carreira mais profissional. Por que a banda encerrou as atividades?
Edson:
 Bem, o Panzer tem uma história bem longa, de 14 anos, para ser contada aqui. A banda iniciou sua trajetória em 1991 como um trio e foram dois discos de estúdio, varias coletâneas e Demos. Tivemos muito apoio do público e da mídia especializada do mundo todo por anos. Tocamos muito, em muitos lugares do Brasil e a banda teve seu momento máximo de crescimento entre 2002/2003, com shows lotados em vários locais do país. Infelizmente acabou por motivos muito explicados e pouco resolvidos até hoje.

Sites relacionados:
www.edsongraseffi.com.br
www.reviolencemetal.com

Confira abaixo o videoclipe de “King Of The Night”, com a formação da banda em 2010, promovendo o single homônimo.

 

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