Como você deve estar acompanhando, os ânimos se exaltaram no Shaman na última semana. O resultado disso foi o inesperado anúncio do fim das atividades da banda. Aconteceu após o baterista Ricardo Confessori ter feito uma postagem sobre política em seu Instagram, cutucando pessoas de ideologia de esquerda. Na visão dos irmãos Hugo e Luis Mariutti, e também do vocalista Alírio Netto, que posteriormente a postagem se posicionaram e decidiram seguir caminhos opostos ao baterista, a questão em si não foi tanto por política, mas a atitude de Confessori ao responder com preconceito, segundo eles, alguns dos comentários divergentes no referido post. Instantes após as discussões de Confessori com pessoas que responderam ao seu post, o baixista Luis Mariutti informou sua saída do Shaman, enquanto que seu irmão, o guitarrista Hugo Mariutti, também usou as redes para anunciar o término da banda (leia aqui); Na manhã seguinte, através de sua assessoria, o grupo, que em 2022 lançou o álbum Rescue, oficializou seu fim (leia aqui). Por sua vez, o vocalista Alirio Netto, que fez sua estreia no mencionado álbum assumindo o posto que um dia foi do saudoso Andre Matos, também deu sua visão a respeito do ocorrido, ressaltando que não há mais clima para a banda continuar (leia aqui). Faltava o próprio Ricardo Confessori se pronunciar a respeito de toda essa atmosfera negativa que circunda a banda e que, no fim das contas, tem corroborado ainda mais para as pessoas tomarem partido das partes dissolvidas, ofenderem ou questionarem os envolvidos e se digladiarem nos comentários.
Na noite do ocorrido, Confessori até havia postado um vídeo em seu Instagram, onde alegava que mediante à tudo o que aconteceu iria tomar uma atitude sobre o que faria dali por diante quanto aos seus posts e comentários que faz em suas redes, no entanto, o vídeo foi encerrado repentinamente antes de ele comentar quais seriam essas atitudes – posteriormente, foi o vídeo foi deletado.
Na última sexta-feira (13), porém, Confessori abriu uma Live em seu canal no YouTube e finalmente se pronunciou. E quem achou que ele fosse esmorecer perante as retaliações virtuais que recebeu nos comentários feitos por quem ficou do lado de seus ex-companheiros de banda, se surpreendeu. Após uma tentativa de tocar o Hino Nacional Brasileiro na guitarra, Confessori justificou sua atitude alegando ser um “roqueiro raiz”, que começou a gostar de caras de bandas que “só de olhar você percebia que eram caras alfas, que não estavam nem aí para nada e nem para ninguém”, que “enfiavam o pé no sexo, drogas e rock and roll”. Confessori disse ainda que esses eram caras que “a gente chamaria hoje de os verdadeiros ‘Redpills’ – fazendo referência ao filme Matrix. Ressaltou ainda que eram músicos que “não estavam nem aí para nada e o que interessava para eles era encher a cara, tocar, groupies…”.
Ao falar do momento atual do fã/músico de rock quando o assunto é política, Confessori alfinetou: “Hoje o cara tem que pedir para a esposa dele para ensaiar. Porque ela acha que ele está passando muito tempo com a galera no ensaio. Praticamente o cara tem que pedir um alvará de turnê”. Confessori comentou que suas opiniões não se restringem exclusivamente aos, agora, ex-integrantes do Shaman. “Estou me referindo aos roqueiros modernos, eles são o tal do ‘Bluepill’: o cara que faz tudo certinho, tudo que a mulher dele quer – primeiro vem o casamento, o amor da vida dele, depois vem a banda, depois vem o rock… O rock nunca foi isso, o rock veio de caras brutos, às vezes até com um parafuso solto na cabeça”.
Após se reafirmar como patriota, Confessori deu sua opinião sobre que tipo de músico o fã tupiniquim espera ver em um palco. “O público brasileiro quer ver o roqueiro de verdade – pelo menos os roqueiros que entendo, se é que entendo alguma coisa -, de rock.
Quanto ao futuro, o baterista afirmou que está reativando a banda Confessori, com Fábio Carito (baixo) e Affonso Jr. (guitarra), e avisou: “Chega de músicos ‘Bluepill’, caras que têm medinho de falar qualquer coisa, tudo sai correndo, mete o rabo no meio das pernas por qualquer coisa. A gente é Rock, caralho, entendeu?”. Antes de finalizar a transmissão, Confessori disse também: “Se você é um homem, um alfa, um homem de verdade, (tem que) subir naquela porra de palco e fazer o melhor, e não ter compromisso com nada, com religião, isso ou aquilo… (…), aqui não tem isso não, aqui é rock and roll na veia. Ele também esclareceu sua visão sobre os adjetivos ‘Bluepill’ e ‘Redpill’ que mencionou: “O rock está na UTI. Somente aqui no Brasil com esse bando de ‘Bluepill’. Se você viu o Matrix, você viu o ‘Redpill’, a pílula vermelha, (que é) se você quiser ouvir as realidades que irão te desagradar; se você for ‘Bluepill’, será aquele cara que vai acreditar no que te disserem, sem questionar. O rock nunca foi de aceitar o que te falam, e quem vir falar merda pra mim, que quer me ensinar a como ser um roqueiro, como devo me comportar… Eu não sou nada disso, nunca fui, quem me conhece e me segue sabe como sou. Respeito todas as pessoas e meus fãs”.
Confira o vídeo com a declaração completa de Ricardo Confessori: