Após uma turnê europeia ao lado de Gamma Ray e Helloween, o Shadowside retorna ao Brasil para mais algumas datas, com destaque para o show de São Paulo que acontece no dia 26 de maio na Via Marquês, com abertura da banda Suprema. Confira nas palavras da vocalista Dani Nolden como foi a turnê europeia e muito mais.
Como partiu o convite para o Shadowside fazer parte da turnê com Gamma Ray e Helloween?
Dani Nolden: Mantemos contato com o pessoal do Helloween desde 2006, quando abrimos os shows deles aqui no Brasil. Eu também já conhecia alguns deles, portanto, já os importunava há um bom tempo para que uma turnê com eles pela Europa acontecesse (risos). O manager deles é quem dá a palavra final e, desde 2006, a resposta dele sempre era ‘nós entraremos em contato se tivermos interesse’ e eu achei que a resposta mais uma vez seria essa. Porém, entrei em contato novamente mesmo assim e fui surpreendida alguns meses com um convite para o Shadowside acompanhá-los por toda a turnê europeia. Acredito que ele agora ele considerou que estávamos prontos e não representávamos mais um risco, pois é sempre complicado levar uma banda completamente desconhecida em uma turnê longa assim. O número de problemas que um grupo de abertura pode causar é enorme, seja com atrasos, equipamentos ou simplesmente com mau comportamento… Ficamos muito felizes por eles terem nos dado esse voto de confiança, foi uma honra representar o Brasil em uma turnê histórica como essa!
Sendo você fã de Helloween, foi um sonho realizado passar algum tempo com eles na estrada e com sua banda abrindo os shows?
Dani Nolden: O Helloween fez parte da minha formação musical, apesar de não escutar mais com tanta frequência, mas foi algo especial, é claro. Não por passar tempo com eles, porque isso na verdade é algo que eu e os meninos da banda não ligamos muito, eles são apenas pessoas como nós, respeitamos bastante a privacidade deles e na maior parte do nosso tempo livre, ficávamos conversando com as nossas famílias e parceiros no Brasil. De vez em quando conversávamos, pois o local de alimentação era o mesmo para todas as bandas, então todos os músicos tinham uma convivência bem amigável, nos demos muito bem, mas por sempre tocarmos em festivais, termos compartilhado o palco com outras grandes bandas, em especial o Iron Maiden, e por vivermos da música, acabamos perdendo esse sentimento de ver os músicos das bandas que admiramos como pessoas diferentes. Para mim, eles são iguais aos músicos das bandas que abrem pra nós, tenho o mesmo respeito pelos dois, a única diferença entre eles é o número de fãs que eles têm (risos). Porém, abrir os shows em toda a turnê europeia foi um sonho realizado, porque quando eu tinha 15, 16 anos e estava planejando minha primeira banda, escutava Helloween praticamente todos os dias, e hoje, depois de anos de muito trabalho, tivemos a chance de ser a banda de suporte de um grupo lendário, que foi uma grande influência pra mim.
O quanto você acha que a banda adquiriu de experiência estando esses meses na estrada?
Dani Nolden: Nós sempre amadurecemos muito durante turnês longas, o número de shows seguidos e a falta de descanso nos força a manter o foco o tempo todo. O nível da apresentação sempre se eleva por conta das nossas autoavaliações diárias. É claro que sempre procuramos ficar cada vez melhores após cada show, mas quando eles são seguidos assim, você tem a chance de aplicar a mudança imediatamente e vê o resultado logo no dia seguinte. Ficamos muito mais confiantes, pois estávamos sendo colocados à prova todos os dias. Alguns fãs já nos conheciam, mas é claro que a maior parte do público presente não tinha ideia do que era Shadowside e nos submetemos ao julgamento deles… Todos os dias tínhamos a missão de convencer aqueles fãs em pouco mais de meia hora de apresentação, precisa de uma boa dose de sangue frio pra manter o controle e não desenvolver um medo de palco (risos).
Ser banda de abertura faz parte do processo de crescimento de uma banda. Acha que conquistaram muitos novos fãs pela Europa?
Dani Nolden: Sim, sem dúvida! Temos mais pessoas interagindo conosco nas redes sociais, muita gente nos dizia nos ‘meet & greets’ que nunca haviam ouvido falar de Shadowside, que havíamos sido uma grata surpresa e que passariam a nos seguir daquele momento em diante. Eu acho que ser banda de abertura é parte fundamental no crescimento de um grupo, exposição é fundamental, ainda mais quando somos comparados diretamente a uma banda de sucesso, que é quem o público realmente está pagando para ver. É um desafio importantíssimo! Porém, sentimos que a turnê com o W.A.S.P. também foi importante. Muitas pessoas que assistiram aos nossos shows naquela excursão voltaram somente para nos prestigiar.
Em quais países você sentiu que a recepção para o Shadowside foi mais empolgante?
Dani Nolden: Os países do leste europeu são sempre incríveis, especialmente Bulgária e República Tcheca, onde nunca havíamos tocado antes, e lugares que já não eram mais estranhos para nós, como Polônia, onde sabíamos o que esperar e o público realmente não deixou a desejar. Shows na Polônia são sempre dos mais insanos e animados, até os seguranças batem cabeça e acompanham com palmas quando pedimos interação do público, ninguém lá vai ao show para ficar parado! Porém, acho que o mais surpreendente foi a Suécia, que foi onde gravamos o álbum, mas nunca havíamos tocado lá e finalmente tivemos a oportunidade de fazer uma apresentação no país. Eu esperava uma reação mais contida, como geralmente acontece nos países escandinavos, mas o público foi muito animado, talvez porque nossos produtores são de lá e eles nos aguardavam, não sei dizer… Mas foi interessante encontrar um brasileiro no ‘meet & greet’ de Gotemburgo e ouví-lo falar: ‘Caras, vocês levantaram os suecos! Vocês não imaginam como isso é difícil!’ Nem preciso dizer como ficamos felizes, né? (risos)
Qual o tamanho da emoção do show de Paris?
Dani Nolden: Tocar no palco do Olympia foi algo indescritível. Toda a casa tem uma aura impressionante: a estrutura é incrível, luxuosa e parece que ela guarda um pouquinho da alma de cada um dos artistas que já estiveram por lá, gente como Janis Joplin, Beatles, Jimi Hendrix, Rolling Stones e os brasileiros Elis Regina e Tom Jobim. Fora que fomos a primeira banda de Heavy Metal do Brasil a tocar no Olympia. Considero esse show como um dos grandes marcos da minha carreira e da carreira da banda, e o público apenas abrilhantou o momento ainda mais para nós. Foi uma das cidades mais calorosas de toda a turnê.
Vocês retornam ao Brasil e fazem um show muito especial em São Paulo. Fale sobre essa apresentação.
Dani Nolden: Será, sem dúvida alguma, o show mais impactante que o Shadowside já fez em toda a carreira! Faremos uma produção de nível internacional no Via Marquês, uma casa com uma estrutura excelente, e o set list será mais que especial. Vamos apresentar músicas que não tocamos há anos, além de tocar o álbum Inner Monster Out praticamente inteiro. Vamos abranger todos os nossos discos, afinal é nosso primeiro show como ‘headliner’ na capital, e ainda temos uma surpresa preparada junto com os nossos amigos do Suprema, que também tocarão no evento.
Estamos lançando uma edição especial de quinze anos totalmente voltada ao Metal nacional. Qual a sensação de ter um álbum do Shadowside (Inner Monster Out) entre os 60 grandes álbuns do Metal nacional nessa edição?
Dani Nolden: Foi uma surpresa enorme quando eu soube! Me sinto honrada em fazer parte dessa lista! Muitos dos álbuns que estão nessa seleção fizeram parte da minha formação musical, muitos foram referência para mim quando estava começando, então é maravilhoso saber que, de alguma forma, fazemos parte da história do Metal brasileiro ao lado de bandas que eu admiro!